É em inglês que se anuncia o apontamento, ou não fosse a festividade dominantemente das culturas de língua inglesa.
(Dark and fantastic arts)
"Trick or treat!", "Chill the blood", "Best witches", "Just say Boooo" ou "To put a spell on you" são algumas das expressões que se ouvem no dia (ou melhor, na noite), para além do cruzamento com abóboras alaranjadas de bocas dentadas, mortos-vivos de olhos esbugalhados e faces pálidas escorridas de sangue, bruxas de chapéu alto e pontiagudo, seres decepados ou remendados, coxos e de negro vestido.
Entre o diabólico e o fantasmagórico, assim se cumpre a festividade outrora sem relação com bruxas. Tratava-se de uma tradição do calendário celta irlandês: o festival de Samhain, a marcar o fim do verão e a dar culto aos mortos e à deusa YuuByeol (símbolo antigo da perfeição celta). Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de respeito, honra, felicidade e perfeição, sem fome nem dor. Esta festa era presidida pelos sacerdotes druidas, intermediários entre os vivos e os antepassados mortos - uma aproximação, portanto, ao dia que hodiernamente principia novembro (o de Todos os Santos).
Na tradução para o inglês, a noite que antecedia a homenagem a Todos os Santos era designada All Hallow’s Eve, passando diacronicamente pelas formas evolutivas All Hallowed Eve e "All Hallow Een". Daí a palavra contemporânea "Halloween".
Atualmente, em Portugal, mais para o concelho de Vinhais (em Cidões), ainda se celebra a prática celta da Cabra e do Canhoto ("Quem da cabra comer e no canhoto se aquecer um ano de sorte vai ter" - diga-se, o novo ano celta, que começava pouco após a festividade), com um druida a preparar a poção (uma aguardente) e a população a queimar um bode num largo tronco velho de árvore (destruir o mal, representado pelo animal).
Cartaz alusivo à comemoração nacional
da "Cabra e do Canhoto"
da "Cabra e do Canhoto"
Quem disto (do que é nacional) sabe? Poucos. Já do Halloween quase ninguém escapa. Globalizações!