Voltemos às dúvidas, que andavam um tanto arredadas deste espaço (como dizem os meus alunos, "Professor, tenho uma dúvida!"; e eu respondo "Felicidade a tua, pois eu tenho muitas!").
Q: Partindo do exemplo "Quando chegar a casa, vou estudar", tenho lido em vários sítios que o verbo 'chegar' ora está no infinitivo ora está no futuro do conjuntivo. É indiferente esta classificação? Posso aceitar qualquer uma delas? Na verdade a terminação parece ser a do infinitivo. Como posso explicar a diferença?
R: No exemplo que me dá, vejo o infinitivo na forma do verbo 'estudar', na medida em que o complexo verbal associado ao futuro próximo ("vou estudar") se configura do seguinte modo: 'verbo auxiliar + verbo principal (infinitivo)'.
Já quanto ao verbo 'chegar', apesar da aparente semelhança formal (em termos morfológicos) entre futuro do conjuntivo e infinitivo, chega-se à classificação de futuro do conjuntivo pelo seguinte raciocínio: numa eventual manipulação / transformação da frase, seria possível ver a co-ocorrência de 'quando' com verbos que admitem a forma do futuro do conjuntivo e não a de infinitivo. Assim, seria possível ter "Quando estiver em casa vou estudar" e não "*Quando estar em casa vou estudar".
Construam-se ainda frases que tenham o articulador 'quando' seguido dos verbos 'fazer', 'dizer', 'trazer', 'querer', 'ter', 'pôr', 'poder', e seguramente não serão estas formas infinitivas que aparecerão; serão utilizadas as que correspondem ao futuro do conjuntivo (como é o caso de 'fizer', 'disser', 'trouxer', 'quiser', 'tiver', 'puser', 'puder', respectivamente).
Ora cá está um exemplo de como a morfossintaxe, além de alguns contributos de ordem semântica, pode marcar diferença no modo de ver a forma das palavras.