quarta-feira, 6 de junho de 2007

(Mais uma) Dedicatória aos meus alunos

       Aos meus alunos do 9º5…

    ... merecedores de uma dedicatória sob a forma mais perfeita da literatura: UM SONETO


Se o ímpar se define pelo par,
É no todo que surge o singular.
Sem o céu, o que seria da ave?
Na música, soa o agudo e o grave!

As pedras, pela fé, se humanizaram…
Os Homens, afastados do diabo,
Esqueceram-se do mal e do pecado.
E assim os tempos se recriaram:

Com letras e números em abraço;
Com o choro a alimentar a alegria;
De céu, mar, terra e ar, feito compasso.

Sem outras estrelas, sem companhia,
Nesta viagem também de cansaços,
Não se ilumina a noite… nem o dia.

ESG, Junho 2007

     Esta é uma leitura da vida em sociedade que estais a ajudar a CONSTRUIR.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Dedicatória aos meus alunos

    Aos meus alunos do 9º4…

... merecedores de uma dedicatória, que nem Camões a fez a D. Sebastião, numa epopeia. A minha só aspira à forma mais perfeita da literatura: UM SONETO.




Poço com a escada iniciática
(Quinta da Regaleira, Sintra - Foto VO )

Subindo a escadaria desta vida,
por degraus que nos alteiam do chão,
liberta-se a vontade pressentida…
A idade e o saber pouco são,

sem o alimento desta paixão:
letras e números dando um abraço;
choro de dor, de alegria… confusão
para sentimentos tão em compasso;

o presente, no futuro, é passado;
na música, há agudos e graves;
sem o céu, o que seria das aves?!

Nesta reunião de tantos contrários,
Cada passo vosso derruba um muro…
Pela cor e pela luz de um mundo mais puro.

ESG, Junho 2007

     Esta é uma leitura da vida que estais a ajudar a CONSTRUIR.
    Seja este o lema da vossa existência, por algum tempo felizmente partilhada com a minha!


sábado, 2 de junho de 2007

Contas de um outro Rosário... feitas de amizade

     Para uma obra que me tocou, pelo que nela li e por quem a produziu. Porque as obras são de um homem e tanto elas como este são marcados pela diferença.

      “Muito se diz de boca e, quando ao pé dela se tem o coração, nem sempre há palavras que reflictam ou justifiquem os actos. Num tribunal, uma mulher grita pela inocência do marido, acusado de um crime. Leopoldo é peça nuclear na investigação deste facto narrativo. É no limiar da vivência desta personagem e da transposição por ela feita para a génese de um romance que muitas histórias se cruzam - fios de Ariadne que permitem ao leitor decifrar um labirinto romanesco composto por intrigas aparentemente desconexas; uma enfiada de acções e acontecimentos assente numa variedade de discursos, valores, dramas tão fictícios quanto reais; um jogo de tempos a todo o momento recriado e reconhecido; um desfile de personagens e experiências perspectivado pela tradição do velho sempre novo; uma referencialidade de espaços feita cenário para uma visão de fronteira a todo o tempo ultrapassada. Se com Carioca (personagem tão familiar mas não menos enigmática) se vislumbram as novidades de hoje como ditados de uma actualidade eterna, neste romance relêem-se discursos, histórias, dramas de um teatro da vida a desvelar por vozes, tempos e espaços rememoráveis.”
      Assim se lê no aparato crítico incluído na badana da capa de uma obra feita das palavras, dos actos e dos sentimentos que unem as pessoas na alegria e no sentido mais trágico da vida. Quis o destino que me aproximasse desta história; quis o espaço nela representado que eu mesmo o reencontrasse, num tempo bem distinto do da narrativa; quis um amigo que apresentasse o resultado cruzado entre algumas das suas memórias e o tom da ficção.
       Aqui fica o registo do início do romance:

    "Assalta-me o passado com a nitidez de imagens tão claras e tão reais como se assistisse à reposição de uma mesma cena pela milésima vez. A sala de audiências estava a estoirar de gente e havia mais de meia hora que o juiz, numa voz arrastada e monocórdica, lia os considerandos que haveriam de ditar a sentença. A meu lado, o cónego Luís cochilava e, de quando em quando, arregalava o olho esquerdo a perguntar se ainda demoraria muito. De súbito, um grito desesperado rompe aquele quase silêncio. Era o grito de uma mulher a quem condenavam o pai dos seus filhos:
     - Eu ainda conto tudo, eu juro que ainda conto tudo, que o meu homem está inocente!
    Instintivamente, Custódio voltou-se para trás e, acto contínuo, mergulhou a cara nas mãos para esconder da mulher alguma lágrima não contida.
     - O réu que se comporte com dignidade! – admoestou o juiz.
    O veredicto estava proferido.

    - O meu homem está inoceeeente! – grita a pobre mulher, esguedelhando-se com gestos bruscos e desordenados de mãos como gadanhas.
    Estarreci. De imediato, várias mulheres, na imediação, muito aflitas, acercaram-se dela com o propósito de a acalmar.
    - Por favor, conduzam essa mulher ao exterior – ordenou o juiz.
    O cónego Luís, desperto da letargia, com uma serenidade incomum, levanta-se e dirige-se ao magistrado, quando dois guardas do tribunal já se aprestavam a dar cumprimento à determinação:
    - Vossa Excelência, Meritíssimo Juiz, se me dá licença, eu próprio me encarrego de o fazer.
    Impávido, da sua figura, transparecia uma determinação estranha que se reflectia na cadência firme dos passos com que se dirigiu à infortunada criatura.
    - Vá lá, Rosalina, tem calma, ainda nada é definitivo. Lembra-te do que disse o advogado: haverá sempre a possibilidade de recorrer da sentença.
   -  Isto é tudo uma grande mentira, cónego Luís, isto é tudo uma grande mentira...
   -  Eu sei, filha, eu sei...
   -  O que é que sabe, cónego Luís? – perguntei eu, entretanto, que os seguira de perto até às colunatas, onde nos abrigámos da chuva que, entretanto, começara a cair abundantemente.
   - Contas de um outro rosário, Leopoldo, contas de um outro rosário."

     Desta minha apresentação, deixo aqui o texto proferido e dedicado ao Manel, a quem fico para sempre reconhecido pela oportunidade e pela honra que me foram concedidas.

terça-feira, 15 de maio de 2007

E a obra nasce...

         Foi hoje anunciada, caindo-me na caixa do correio virtual.

      Está a chegar o dia. Cerca de quinze dias nos separam do momento: no Auditório Municipal de Gondomar, pelas 21:30, darei a conhecer, ao público presente, o romance de Manuel Maria, intitulado Contas de um outro rosário.
          Capa e contracapa são hoje divulgadas; parte do meu texto de apresentação, também.

Capa e contracapa do romance Contas de um Outro Rosário (de Manuel Maria)

         Muito se conta nestas Contas... um livro que me agarrou pela história, pelos locais que recentemente visitei, pelas imagens recriadas e pelas leituras relembradas. Pelo amigo que o autor também é.

          Junho está a chegar e vai ser a minha vez de um romance apresentar.