terça-feira, 31 de outubro de 2023

Vai uma "ghost house"?

      Não se confunda com "guest house".

     O dia é de Halloween, mas não é feriado para ninguém (é de trabalho, trabalho,... e mais trabalho). Nem com feitiços isto lá vai! De bruxas, nada - já não as há como antigamente, que eram mais "descaradas", menos dissimuladas!
       Por isso, com "trick or treat", fiquemos pelo "treat" e uma "ghost house" (melhor, duas). Com a crise da habitação em Portugal, não há como explorar alternativas (que não prejudiquem).

"Ghost House": uma doçura de Halloween vinda diretamente da Pepim (Foto VO)

       Venha o chazinho (de limonete) e viva-se a "doçura" sem travessuras.
       Há quem veja neste dia o antípoda do seguinte:

Comparações falíveis, com dias sem luz, sem vida e sem o princípio da eternidade

       Antes fosse assim! A referencialidade histórica do dia de amanhã em nada se mostra positiva pelo que foi tragicamente vivido, corria o ano 1755 - um dia de má memória.

       Façamos nós os dias ou alguns momentos destes ao prazer de todos, porque, para tragédias, já basta as que existem no mundo e parecem não ter fim.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Dois anos depois

       Há quem lembre a obra feita.

       Uma grandiosa, outra inspirada e inspiradora, uma terceira que delas foi leitor.
       Correndo pelo Facebook, (re)encontro-me com o tempo e as lembranças:

Um apontamento do "Farol das Letras" no Facebook (com agradecimento ao MM)

       Passaram dois anos (quem diria!) de um dia feliz. Outros houve (os imediatamente anteriores) dedicados à leitura, à escrita e à amizade. Revejo o escrito, que resultou de um desafio enorme; que ousei aceitar e produzir, na senda de uma figura intelectual grandiosa, de uma profecia ansiada e da explicação de um império a realizar; que procurei fazer corresponder à confiança depositada e à consciência de uma responsabilidade assumida na força da fraterna amizade e identidade

       Na base, o pensamento e a obra de uma personalidade; no motivo, a ficção partilhada em espírito de fraternidade; na apresentação, um adjetivo exagerado (diria) para uma reconhecida e vivida realidade. Sem perdição.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Um pensador... com sangue português.

       Fecha-se a leitura de um romance de escrita nacional.

     Abre-se o conhecimento a uma personalidade seiscentista que os séculos teimam em não desvelar a larga escala. É ela a protagonista da narrativa, do início ao fim (da infância à morte).
      Assim termina o romance:

      "As ideias que deixara registadas em papel, as ideias que plantara no espírito de tantos e tantos homens, essas ideias ficariam, floresceriam, perdurariam e espalhar-se-iam por toda a humanidade. Ele morria, mas viveria nelas. Desaparecia como homem, é certo, mas o seu espírito eram as suas ideias, e se essas sobreviviam então ele de certo modo também sobreviveria, e o que era isso senão a verdadeira imortalidade?"

        Palavras para um denominador comum: Bento de Espinosa. 
      Criado na comunidade luso-judaica de Amsterdão, depois de a família ter abandonado Portugal pela ação da Inquisição, Espinosa veio a desenvolver ideias altamente controversas a respeito da autenticidade da Bíblia Hebraica e da natureza do Divino, podendo afirmar-se que foi um panteísta - tomou Deus pela natureza, não os diferenciando: "Se o mundo é regido por leis naturais e tudo o que ele contém é natural, então Deus é natural." (pág. 504)
       Eis um filósofo que José Rodrigues dos Santos nos dá a conhecer em O Segredo de Espinosa, obra ficcional narrativa, publicada neste ano de 2023 e inspirada em acontecimentos verídicos feitos de perseguição, de busca de verdade, de pensamento teológico, político e ético sustentado no racionalismo  do século XVII.

        Há um tanto de Espinosa no heterónimo pessoano Caeiro, o "guardador de rebanhos" que joga com o conceito do pensador. Também o primeiro o foi, enquanto um dos grandes filósofos de todos os tempos para o autor e jornalista português. Na opinião deste, três povos podem reclamar Espinosa como um dos seus maiores: o neerlandês, o judeu e o português.

sábado, 21 de outubro de 2023

Qual é maior?

    É o que dá caminhar.

    Encontram-se pormenores que importa registar. No dizer de alguns chega a fazer-se do longe perto, nessa vontade que é a de estar mais próximo do mar.

Duas capelas sobre rochedos e areais (Foto VO)

    Aqui está o "Senhor da Pedra" tão à mão que os olhos dizem estar "muito perfeitinho, até no tamanho."
    É assim a ilusão no que se vê e no que se diz.
    Dita a razão que não há qualquer confusão: o que se ouve (dizer) outros olhos não se deixam enganar. Lá longe, mais próximo do mar, há areia, rocha, pedra bem mais real, com tamanhos que não cabem numa maquete exposta pelo município junto dos transeuntes.

    Continue-se a caminhada, enquanto o parco sol deixa e a iminente chuva não se faz sentir.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

(Inter)Pessoal, local e nacional

     Começou o dia com uma saudação.

    A caminho de uma reunião de trabalho, após um café, cruzo-me com uma pessoa conhecida que me saúda com o generoso "Bom dia!" e a questão retórica (já que o andamento é apressado, sem espaço para haver resposta prolongada) "Como vai?"
   Saiu um "Vamos andando, obrigado", por um lado, a corresponder literalmente à situação (já que ambos os dialogantes continuam efetivamente em movimento, a passo largo, criando distância face ao que as breves palavras momentaneamente quiseram encurtar, sem grande sucesso); por outro, a cumprir uma resposta cortês e tradutora de um estado de alma, no momento, sem angústias nem euforias.
   Uns passos adiante, o discurso pessoal comungado, partilhado com a conterrânea revê-se, entretanto, no espaço público da praça:

Toca a levar o barco, na rede que a vida tece - I (Foto VO)

      E o que se lê a nível local, numa perspetiva outra, acaba por se expandir para o espírito nacional:

Toca a levar o barco, na rede que a vida tece - II (Foto VO)

      Nem bem nem mal! Às vezes melhor, outras vezes nem por isso.
    Sobrevivamos a cada dia, afastados das guerras mortíferas que o mundo tem. De outras não nos livramos, mas destas saibamos doseá-las com as forças do entendimento e, se possível, com respostas efetivas à resolução dos problemas, para que todos passemos da retórica à [comunic]ação prática.

    Terminou o dia com uma reflexão, procurando razão para novo acordar. Toca a descansar, que amanhã há mais vida para quem desperte do sono e se queira alimentar de sonho.

domingo, 8 de outubro de 2023

Escuridão... que não deixa ver!

       Diz-se torta, apesar de parecer estar "direitinha".

      Num jogo das palavras, algo se apresenta como escuro; porém, ou talvez por isso, não se dá a ver, não pela escuridão, mas por uma outra razão: a visão "viu-se" comprometida na grafia e na sua correção.

Uma torta "viu-se" negra (com agradecimento à HV, pela imagem)

       De volta à grafia com 'ss' e sua confusão com '-se'. Também não é com doçuras que se resolve o problema.
      Bastava colocar o texto na negativa ("não SE viu") ou fazê-lo anteceder de 'que' (QUE não SE viu") para se verificar que o pronome '-se' não aglutina ortograficamente à base do verbo.

      Convenhamos que há tortas que se tornam indigestas. Mais do que queimadas, tostadas ou escuras, cheiram a esturro quando a escrita a propósito delas, esta sim, se revela mais do que "torta".

sábado, 7 de outubro de 2023

Impérios de Guerra (que não são o quinto, definitiva e infelizmente)

      Após o início declarado de mais um conflito na Humanidade.

      A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta cerca de 9.700 civis mortos na Ucrânia desde a invasão russa há 21 meses. Hoje, dia 7 de outubro, dá-se mais um passo para repetir o apontamento numa outra guerra, já com muitas histórias e muita perda de vidas.
    A Guerra Israel - Hamas (re)iniciada tem contornos tão intensamente violentos que todos já deviam saber a História e ter aprendido a lição maior: poupar vidas, particularmente a do Homem comum (que somos todos)! Qualquer guerra, em qualquer tempo, ponto geográfico ou na base de qualquer credo (religioso ou outro), é o maior ladrão de vidas. E quem a promove, provoca, perpetra sabe-o, num altar de poder que não considera o sentido prático e comum do que é sofrer. Está(ão) aqui o(s) maior(es) ladrão(ões)

Império de Trevas (ou como o peixe grande e assombroso da guerra se alimenta dos mais pequenos)

      No capítulo V do Sermão do Bom Ladrão, proferido em 1655, na Misericórdia de Lisboa (quando o queria ter feito na Capela Real), Padre António Vieira lembra o seguinte:

    “Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: - Lá vão os ladrões grandes a enforcar os pequenos. - Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas! Quantas vezes se viu Roma ir a enforcar um ladrão, por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma província. E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?”  

      Nem quatrocentos anos (e pelos vistos não são muitos!) para se continuar a ler tão atuais palavras, que referem cadeias de ladrões tão diferentes e constantes no crime maior à Humanidade. A evolução, se a houve, parece ter ficado na subtileza do furto... que deu frutos. Se Adão se fez ladrão recebeu o inferno; mas há ladrões maiores que, por não serem ou não se acharem Adões, conseguem chegar ou andar pelo(s)paraíso(s) - para além dos fiscais, os de uma Terra que não é de todos (ou que será mais de uns do que de outros).
     Continuo com o exemplo inspirado(r) do “Pai Grande” - ou Payassu, como os índios o designavam -, dos primeiros a reconhecer um sentido de justiça argumentativamente apurado, também o valor da diferença, da tolerância entre os homens e no que os define; e ainda a defesa da miscigenação dos idiomas, numa legitimação tanto do culto "pulcro" como dos registos comuns do "belo" ou do "bonito", para não falar das sonoridades escutadas em todas as cores da sua ação missionária. A aproximação fazia-se também, então, a um Quinto Império (com um Papa "angelicus" e um imperador cristão), abraçando judeus, cristãos, muçulmanos numa espécie de paraíso, a construir em vida entre os homens e não a doutrinar como prémio a alcançar depois da morte (atualidade tão inquestionável).

       É preciso focar a causa e não o efeito. Tem de ser um português a relembrar tal, desde há séculos até ao presente, numa voz que recorde o valor do "abraço"? A cultura da paz é construção de valor difícil, quando devia ser escolha maior de todos os humanos, aproximando-os na comunicação, na comunhão, na união contra o que o ameaça (e não da perdição). Afinal, citando Steinbeck, toda a guerra é um sintoma do fracasso do homem (melhor, de alguns deles) enquanto ser pensante.
 

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Dia do Professor

     Em dia feriado, por razões republicanas, bem que o poderia (também) ser por outros motivos. 

     Somos país, língua e cultura a celebrar singularmente, com feriado, um poeta no calendário; lembrar (mais) um outro dia é o mínimo para quem está na base de formação de tantos profissionais importantes para o mundo e para a vida.
      São  muitas razões a celebrar:

Porque somos um entre muitos
Porque transportamos uma vida que comungamos
Porque nos aproximamos de quem (nos) procura
Porque exploramos possibilidades, oportunidades, modos de incluir
Porque repetimos, persistimos, insistimos
Porque (re)construímos e partilhamos conhecimentos tão diversos
Porque convocamos mundos para vários saberes do universo
Porque abrimos caminhos de (re)descoberta
Porque damos palavra a quem quer aprender
Porque testemunhamos empatia
Porque gerimos vontades
Porque inspiramos muitos, pelo saber e com o sabor dos afetos
Porque procuramos sorrisos em horas de angústia e desespero
Porque se faz da luta esperança, mesmo que não se instaure a mudança
Porque comunicamos o que nem sempre se quer ouvir
Porque vemos pontes a ligar margens e a superar obstáculos
Porque sonhamos e lidamos com os sonhos de tantos
Porque gostamos do que somos

Porque é o nosso dia

Porque somos professores

Um dia para lembrar e celebrar, por variadíssimas razões (imagem adaptada)

    Celebre-se a República (implantada), até o 25 de novembro (que alguém quer marcar como consolidação da democracia e da liberdade, na complementaridade do 25 de abril); brinde-se a quem faz anos em data tão relevante; lembre-se e festeje-se o Professor que, ao longo dos tempos e independentemente de regimes, tem feito, faz e fará a diferença na vida de todos. (Alguns o fizeram, e muito, em mim). Bom feriado.