terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quando o destino morre de repente...

     Ecos de um título para evocar o nome de Alves Redol, esse escritor neo-realista que no ano de 1911 nascia e cuja obra literária se estenderia para lá do ano de 1967 (com a peça de teatro O destino morreu de repente) e do ano da morte do autor (1969).

    Entre a novela "Drama na Selva" (1932), publicada no Notícias Ilustrado de Lisboa, o romance Gaibéus (1939) - designação para os camponeses que ceifavam o arroz na zona do Ribatejo - e o conto "Nasci com passaporte de turista" (1940), António Alves Redol marca o início da sua escrita entre a prosa e a dramaturgia, reconhecidas pela sua natureza empenhada com a questão social, o mundo do trabalho e o retrato de alguma da miséria humana que se fazia sentir numa época dominada por figuras como Hitler, na Alemanha, e Salazar, em Portugal.


Estátua do Mestre Lagoa Henriques,
na cidade natal do escritor (Vila Franca de Xira),
numa leitura de um autor desligado dos bens materiais
e empenhado numa obra de escrita simples;
de uma nudez própria de quem dá a conhecer o homem,
o seu corpo e o esforço despendido no trabalho.
É a postura de quem desafia,
com os sinais do inconformismo
que também marcaram o autor do conto "Tatuagem" (1950) -
essa gravação na pele, com a dor da miséria.

     Um homem para quem a arte era:

"... um brilho estranho que se alimenta de tudo.
E nela é raro o que se perde inteiramente.
A arte para todos precisa de ser amassada por muitos,
e cada qual com a sua inteira personalidade.
No mundo dos homens, nada se perde."


(entrevista publicada na revista Plateia, 10 de Dezembro de 1961)

     Lembro-me de ter lido Constantino, guardador de vacas e de sonhos (1962), requisitado numa biblioteca itinerante que, à sexta-feira, pelo fim da tarde, chegava ao largo de Custóias para todos aqueles que buscavam, na leitura, o prazer de uma semana. Um pequeno livro a retratar a infância ribatejana de meninos-homens de que Constantino é um exemplo: menino travesso, que experiencia a vergonha de não passar na terceira classe; trabalhador do campo, a viver com os pais e uma avó que lhe dá a conhecer o sentido da responsabilidade. Retrato e preocupações de uma época.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Sem palavras... com tudo para comunicar

     Chapéu de coco, bengala, calças largas e grandes sapatos, num andar com os pés abertos para cada lado. Um louco, um palhaço, um parvo de bigodinho estreito e com a inocência própria dos que acabam por lidar com a verdade e a sinceridade.
 

     Há 32 anos, a presença física do familiar Charlie Chaplin deixou de se fazer ver; hoje, o popular Charlot permanece como o vagabundo-herói com que muitos se identificaram na luta contra o mal e a injustiça.

«Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade.
Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura.
Sem essas virtudes, a vida será de violência
e tudo será perdido.»

     Data de 1936 um filme (o último em cinema mudo realizado pelo próprio actor) que reflecte muito destas palavras: Tempos Modernos. Uma crítica à industrialização na lógica organizacional taylorista e fordista. Uma reflexão sobre o poder da máquina, um pouco na lógica do que Vertov já havia feito, sete anos antes.


     Lembro-me de como, sem palavras, todo ele comunicava e fazia rir. Momentos de alegria em família, num tempo em que a televisão deixava ver o que parecia ser demasiada ficção. E tanto já tinha de realidade, na denúncia do que as máquinas acabam por nos fazer.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Por mais este Natal...

       Há quem diga que é das noites mais bonitas do ano.

      No escuro de uma noite chuvosa e fria, ao calor de uma lareira e à luz das lâmpadas de uma sala, bem como dos clarões intermitentes tanto do pinheiro como do presépio, uma mensagem nasceu:














Postal Doméstico - II
(Dezembro, 2009)
VO





Apagado o céu
que azulou o mar,
esfriado o tempo
que se olvidou do sol,
busca-se nova estrela
que ilumine a nossa esperança;
que nos guie até ao milagre.


Por cada ser humano
que noutro se queira achar,
em cada prato na mesa
que de manjares nos console,
renuncia-se à treva
que cada anoitecer lança;
que impeça que o nascer se consagre.


É tempo de recuperar o calor luminoso do Natal!

Gondomar

       Assim se cumpriu mais uma noite que, para alguns, terá o encanto de nenhuma outra; para outros, no frio do tempo, viver-se-á o gelo da solidão; para outros ainda será o momento que antecede um novo dia. Entre o encanto e o sofrimento, esta é mais uma noite... de Natal.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Se bem me lembro...

    Na Terceira, em 1901, nascia um homem voltado para o mundo, mente de uma insularidade ou açorianidade universais.


     O choro da criança nascida fez-se Canto Matinal (1916). Cresceu em Amor de Nunca Mais e Fala das Quatro Flores (1920), respectivamente expressão dramática e poética para quem viria a assumir-se como um autor e professor de Literatura atento à pluralidade (que engloba a contradição, o insólito e a renovação cíclica) e à novidade do mundo. Nem toda a noite a vida é um título para o ano de 1952, entre muitos outros que se lhe seguiram essencialmente na poesia e no romance.


      NOMEIO O MUNDO

Com medo de o perder nomeio o mundo,
Seus quantos e qualidades, seus objectos,
E assim durmo sonoro no profundo
Poço de astros anónimos e quietos.

Nomeei as coisas e fiquei contente:
Prendi a frase ao texto do universo.
Quem escuta ao meu peito ainda lá sente,
Em cada pausa e pulsação, um verso.
in O Verbo e a Morte (1959)


     A imagem televisiva de um homem que conversava, contava histórias e dizia poemas; que comunicava. Estas são algumas das memórias que ainda guardo de alguém também feito de humor e em constante diálogo (cheio de intensas emoções) com o telespectador.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ficam-me as sombras... das verdadeiras imagens

      Parece Platão e a teoria do conhecimento, inspirada no Mito da Caverna.

     Leves reminiscências do que não vi - o resultado da observação das primeiras fotos desse espectáculo que o InSkené-gTag levou a cabo no passado sábado, no Auditório Municipal de Gondomar.


        Cada vez fica mais a sensação de ter lamentavelmente perdido algo imperdível.



       A sombra de um Pessoa... de um Nininho escrevendo à sua Ofélia, num pequeno passo da representação de "Tudo em Pessoa(s) - Com sentido (ou consentido)":


    "Meu amorzinho, meu Bebé querido:
    São cerca de 4 horas da madrugada e acabo, apesar de ter todo o corpo dorido e a pedir repouso, de desistir definitivamente de dormir. Há três noites que isto me acontece, mas a noite de hoje, então, foi das mais horríveis que tenho passado em minha vida. Felizmente para ti, amorzinho, não podes imaginar. Não era só a angina, com a obrigação estúpida de cuspir de dois em dois minutos, que me tirava o sono. É que, sem ter febre, eu tinha delírio, sentia-me endoidecer, tinha vontade de gritar, de gemer em voz alta, de mil cousas disparatadas. (…) Estou cheio de frio, vou estender-me na cama para fingir que repouso. Não sei quando te mandarei esta carta ou se acrescentarei ainda mais alguma cousa.
   Ai, meu amor, meu Bébé, minha bonequinha, quem te tivesse aqui! Muitos, muitos, muitos, muitos, muitos beijos do teu, sempre teu
Fernando"

Carta de Fernando Pessoa a Ofélia, pelo Dia dos Namorados (19/02/1920)

       Restam-me as sombras... já que não posso nem pude ter acesso às imagens originais do dia da representação. Talvez quando for filósofo... ou poeta.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Regresso das dúvidas... entre a ortografia e a morfologia

      Já que tenho de ficar em clausura, que o faça com alguma utilidade (esperemos!).

     Passo a dar corpo virtual a um espaço de perguntas-respostas que, sem qualquer identificação de quem questiona, é genericamente identificado com alunos, colegas com quem trabalho diretamente, além de muitos outros que se têm cruzado comigo neste meu caminho profissional.

    Q: É possível defender-se a regra ortográfica, como li num manual, de que as palavras com os diminutivos '-inho' e '-ito' se escrevem com 'z'?

   R: Desconheço essa regra e suspeito que haja nela o cruzamento de elementos que não são necessariamente semelhantes nem estão no mesmo plano de análise. Sem exemplificação, não tenho possibilidade de exercer sentido crítico preciso sobre a afirmação proposta. Contudo, avanço com os seguintes cenários:
i) famoso > famosito
ii) vaidoso > vaidosinho; vaidosozinho / vaidosito; vaidosozito
iii) vaso > vasinho; vasito / vasozinho; vasozito
iv) bom > bonzinho / bonzito [ou bem > benzinho / benzito)
v) menino > menininho; meninozinho
vi) gosto > gostinho; gostozinho / gostito; gostozito
vii) papel > papelito; papelzito / papelinho; papelzinho
viii) gato > gatito; gatozito / gatinho; gatozinho
ix) livro > livrito; livrozito / livrinho; livrozinho
x) pijama > pijamita; pijamazito / pijaminha; pijamazinho
     Bastaria ler i), ii) e iii) para verificar como a regra citada não se aplica generalizadamente.
     Pela dupla possibilidade das derivadas em ii) e iii), v), vi) e vii), viii) a x), outros dados se antevêem.
    O par sufixal '-inho' / '-zinho' bem como o '-ito' / '-zito' apontam para regularidades morfológicas que podem ser traduzidas nas seguintes orientações gerais:
. enquanto os primeiros termos de cada par se associam a radicais (vaidos-> vaidosinho; gat-> gatito), os segundos fazem-no relativamente a palavras (gosto > gostozinho; gato > gatozito);
. nos primeiros casos, o índice temático da palavra derivada é o mesmo da derivante (livro > livrinho); já nos segundos, há um índice temático próprio relacionado com o género da base derivante (pijama > pijamazito, pijamazinho).
    Estas são orientações para se poder defender que '-inho' e '-zinho', ao contrário do que é defendido tradicionalmente, são sufixos distintos; o mesmo sucede com '-ito' e '-zito'. Mais ainda: 'z' não tem estatuto de consoante de ligação como muitas vezes se lê (a este propósito, consulte-se as páginas 958-961 da Gramática da Língua Portuguesa, coordenada pela Prof. Mira Mateus, da Caminho). Daí também alguma da imprecisão na regra mencionada.
      Acrescente-se o facto de a reduplicação dos sufixos poder ser tomada como indicador de diferenciação (um pinguinhozinho); para além deste dado, outros poderiam cruzar-se no estudo dos pares de sufixos em apreço, como os que se prendem com: a forma como termina a palavra derivante; a comparação da acentuação fónica das palavras derivantes face às derivadas por sufixação; os contrastes de género entre as palavras derivantes e as derivadas.

      Muito discutível é a regra partilhada, tal como muitas generalizações morfológicas e ortográficas que por aí grassam, muitas vezes em manuais escolares e/ou gramática ditas pedagógicas. Isto sem falar em casos muitas vezes encarados como resultantes de sufixação, nunca o podendo ser: nem sardinha vem de 'sard-' nem grande galo dará 'galão'.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Do acto ao facto

     Apresentação pública de uma nova associação recreativa e cultural em Gondomar - ou de como um acto de juventude se faz facto cultural.

      Dia in Skené, ou melhor, noite in Skené. E eu in kreváti.

      Muitos assistirão ao 'Tudo em Pessoa(s)';
      eu fico-me pela imaginação.
      O gosto de um palco vivido e contracenado no público não foi para mim.
      Espero que o seja para os que me apoiaram na loucura
      de partilhar uma recriação pessoana
      feita de muitos versos,
      feita de múltiplas vozes,
      feita de ensaiados gestos,
      feita de ousada representação.

      Tudo começará com o escuro...
      com uma melodia...


      com uma voz transcendente... entre muitas outras presentes...
      ... e os sentidos possíveis.

      Assim foi pensado o reencontro do público com Ofélia e Pessoa.
     Entre o lamento de não estar onde não posso e a convicção de que muitos darão vida a um sonho, fica o desejo de que este nascimento seja mais um sinal da esperança ambicionada.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cheguei ao fim... de Caim.

   Em contexto de gripe, medicação, tosse, febre e voz roufenha, o tempo impôs-se-me, sem qualquer possibilidade de o controlar ou gerir. Rendo-me a ele, dando tempo ao tempo... e à leitura.

    Foi então que concluí a leitura de Caim, de Saramago.

Imagens de Francisco de Holanda (pintor e humanista português)

    Tempo para perguntar: que diabo de Homem é este que, para enaltecer uns, desconsidera e despreza outros? Não fora esta atitude, tudo seria tão diferente!
      Jogando com o significado etimológico da palavra que dá nome à personagem principal (aquela a partir da qual se constrói o ponto de vista ou a focalização narrativa), Caim é uma obra que "lança" uma visão alternativa aos mitos, às histórias, à Bíblia. Uma reflexão sobre a condição e os limites divinos, sobre o Homem e a relação deste com o transcendente, bem como a visão que ele tem acerca da sua herança cultural e religiosa: entre a aceitação tácita e a interrogação instauradora do desafio de novas leituras, de novas perspetivas, de novas percepções.
    Na linha de outros romances do autor, é a visão dos derrotados, dos submissos, dos oprimidos, dos preteridos que se impõe - a daquele que se assume como alternativa aos eleitos, ao dogma, ao discurso oficial.
    O preterido de Deus consciencializa-se das alternativas criativas - "O lugar é o mesmo, mas o presente mudou" (Cap. 9 - pág. 115) -, na sua errância feita de muita questionação e problematização humanas. Daí que se leia, no capítulo 10, que "Caim não sabe onde se encontra, não percebe se o jumento o estará levando por uma das tantas vias do passado ou por algum estreito carreiro do futuro, ou se, simplesmente, vai andando por um qualquer outro presente que ainda não se deu a conhecer." (pág. 129). E quando reconhece que "Vi coisas que ainda não aconteceram" (pág. 134) ou que o "amanhã era agora" (ibidem), sublinha-se novamente o poder que o homem exerce sobre o mundo e a própria linguagem.
    Renovado agradecimento à VS, por uma prenda polémica que apreciei ler e que, novamente, não me prendeu pelo mediatismo que lhe foi dado, mas pelo que se me deu a ver.

     Mais uma obra de um autor que não escreve para agradar nem para desagradar: apenas para desassossegar, naquilo que tem de inconformismo face ao que nos querem fazer crer.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O poeta do fado e das canções

    Nasceu, no ano de 1937, o vendedor e técnico publicitário que se fez poeta do fado e da canção.

    O também conhecido poeta do "canto livre perseguido" auto-retratou-se da seguinte forma:

Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos 
bom artesão na arte da proveta 
narciso de lombardas e repolhos. 

Cozido à portuguesa mais as carnes 
suculentas da auto-importância 
com toicinho e talento ambas partes 
do meu caldo entornado na infância. 

Nos olhos uma folha de hortelã 
que é verde como a esperança que amanhã 
amanheça de vez a desventura. 

Poeta de combate disparate 
palavrão de machão no escaparate 
porém morrendo aos poucos de ternura.

    A morte, com 47 anos, não apagou o poder politicamente interventivo, socialmente empenhado numa acção cívica que não deixou de popularizar a poesia: "ser poeta é escolher as palavras que o povo merece". 
     
     Assim o dizia José Carlos Ary dos Santos.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Descobrir um amigo, descobrir vida

    Faz já alguns anos que fui ver o filme Finding Forrester (Descobrir Forrester), do realizador Gus Van Sant. Um daqueles bons filmes, pela história, pelos actores e pelos valores que perpassa (nomeadamente o da amizade e da lealdade levada até ao fim).

    Apenas um resumo me dera conta do encontro de um adolescente inteligente (Jamal Wallace) com um escritor escocês (William Forrester) que se isolara de todos, ao perder um irmão e ao ter sido galardoado com um prémio de reconhecido mérito literário. Dois exemplos de integração social a explorar, em diferentes sentidos.


      Do filme, entre outros, ficaram-me os seguintes passos, de um professor, para a escrita de ficção ou de ensaio:
- fazer o primeiro registo com emoção;
- reescrever com a cabeça (a razão);
- ter como chave primeira para a escrita o acto de escrever, não o de pensar.
     Depois, veio a reflexão em torno do poder e do saber (no caso, marcados pela paixão de ler e de escrever). E sempre houve os que se impuseram pela virtude e pela qualidade, não tanto pela sobranceria. Livres de preconceitos, haverá sempre a possibilidade de se reconhecer o que cada um de nós tem de bom; e de ver o que outros têm também, pelas diferenças que representam. A conjugação de esforços ajuda cada uma das partes da amizade.

    Um filme a não perder, e que uma amiga me permitiu rever; um exemplo de como temos muito a aprender uns com os outros: uns a integrarem-se de forma mais completa (corpo são em mente sã); outros a abandonar a reclusão em que se enfiaram, dando novas chances à confiança e à amizade, por mais curta que a vida seja ou por mais desaires que esta apresente.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sentido de oportunidade e actualidade!

     Começou hoje um novo ciclo de apresentação de trabalhos baseados no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.

     Orientados para a apresentação do capítulo I, a partir de um guião de trabalho explicitado há cerca de uma semana, um grupo de alunos abriu a sessão de hoje com um pequeno excerto retirado do seguinte registo (ao sexto minuto) :


        Foi dito: assim tudo começou.
      Deu-se início à apresentação e à funcionalidade do conceito predicável ("Vos estis sal terrae") para toda a obra em questão. Nele se apoiaram Cristo, Mateus, Santo António, Vieira; ouviram-no os apóstolos, os pregadores, os peixes (oriundos do mar e metáfora dos homens) e, de novo, os peixes (símbolo de um mar tão reconhecido e inspirador para o escritor e, novamente, metáfora de homens - desta feita colonos).
      Qual o arauto desta causa nos tempos que correm? E que ouvintes?

   Pensei eu: que sentido de oportunidade e de actualidade! Palavras sábias, para que se preservasse, e se preserve, a terra da corrupção. Falta saber se são os pregadores que falham ou se é a terra que não se deixa salgar. Um debate a travar em futura aula, com os olhos certamente voltados para o presente e na esperança de um futuro melhor.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Tudo em Pessoa(s)... com sentido (ou consentido)

    Falta pouco até ao dia 12, no Auditório Municipal de Gondomar, às 21:00.

    Por ora, há só o anúncio noticioso:


      E depois da notícia (feita de amanhãs), que fique a vontade.
       Numa adaptação às palavras de Saramago, em Caim, diria: "... nem sempre se pode ir direito aos fins, há que rodear..." (pág. 125); a propósito do que tudo isto será, acrescentaria: "... nunca o viste, não sabes quem ele é, mas, o que não se compreende é que não tenha poder suficiente para o impedir de ir aonde a sua vontade o leve e fazer o que entender" (idem) - eis como as palavras para falar de Deus e do Homem se ajustam ao desejo de que muitos compareçam a um evento e não tenham motivos de força maior para o perder.

     Aí, sim, virão as palavras e os actos, nas suas diferentes formas de expressão. Esperança e confirmação de sinais (já dados) com muitas vontades.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pessoa(s) para conhecer e (re)ler

     Balanço de escrita: um livro publicado. Não fora o título Mensagem a nota de um prenúncio, de um enigma por desvendar, fica toda uma vida plena de entidades e identidades, entre um tempo de infância por viver e a eternidade que sobrevive em qualquer leitor - um círculo de possíveis.

    74 anos nos separam dessa data que marca a morte física de um escritor que anunciou um "Supra-Camões", corroborou a utopia vieirina de um Quinto Império, reviu o mito sebastianista na construção do Encoberto.

O Encoberto em Pessoa, in "Mensagem", de Luís Vidal Lopes

    No exercício de construção fictícia, multiplica-se numa unidade que ecoa em diversas sensibilidades (a diversidade na unidade) - invenção para a produção de toda uma obra eivada de modernidade e de um modernismo ora feito de vanguarda ora tomado de pensamento clássico.

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Ricardo Reis

    Se de pessoa calada / afasta a tua morada, / De quem muito escreveu / e se deu a conhecer / não há como a ler / para qualquer (dos) Pessoa(s) entender.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A star was born...

      Em 1845: dia para uma estrela das letras portuguesas.


Caricatura em aquarela de Eça de Queirós (Lézio Júnior)

      Começa essa época que viria a marcar-se pela agitação intelectual e teria em Eça um dos seus mais significativos espíritos revolucionários. Folhetinista, romancista, "prosador bárbaro", jornalista, advogado e diplomata, é a escrita que hoje ainda lhe dá renome, num sentido de actualidade inquestionável.
        Em A Cidade e as Serras, editado em 1901 (postumamente, e após um ensaio feito com o conto "Civilização", datado de 1892), há profecias para um tempo e um homem muito actual, prenunciado num Zé Fernandes que admira a mesa de toilette de um Jacinto:

"As escovas, sobretudo, renovavam, cada dia, o meu regalo e o meu espanto - porque as havia largas como a roda maciça dum carro sabino; estreitas e mais recurvas que o alfange de um mouro; côncavas, em forma de telha aldeã; pontiagudas, em feitio de folha de hera; rijas que nem cerdas de javali; macias que nem penugem de rola! (...) E assim (...) permanecia este Príncipe [Jacinto] passando pêlos sobre o seu pêlo durante catorze minutos".

     Caso para dizer: o requinte de um autêntico metrossexual dos finais do século XIX (a avaliar pelo período de criação), ou de um "Vencido da Vida" à la Eça. Ora essa!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um calvário de peregrinos

     Em pleno dia de sol entalado entre dois dias chuvosos (qual dádiva divina), nova visita de estudo, com professores e alunos de 11º ano da ESG, pelas ruas do Porto.

    Eram cerca de 220 à procura dos sinais desse tempo barroco e de uma mentalidade que se plasmaram na arte prédica / sermonária de Padre António Vieira.

Torre dos Clérigos, arquitectada por Nicolau Nasoni,
com um nicho dedicado a S. Paulo no 1º andar.

Nas ruas e ruelas da cidade invicta
é bem visível uma arquitectura diferente,
marcada pelo tempo e pelo estilo
de uma mentalidade rebuscada,
em que a utilização da talha dourada,
dos azulejos e da policromia
revelam a vivacidade
e o dinamismo próprios
de uma sensibilidade barroca.

     Entre a Igreja de S. Francisco, a da Misericórdia, a de Santa Clara; a Sé do Porto; a Igreja de S. Lourenço - foram estas as cinco referências, entre as muitas da cidade, para uma manhã feita de peregrinos (quais carmelitas descalços e clarissas).

Pérola imperfeita, mas bela – tal como a cidade do Porto
Oculta está muita riqueza artística que é preciso redescobrir
Requinte na decoração e no pormenor
Talha dourada e azulejos abundantes: ouro sobre azul
Ostentação e saturação das sensações: festa dos sentidos

Barroco: embelezamento de espaços que são de todos
Arte e cultura significativas ainda no nosso século XXI
Renovação: entre o teatro da vida e a inevitabilidade da morte
Rococó, Maneirismo: afectação com todos os afectos
Ouro nas paredes das Igrejas: recolhimento talhado de exuberância
Criatividade nas artes - para a vida ser mais viva
Outrora de desequilíbrios, numa cidade que anseia ser mundo

Dos professores organizadores da visita

     Mais um tempo para alunos e professores sentirem que há muito mais vivências e mundos do que aqueles de que se fala dentro de uma sala de aula.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Libertação e magia da palavra... recriada

       Estes os efeitos decorrentes do nascimento de um poeta há 79 anos.

Pintura de Maria Henriques

     Galardoado com o prémio Pessoa em 1994, Herberto Helder recusou o prémio. Entre a discrição e o registo da singularidade, a misantropia é traço de uma coerência que se rebusca na poesia, na escrita. O sinal disso mesmo se encontra na narrativa seguinte:

    A Teoria das Cores

      Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
     O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor — sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor. 
     Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose. Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
in Os Passos em Volta (1963)

      Fica assim a nota entre um surrealismo tardio e a expressão original da criação, própria de uma lente poética que desfragmenta aquilo que o leitor tem a (re)criar, numa redescoberta das linhas de um corpo que exteriorizam a veia inspiradora e produtora da obra literária.

Novas abordagens para velhos mitos

      Um filme que se vê...
   
      Este é o balanço do visionamento de 2012, sempre com a noção de que se trata de um "dejá vu".

  Trailer do filme de Roland Emmerich (2009)

     Para quem já viu 'The Day After', 'The Day After Tomorrow', 'The Independence Day' e outros do género, '2012' pouco traz de novo. É o regresso do mito do fim do mundo, ficcionalmente tomado por alguma esperança na humanidade (pena que esta seja vista sempre após um período de crise e de catástrofe).
     Registo, contudo, algumas notas:
. o ressurgir de um mito fértil na ficção dos tempos, desta feita sob a égide da leitura, da profecia, das premonições que a civilização Maia deixou à Humanidade;
. a retoma de motivos bíblicos (desta feita com a Arca de Noé, símbolo da preservação das espécies, e os tempos recuperados do dilúvio, no Velho Testamento), como sinal do renascer dos tempos ou marca romântica do eterno retorno;
. a recuperação do tópico de África como o continente-berço da humanidade (num renascimento da Humanidade e numa releitura 'up-to-date' do que seja o 'Cabo da Boa Esperança');
. a numeralogia a fazer das suas (21-12-2012), num jogo entre "Saltimbanco" (I), símbolo da origem das coisas e de um valor solar, e "Papisa" (II), símbolo do crescimento e do indefinido que se repete a partir da unidade; sem esquecer "A Imperatriz" (III), símbolo do sentido de comando e de acção numa iluminação benéfica ao espírito pela possibilidade de ensinamento (a força mental à disposição do ser), nem "O Papa" (V), poder espiritual e força de acção sobre o plano material (graças ao qual o poder material, físico se redime, salva, redefine);
. a glorificação dos tempos de esperança, de que este século de Obama parece ser sintoma, tanto na ufania do Nobel da Paz deste ano como na messianização ou no toque de esperança em que o primeiro presidente negro dos EUA tem vindo a ser envolvido... ou se tem vindo a envolver (basta ver quem são os bons da fita).

      Sem a espectacularidade ou a novidade dos antecessores no género, com algum registo de cómico nas situações visionadas no seio da catástrofe, este é mais um filme para encher algumas salas de cinema.

domingo, 15 de novembro de 2009

Nada é por acaso...

    Depois do dia de ontem, o de hoje faz-me (re)encontrar uma pequena história infantil...

    Já me havia cruzado com este pequeno filme.


      A Gabriela voltou a colocá-lo diante dos meus olhos (o que lhe agradeço).
      Lembrei-me então: a Isaura diria que este filme não surgiu hoje por acaso; a Dulce relembraria nele a portentosa Pandora (que, apesar de alguma nota negativa, apenas é chamada para aqui pelo que tem de bom... nomeadamente, a esperança que ainda deixou no interior da caixa - pode ser que a tampa não esteja bem fechada!); a Dolores sublinharia, na flor, a nota de esperança que serena e ilumina o nosso curso, por vezes feito de meandros; a Maria José já estaria com a mão na massa, a fazer deste mundo um jardim com muitas mais flores; o Matias levar-nos-ia a acreditar que é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa; a Ana Catarino traria a água para regar a flor, nem que tivesse de a ir buscar ao fim do mundo entre os dedos e a palma da mão; o Manel, no palco da vida, aplaudir-nos-ia por achar que somos sempre os maiores e que nem precisamos de grandes ensaios para desempenhar o nosso papel. Isto só para falar de alguns...

    Nisto, fica-me a pergunta de Saramago: "E se as histórias para crianças fossem de leitura obrigatória para os adultos?" Em dia triste e melancólico, de uma chuva tirada a vento, faz bem lembrar que há amigos (A Flor Mais Grande do Mundo) na "Aquarela" da vida e da(s) família(s) que vamos tendo. 

sábado, 14 de novembro de 2009

Um livro... muitos (re)encontros

       Uma tarde feita de histórias, de memórias e de (re)encontros...

       Assim foi, na Biblioteca Pública de Gondomar, a apresentação do livro da Maria Clara Miguel: Isaurinha ou Zazá, para os amigos.
    Uma sala cheia para ouvir a apresentação da Dulce Raquel, entre a musicalidade de um texto a rimar e a singeleza de uma canção a dar vontade de cantar - ingredientes para um clima de afectos que a Dolores Garrido muito bem soube ler nas histórias que configuram "viagens-pontes para uma solidariedade universal" (contracapa).
      Eis o que se pode ler nas Histórias para Lermos Juntos: convite à leitura dos sinais de um mundo de ficção, possível e real, porque feito da existência de todos os que se cruzaram com uma autora que é 'Maria', que gostaria de ter o nome 'Clara' e que vê em Torga um poeta de eleição... ainda por cima com o nome Miguel (de uma sonoridade feliz, tal como tantos outros nomes terminados com a letra '-l').

     Muitos foram os que se reviram nas palavras da autora; tantas as situações e as pessoas revis(i)ta(da)s pelas experiências que a vida deu e (nos) juntou... e lá esteve sempre a Isaura a captá-las, transformando-as, como Maria Clara Miguel, num mundo de encantar, com muita cor - tipo aquarela.


AQUARELA
Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis rectas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva norte e sul
Vou com ela viajando o Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco à vela branco navegando é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E se a gente quiser... Ele vai pousar.

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia em fim
Descolorirá....
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo ... (que descolorirá)
E com cinco ou seis retas é facil fazer um castelo ... (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá).

      Com tardes destas, dá para ignorar algumas das agruras, das noites desta vida. E, assim, a Isaura nos convence de que os sorrisos são o sol; um sinal do sonho, do mundo das crianças que, por vezes, esquecemos (ou alguém procura fazer esquecer) que ainda existe em nós. Por isso, um grande obrigado para ela e para todos os que a ajudaram a criar.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dúvidas e complexidades...

     Dúvidas consentidas, e com sentido, na sequência de alguma formação e discussão...

    Q: Na frase «Eu estou aqui, no entanto o João não me vê», para mim este «no entanto» é uma locução coordenativa adversativa. Mas eu posso dizer: «Eu estou aqui, o João, no entanto, não me vê». Ora segundo o DT, na frase «Está frio. O João, contudo, vestiu uns calções», «contudo» é um advérbio conectivo. Dou de barato que o seja. Mas na frase anterior, onde não há ponto final, mas vírgula, «no entanto» é ou não locução c. adversativa? E se não é, como diabo se classificam as duas orações?

    R: Começo por indicar que a conjunção é uma classe de palavras que introduz um constituinte ou uma oração coordenada ou subordinada.
     Na primeira frase proposta, esteja 'mas', esteja 'contudo', esteja 'todavia', esteja ainda 'porém', não deixa de haver uma funcionalidade equivalente a 'no entanto' (conectores coordenativos adversativos): a marcação de uma lógica de contraste que introduz uma oração coordenada. Reconhece-se, formalmente, alguma distinção entre conjunções e advérbios conectivos, considerando que as primeiras
       (i) ocupam a posição inicial ou de introdução do termo coordenado (sem possibilidade de deslocação no termo coordenado);
            (ii) co-ocorrem com outros conectores.
       A nível do ensino básico, creio que estamos focalizadamente preocupados com conjunções / locuções conjuncionais ao nível da construção complexa das frases, por um lado; por outro lado, e progressivamente, vamos alargando para uma dimensão textual e discursiva, cuja funcionalidade não é tão limitativa (apontando para um âmbito mais próximo dos advérbios conectivos). Neste sentido, o 'mas' é a conjunção prototípica da coordenação adversativa; 'contudo', 'todavia', 'porém' também o podem ser, quando se comportam da mesma forma que 'mas'. Registam-se, ainda assim, outras realizações em que o comportamento discursivo destes conectores adquire um sentido semântico-pragmático associado a operações de reforço, reformulação, regulação conversacional, enfatização ou marcação fática. Daí, poderem ser encontrados a par das conjunções prototípicas ('O Pedro estudou muito, mas, no entanto, não conseguiu ter um bom resultado no teste'). Assim, aqueles já não assumem prioritariamente a função de coordenar (assegurada pelas conjunções); tomam-se, antes, por marcadores discursivos, instruções semântico-pragmáticas que exploram efeitos discursivos e /ou orientam processos de interpretação (sem classificação em termos de sintaxe).
      Procurando ultrapassar esta especificação, algo complexa para os nossos alunos, tendo nas minhas aulas a utilizar um termo mais genérico: o de conector. Seja na composição das frases seja com a funcionalidade pragmático-discursiva, prevalece o sentido comum de articular, conectar, ligar segmentos, sequências relevantes para a oralidade e/ou para o escrito (opção, aliás, consentânea com as competências orais e escritas do Inglês - que sistematicamente fala de 'conectors' - bem como do Francês - que convoca os 'connecteurs'), tanto ao nível da frase como do discurso. Trataria, portanto, de não confundir dois níveis de análise, com objectivos distintos. 
    No caso dos advérbios conectivos, não se trata tanto da composição de frases complexas (coordenadas); o que está em questão é uma conexão de natureza mais discursivo-pragmática.

        ... porque há níveis de análise e níveis de abordagem que, no contexto de ensino-aprendizagem do básico, não devem ser tão especializados e/ou específicos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Moralidades

      Nada podia ser mais coerente.

      Depois do 'post' de ontem, o de hoje faz todo o sentido, até pelo protagonista (aquele a quem se pede a Terra emprestada).


       Palavra de agradecimento a um amigo que vai dando a conhecer mensagens de moralidade e reflexão humanas mais do que actuais.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Como ficamos nós?

    Não pelo facto de o homem já cá não estar (o que sempre foi motivo para dar maior importância e reconhecimento); sim por aquilo a que deu voz.

    Mais do que julgar a tradução, a observação do vídeo basta para relevar o que é prioritário. Caso para perguntar como é que ficamos com estas imagens, com esta letra e com esta música.



    Tanto grito, tanto choro, tanto lamento, tanta pergunta para uma grande razão de ser.
    Assim foi em 1996; assim continua a ser. (E saber que o single e o vídeo não foram lançados nos Estados Unidos da América! Shame on you!).

    Uma canção para todos nós que habitamos esta Terra (daí o título: Earth Song). Angustiante, se acreditarmos que "Não herdamos a Terra dos nossos pais; apenas a pedimos emprestada aos nossos filhos".