A realidade será a mesma? A forma de ler é bem distinta.
No dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, partilho um texto daquele que é hoje celebrado - poeta com feriado no calendário, reconhecido como um dos três universais, homem de armas e das letras (conforme o ideal renascentista). Trata-se de uma trova que admite leitura dupla:
Trova camoniana "[Vós] sois ũa dama" - entre o horrível e o perfeito.
Da negação para a negatividade do retrato (leitura vertical) à negação para a afirmação da beleza (numa espécie de lítotes, na leitura horizontal), parece que a base de inspiração é bem contrastiva. Dama é por tratamento, por mais ficcionada que seja.
Seja na linha do jogo poético trovadoresco do "Ai, dona fea, foste-vos queixar" (Joam Garcia de Guilhade) seja no da construção da imagem perfeita da mulher, compôs o poeta texto aberto a leitura duplicada, conforme arranjo gráfico em colunas (e sem os sinais de pontuação) o permite.
Perdoe Camões este abuso nas suas rimas, mas são tempos em que o jogo poético se desconstrói na redescoberta de leituras dos versos, em interação com outros poemas - uma forma de lembrar o escritor numa rede de aproximações com a escrita criativa (do próprio e de outros que nele se revejam).
Perdoe Camões este abuso nas suas rimas, mas são tempos em que o jogo poético se desconstrói na redescoberta de leituras dos versos, em interação com outros poemas - uma forma de lembrar o escritor numa rede de aproximações com a escrita criativa (do próprio e de outros que nele se revejam).
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