Perdoe-me o leitor por iniciar este apontamento (quase escrevia 'post') com um termo que, não estando dicionarizado, é o que me apetece escrever de momento, para reagir negativamente a algo que uma amiga me endereçou e para me referir à pretensa erudição de alguém que se encontrava a apresentar um livro, junto de um público tão sorridente, seleto e entusiasmado.
O orador lembrou(-se) de tanta coisa interessante! Contudo, esqueceu-se de distinguir duas palavras bem diferentes na língua: folhear e desfolhar.
Como diria o abade Remédios, "não havia necessidade"
(vídeo partilhado pela AC, com o devido agradecimento)
Diz o senhor apresentador que "desfolhava" (por duas vezes, uma delas ainda que involuntária) o livro. E, assim, só por milagre não destruiu o livro! Isto de tirar ou arrancar as folhas dos livros, das revistas ou dos jornais não está com nada, muito menos quando, pelos vistos, se cruzam tantas comparações de qualidade (no âmbito da arquitetura, história, música, culinária). Já a imagem de marca da apresentação não tem salvação possível.
Foi, portanto, um momento em ato de incultura linguística / lexical, no mínimo.Siga-se a dica esclarecedora, com imagem, para se aprender melhor.
Fico na expectativa de que a Livraria Lello não tenha uma baixa significativa no seu acervo bibliográfico, caso haja mais apresentações destas, com livros desfolhados. Protejam-nos! São um bem precioso, pelo saber que transmitem. Ninguém os deve desfolhar.
Folheemos os livros. Não há palimpsestos que resistam, nem intertextos ou intratextos, se persistirmos em os desfolhar.
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