Na qualidade da oratória, da palavra dita, (ou como o verbo fez a diferença)!
Hoje, cerca de duzentos alunos puderam experimentar a força do verbo, da palavra, um pouco à semelhança do que Vieira (o Payassu, ou Pai Grande, para os indígenas brasileiros) terá produzido, em S. Luís de Maranhão, a 13 de junho de 1654. Em dia de Santo António, nunca melhor exemplo: o de um português que, falando aos homens, por estes foi renegado e perseguido no século XIII. Não muito diferente de Vieira, no século XVII.
Pela Companhia de Teatro Lafontana, chegou esta adaptação do Sermão de Santo António, na encenação e representação de Marcelo Lafontana: um ator em andas, na posição superior que um púlpito lhe daria (caso o houvesse hoje, como no período barroco, para a arte prédica). Numa comunicação e interação plenas com o público, desvendou-se e transmitiu-se o texto vieirino no que tem de oralidade, tal como na sua génese. A Igreja da Anta, em Espinho, foi o local da dramatização - dir-se-ia o melhor espaço para os ouvintes, dispostos em anfiteatro, assistirem a um pregador, a um orador que, à semelhança de Vieira, procura o efeito acústico; a estratégia persuasiva transmitida pelo olhar, pelo gesto, pela sonoridade, pela entoação ora irónica ora séria; pela intensidade e pela versatilidade que a língua admite na sua realização oral.
O Sermão de Santo António, no seu furor e fúria, parte do conceito predicável bíblico "Vos estis sal terrae (Vós sois o sal da terra)"; glosa-o e cumpre a denúncia, a crítica de como a terra se encontra corrupta. Perante este dado, a argumentação surge, com os peixes a representarem alegoricamente as virtudes (louvadas) e os vícios (repreendidos) que, afinal, são os dos homens.
A dimensão paraverbal (dos gestos, da tonalidade da voz, dos movimentos no seio dos ouvintes) ressalta neste espetáculo performativo pluridisciplinar (numa fusão entre teatro e recursos multimédia).
Ao final de cerca de hora e meia de discurso, de sentido tão metafórica quanto alegoricamente intemporal, os "peixinhos" regressaram ao espaço escolar. Da palavra, do Verbo, trouxeram a mensagem que, no âmbito do verbal e do não verbal, se tornou plena, viva, mais natural aos sentidos visual e auditivo.
Pela Companhia de Teatro Lafontana, chegou esta adaptação do Sermão de Santo António, na encenação e representação de Marcelo Lafontana: um ator em andas, na posição superior que um púlpito lhe daria (caso o houvesse hoje, como no período barroco, para a arte prédica). Numa comunicação e interação plenas com o público, desvendou-se e transmitiu-se o texto vieirino no que tem de oralidade, tal como na sua génese. A Igreja da Anta, em Espinho, foi o local da dramatização - dir-se-ia o melhor espaço para os ouvintes, dispostos em anfiteatro, assistirem a um pregador, a um orador que, à semelhança de Vieira, procura o efeito acústico; a estratégia persuasiva transmitida pelo olhar, pelo gesto, pela sonoridade, pela entoação ora irónica ora séria; pela intensidade e pela versatilidade que a língua admite na sua realização oral.
"Exórdio" do Sermão de Santo António, de Padre António Vieira (pelo ator Marcelo Lafontana)
O Sermão de Santo António, no seu furor e fúria, parte do conceito predicável bíblico "Vos estis sal terrae (Vós sois o sal da terra)"; glosa-o e cumpre a denúncia, a crítica de como a terra se encontra corrupta. Perante este dado, a argumentação surge, com os peixes a representarem alegoricamente as virtudes (louvadas) e os vícios (repreendidos) que, afinal, são os dos homens.
A dimensão paraverbal (dos gestos, da tonalidade da voz, dos movimentos no seio dos ouvintes) ressalta neste espetáculo performativo pluridisciplinar (numa fusão entre teatro e recursos multimédia).
Ao final de cerca de hora e meia de discurso, de sentido tão metafórica quanto alegoricamente intemporal, os "peixinhos" regressaram ao espaço escolar. Da palavra, do Verbo, trouxeram a mensagem que, no âmbito do verbal e do não verbal, se tornou plena, viva, mais natural aos sentidos visual e auditivo.
Obrigada, Vítor!
ResponderEliminarVou utilizar nas aulas, referenciando, claro está, o autor do artigo de opinião.
Muito obrigado.
ResponderEliminarCumprimentos.
VO