sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Fatalidades: do filme ao erro

       No pouco tempo de que disponho, deixei-me levar por um filme...

      Já não me lembro do título nem do canal televisivo que o difundiu - por certo um dos TVCine. Era um daqueles que apelam à simpatia por um casal que tudo faz para salvar a filha de uma doença fatídica e que, à última hora, vê um milagre acontecer. Antes assim, para o final feliz do enredo e dos espectadores que se reveem nos sinais de esperança.
        Felicidade, contudo, não existe quando se lê, nas legendas, o seguinte:

Legenda fatídica em filme de esperança (quanto à língua...!)

       É fatídica a confusão da grafia '-se' e da sequência 'V[ogal]sse'. Caso para dizer que não há crença que resista já ao pretérito imperfeito do conjuntivo, escrito com esta última sequência e não com a primeira (hifenizada). A construção "se não cresse" (à semelhança de outras: "se não acreditasse, se não fizesse, se não tivesse, se não fosse...") não tem qualquer hífen a separar a forma verbal de base da sua terminação com a amálgama do modo-tempo-pessoa-número.

    A felicidade (ficcional) da personagem não tem associação possível ao mal-estar (factual) do espectador que vê a língua tão erradamente tratada na sua grafia.

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