Se, por definição, as nuvens são acumulados visíveis de partículas diminutas de gelo ou água no seu estado líquido, ou a mistura simultânea de ambas, capto-as em foto para ver que o mar começa onde a nuvem acaba. Assim se faz um oceano: com aquilo que a nuvem dá. Por isso, esta, suspensa na atmosfera, após condensação, ou liquefeita, segundo fenómenos atmosféricos, é uma extensão dos tons do mar:
Areal de Bocamar, espraiado entre dunas, nuvens e oceano - I (foto VO)
Areal de Bocamar, espraiado entre dunas, nuvens e oceano - II (foto VO)
Em "Mar Português", Pessoa escreveu que "Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu." Por vezes, o espelho fica baço, sem o brilho que lhe é próprio. Ainda assim, seduz, por essa amplidão que, do mar ao ar, se pinta de algodão, de flocos a esvoaçar até que as cores do perigo e do abismo se insinuam. Altivos, densos e escuros, lá estão eles a impressionar, num sinal do desconcerto e desarranjo do universo, onde parece ver-se ondas no ar ou um mar de nuvens.
Ao longo do percurso pelo passadiço, vive-se um final de tarde bem outoniço.
Bonito mas inóspito esse mar de proximidade quase contígua entre nuvens e a força da água. Imagino o vento fresco e salgado que envolve os raros caminhantes e a tristeza do dia se as nuvens resolvem abraçar-se umas nas outras. A beleza tem muitas faces.
ResponderEliminarGarantidamente, um vento fresco! E quando é nortada... nem é preciso ter as cores da foto. É deveras desagradável, nomeadamente quando os pequenos grãos de areia voam a picar o corpo.!
ResponderEliminarObrigado.
Cumprimentos