Em feriado celebrado em pleno domingo (coisa tão escusada!), os discursos são velhos, as ideias estão gastas, o tempo vai apagando as conquistas e os ideais estão enevoada e silenciosamente em crise. Sinais de algum desmaio...
Não desmerecendo o exemplo que muitos deram neste dia, em 1974, 36 anos depois as palavras de Sophia mantêm o sentido que a actualidade impõe:
"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo."
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo."
(in O Nome das Coisas, 1977)
Nessa madrugada já distante, conquistou-se a liberdade, desde aí também ameaçada. Hoje, entre silêncios que se geram, injustiças criadas e defendidas, precariedade e desequilíbrios socialmente desgastantes, orientações políticas inconsistentes e pautadas por constantes e sucessivos dissensos, resta sempre a hipótese de dar voz ao descontentamento... muitas vezes qual farinha colocada em saco roto. A sensação de esgotamento faz-se sentir e um sentido de vazio cresce. É preciso que a noite saiba que tem de dar lugar ao dia.
Peço um café.
Dão-me um pacote de açúcar (fica para reanimar o Dia da Liberdade).
Leio a pergunta registada no pacote (à direita).
Apetece-me dizer: Há!
Ver uma multidão de pessoas com vontade de ser verdadeira e de lutar por uma liberdade socialmente valorizadora, limpa, empenhada na construção de uma sociedade mais justa e solidária, menos iludida e ilusória. Talvez assim fosse possível 'Desenvolver' (já que de 'Democratizar' e 'Descolonizar' se evidenciou alguma coisa com a Revolução dos Cravos). Isto porque quero acreditar que isto não seja impossível nem falso.
... e eu preciso de café.
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