segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pessoa(s) para conhecer e (re)ler

     Balanço de escrita: um livro publicado. Não fora o título Mensagem a nota de um prenúncio, de um enigma por desvendar, fica toda uma vida plena de entidades e identidades, entre um tempo de infância por viver e a eternidade que sobrevive em qualquer leitor - um círculo de possíveis.

    74 anos nos separam dessa data que marca a morte física de um escritor que anunciou um "Supra-Camões", corroborou a utopia vieirina de um Quinto Império, reviu o mito sebastianista na construção do Encoberto.

O Encoberto em Pessoa, in "Mensagem", de Luís Vidal Lopes

    No exercício de construção fictícia, multiplica-se numa unidade que ecoa em diversas sensibilidades (a diversidade na unidade) - invenção para a produção de toda uma obra eivada de modernidade e de um modernismo ora feito de vanguarda ora tomado de pensamento clássico.

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Ricardo Reis

    Se de pessoa calada / afasta a tua morada, / De quem muito escreveu / e se deu a conhecer / não há como a ler / para qualquer (dos) Pessoa(s) entender.

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