sábado, 16 de outubro de 2021

Se eu quiser falar com Deus

       Um cenário, uma hipótese cheia de condições.

       Assim o compôs Gilberto Gil, nessa melodia que figura em "Luar (A Gente Precisa Ver o Luar)", de 1981, mas que, já um ano antes, era apresentada já num programa televisivo brasileiro: 'Fantástico':

Excerto vídeo relativo ao programa televisivo "Fantástico"

SE EU QUISER FALAR COM DEUS

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz

Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios

Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou

Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho

Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar

Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

    Com uma carreira musical iniciada nos finais dos anos cinquenta (1959), o cantor, compositor, instrumentista, e também político brasileiro (foi ministro da Cultura no seu país, entre 2003 e 2008), é reconhecido pela sua contribuição na música popular brasileira, contando já na sua carreira prémios como os "Grammy Awards - Best Contemporary World Music Album" (1998, com o disco 'Eletracústico') e o de "Best World Music Album" (2005, com "Quanta Live"), mais o "Grammy Latino" (em 2001 e 2002, pelas raízes criadas na música brasileira).

      Em 1999, foi nomeado "Artista pela Paz", pela UNESCO - motivo mais do que justo para ser uma referência mundial.

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