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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

A precisar de açúcar...

    Logo eu que o devo evitar!

    Olho para o pacote de açúcar (há-os com muita sabedoria) que me oferecem com o café e...


    Penso neste mundo que apela à paz e só cria guerras (Paciência!)
    Penso num tempo que se encurta a cada instante (Paciência!)
    Penso na maravilha que desilude, se revela sufocante (Paciência!)
    Penso nos lugares e nas pessoas que perdi, outras eras (Paciência!)
 
    Penso como aqui cheguei, em desassossego, sem querer (Paciência!)
    Penso na chuva que o céu dá e a terra quer, mas incomoda (Paciência!)
    Penso no dia que não chega para o tanto que há a fazer (Paciência!)
    Penso no fim de semana que está para chegar, mas demora (Paciência!)

    Penso naquilo que dizem que só que falta e que já é muito (Paciência!)
    Penso no urgente que anunciam com bastante antecedência (Paciência!)
    Penso nos muitos que são, num instante tornados poucos (Paciência!)
    Penso no prazer pensado, roubado por uma real iminência (Paciência!)

    Penso no sol que se foi e tornou as angústias mais frias (Paciência!)
    Penso na manhã cinza que anuncia noite rapidamente mais escura (Paciência!)
    Penso no cansaço sem o alento ou o tempo do merecido descanso (Paciência!)
    Penso na chávena que terá de multiplicar-se noutra, futura  (Paciência!)

    Penso no sorriso que vai disfarçar a o desgaste, a saturação (Paciência!)
    Penso na força que só vou encontrar nalguns, entre razão e coração (Paciência!)
    Penso que tenho de me despachar, pagar e no trabalho entrar (Paciência!)
   Penso que, no vaivém de tanta lida, terei apenas lembranças do mar (Paciência!)
    
     Depois de tanto pensar,...

    ... levo-o comigo porque preciso DELA (qual é a coisa, qual é ela, que até na foto parece desaparecer?)
      A precisar de me inspirar e de a inspirar (segundo o pacote).

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Pano-Pão-Planeta

      São três "Ps" para a vida.

    Na padaria e pastelaria 'Pão Pepim', em Espinho, foi experimentada uma receita de pão para a Semana Europeia dos Resíduos (18 a 26 de novembro).
     No decurso da semana, um pequeno gesto contribui para uma grande causa: um saco de pano faz a diferença.

Campanha da Pão Pepim e do Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira (foto VO)

      Hoje, depois de tomar um cafezinho, à hora do pagamento, os olhos pousam num "RollUp". Da grande mensagem ao pequeno pormenor, vê-se quem participa na causa.
    Lida a mensagem, levado o saco de pano, comprado o pão, fica o dever cumprido pela sustentabilidade do planeta.

      Leva-se o pano, compra-se o pão; alimenta-se o Homem, poupa-se (n)o planeta.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Umas traseiras de pouca cor

      Quem vai atrás vê / lê o que não deve.

     A publicidade é fraca, do negrume do transporte ao negro da mensagem - e logo a abrir com a primeira palavra:

Um negócio "muito escuro" (com agradecimento à CF, pela foto enviada)

       Isto de confundir a terminação da primeira pessoa do plural (Damos) com a construção pronominal da segunda ou da terceira, aglutinando o complemento direto com o indireto (Dá-mos), é caso para dizer que "na melhor pintura cai o borrão". Se o imperativo justifica a forma verbal pronominalizada na segunda pessoa ([Tu,] Dá-me os teus sapatos > [Tu,] Dá-mos) ou se o presente do indicativo traduz a constatação de um ato levado a cabo por terceiros (Ele /ela dá-me os resultados > Ele / ela dá-mos), a conjugação da primeira pessoa do plural não admite a separação da sua terminação ([Nós] Damos cor à sua casa!).

    Convenhamos que ficava bem uma pinturinha na viatura, para apagar o erro na porta traseira, que não augura bons negócios. Sempre era uma outra cor (sem erros).

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Publicidade para limpeza

      Ao chegar a casa, recolho a publicidade da caixa de correio.

      Um pequeno folheto anuncia limpezas e, ao lê-lo,...

Publicidade "pouco limpinha" (Foto VO)

    ... reparei no asseio demonstrado nos "Escritórios", eliminando-se indevidamente a acentuação na palavra. 
     Lá diz a gramática da nossa língua que as "falsas esdrúxulas", isto é, palavras terminadas com encontros vocálicos habitualmente proferidos em ditongo crescente (casos de 'ébrio', 'lítio', 'rádio', 'água', 'égua', 'armário', condomínio, 'secundário' e 'secretário', por exemplo), são graficamente acentuadas na sílaba mais intensa.

      Limpeza, sim, mas nem tanto!

sábado, 10 de dezembro de 2022

A propósito de mensagens

     Hoje alguém me escrevia, lembrando-se de mim e da "Carruagem 23".

     Não sei bem por que razão, quando a fonte de tudo é a "Amarguinha". 
    Esta publicidade do conhecido licor tradicional algarvio é do melhor na denúncia de erros que podem comprometer uma relação:

Publicidade inteligente I (com agradecimento à AMT, pela lembrança)

        Ora cá está um bom critério para selecionar quem seja namoradeiro: que fale e escreva bem e não leve ninguém ao inferno (sim, porque o Hades é rio que não leva a mar paradisíaco). 'Hás de' (e sem hífen) leva a melhor caminho.

Publicidade inteligente II (ainda com agradecimento à AMT, pela lembrança)

      Cá está a prova de que a beleza não é tudo! Pelo menos, há que ser giro e escrever bem - e mais vale a beleza do saber, pensando que o final da mensagem é bem revelador de que mais vale ser feio, sólido (e não líquido, a ponto de se beber) e escrever 'bebeste'.

Publicidade inteligente III (desta feita sem agradecimento, porque selecionada por mim)

    Nada contra ser "poli", ou outra coisa qualquer, desde que "o sono" e "a preguiça" sejam acompanhados de "a vontade" (pela regularidade sintática conveniente na coordenação) e o "permanente" (adjetivo) dê lugar, por exemplo, a "permanentemente": 'estar de férias' (quem não quer!) é expressão verbal cuja modificação está mais para um advérbio (com valor de modo, de tempo ou de lugar). 
      Digamos que, neste caso, a estratégia publicitária não resultou em pleno, na sua construção, porque isto de ter vários amores não pode fazer esquecer que a ortografia, a morfologia e a construção sintática são áreas muito exigentes no uso da língua e todas requerem muito cuidado e muita atenção.
      Conclusão: terá sido a lembrança por me acharem amargo (já que, de "Amarguinha", nem vê-la nem cheirá-la)?! Por me pensarem homem com muitas relações (estou mais para as ralações)?!
      Vamos lá levar a "carruagem" no trilho, antes de a fazer parar a meio do percurso ou a imobilizar na estação!

     "Errare humanum est" (errar é humano) já diziam os clássicos latinos. Acrescentaria "Perseverare autem diabolicum" (perseverar no erro é diabólico). Se a "Amarguinha" ajudar, ... (conclua-se o que não vou sequer ajuizar).

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Eis o poder da antonomásia

       Isto de pensar que a literatura é que tem figuras de estilo é um erro.

       Para não falar nos enunciados metafóricos que produzimos no dia-a-dia (como o 'jogar em casa / jogar fora'), ou os de natureza mais metonímica (como o 'beber um copo'), considere-se ainda os que revelam outra figura retórica: a antonomásia.
Publicidade com muita retórica e inteligência 
(imagem colhida do Facebook)
     Por definição, trata-se de uma figura retórica de pensamento que consiste em empregar um nome próprio como um nome comum, transmitindo a generalização de um predicado / propriedade / caraterística que pertence, por excelência, ao nome próprio, ou, inversamente, em utilizar um nome comum para designar um nome próprio. 
     O conhecimento enciclopédico-literário e cultural permite entender que “Tartufo”, por extensão, refere-se a um “hipócrita”; “Messalina”, a uma “mulher devassa”; inversamente, “o primeiro rei luso” designa “D. Afonso Henriques” ou "o Salvador do mundo", Cristo (para os crentes católicos cristãos, por certo). A antonomásia constitui-se, nesta medida, pela expressão ou pela manifestação próxima ao que é uma metonímia, sem esquecer a forma da perífrase (como nos dois últimos casos). Dizer que alguém me saiu cá um Sócrates é tomar o nome próprio por uma propriedade que 'nos sócrates desta vida' é, pela virtude, convocar o papel filosófico e as qualidades referenciais do saber e da sabedoria; pela ausência dela, relembram-se casos que não nos deram felicidade nenhuma nas más decisões políticas (aqui o Sócrates é já outro, no tempo, no espaço e no âmbito de ação!).
       É sabido como a publicidade recorre frequentemente a mecanismos linguísticos e retóricos capazes de causar impacto, efeitos pragmático-estilísticos que exploram a estranheza, o insólito, o saber partilhado, o jogo interpretativo desafiante e desafiador na construção de significado. O jogo de conceitos cabe neste trabalho linguístico que se revê no anúncio publicitário à direita.
      O conceito 'machado' não é o do instrumento de corte, mas bem que o podia ser (pela força de luta e do acesso desejado ao saber, "abrindo a cabeça", a mentalidade à cultura que dignifica o ser humano); Machado (de Assis) é um nome próprio, um cânone cultural e literário de expressão portuguesa, que tem essa potencialidade: a de abrir, intervir, dar a ler um mundo mais digno, atento àquilo de que o mundo pode e deve evitar / aspirar - um Machado escritor que é homónimo de um 'machado' para a construção (da inteligência, da sabedoria) do ser humano.

      Brincadeiras com (ou de) muito saber, onde literatura e linguística se mostram inseparáveis.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Publicidade azeda

      E quando há virtudes na publicidade, eis que fica tudo estragado.

     Um regalo para os olhos e para a saúde, quando se anunciam bolos sem açúcar (até se torna aceitável a inusitada maiúscula):

      Come-se com os olhos, mas azeda-se a gramática (ou como os bolos e doces ficam uma desgraça)

      Agora, "Os bolos e doces... não leva..." não lembra ao Diabo! A falta de concordância entre o plural do sujeito (composto, ainda por cima) e o singular na forma verbal é de bradar aos céus e aos infernos (já que mencionei o maléfico).

      Acho que vou buscar um pouco de açúcar para adoçar algum do meu azedume. Nem saúde nem natural (na língua)!

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Certeza escusada (e mais do mesmo)!

     Desta feita, temos uma de catálogo!
Um erro tão desnecessário! 
(com agradecimento à G.V.)   
   É de catálogo, porque está num (Catálogo 20 anos do El Corte Inglês - pág. 44), conforme o apresentou uma amiga, depois da sua leitura de jornal de fim de semana e de ter visto o meu apontamento sobre o 'A PARTIR DE'.
   É por estas e por outras que, quando me dizem 'COM CERTEZA', pergunto logo a seguir "Tudo junto ou separado?" Felizmente, têm respondido acertada-mente na maioria das vezes, mas fico com dúvidas quanto à segurança dos respon-dentes, ai isso tenho! Ficam tão perturbados com a inusitada pergunta que, não sei se por esta se por dificuldade na resposta, mostram alguma incerteza.
    Bastaria pensar que 'SEM CERTEZA' (nunca grafado junto) é o contrário de quem a tem (também com escrita separada).
     Um pontapé na escrita (sem que haja ponta de pé), que dói aos olhos e à mente.

     Depois das aféreses dos nossos dias, não andamos longe das aglutinações históricas que resultaram em 'embora' (< em boa hora), 'vinagre' (<vin acre), 'aguardente' (< água ardente) ou 'fidalgo' (< filho de algo'), só para mencionar algumas das mais conhecidas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Má publicidade! E o defeito não está na cidade.

     É o que dá quando a escrita não acompanha a "qualidade do serviço".

    Em conhecido e popular programa televisivo, é costume os concorrentes ofertarem o apresentador com produtos de marca local. Foi a vez de Espinho aparecer no écran. A prenda de um calendário de parede, dedicado a Fernando Mendes, não deixa parecer "prenda armadilhada", linguisticamente falando:
     
Lembranças com defeito na expressão do tempo (para não falar de outros mais)

   Quando o Salão Vieira já conta com 32 anos, era bom que se escrevesse "há 32 anos", com 'h'. Já passaram mais de três décadas; logo, o tempo passado, a duração e a existência são grafados com ' X tempo'.
    Podia comentar a imagem pelo clube de que não sou adepto; podia opinar sobre um programa de televisão que não aprecio (e dura... qual pilha Duracell); porém, saltou-me aos olhos um tempo que não foi corretamente expresso na grafia.

     Devia haver maior cuidado com as prendas que se dão, quando traduzem o tempo na sua duração.

sábado, 16 de janeiro de 2021

O poder da polissemia e da argumentação

       Nunca a polissemia foi tão argumentativa na mensagem institucional.

       Em tempos com números tão assustadores (nos infetados e nas mortes), há palavras que marcam a sua polissemia, na conjugação com a força impactante da imagem:

A disjunção (ou) não pode ser escolha - tem de ser apelo à vida.

     Proveniente do latim (patiens, -entis), o termo 'paciente' admite realização tanto nominal como adjetival. Seja para significar o que se conforma ou resigna, o que tem paciência, o que tranquila e serenamente aguarda, o que persiste, seja para designar o que padece ou se submete a tratamento médico, bom seria que não significasse aquele que vai sofrer a (pena de) morte.
       Há na publicação institucional uma disjunção ('ou') que não pode dar lugar a escolha ou hipótese. Argumentativamente só pode resultar no convencimento, na persuasão, no apelo à vida.

      Por ora,  a realidade é dura. Fica a esperança de que os tempos venham a ser outros, mais tranquilos, mais serenos, sem a doença nem a morte. A impaciência e o receio andam por aí, mas o valor da vida tem de prevalecer. Fique(m) em casa.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Nada de misturas!

        Anda por aí muita gente confundida com as interjeições.

       Entre 'chamar' e 'exclamar' há algumas diferenças e, na escrita, as interjeições são bem distintas. Enquanto palavra invariável pertencente a uma classe aberta, a interjeição traduz, exterioriza emoções. O sentido ou o valor que se lhe associa está estritamente depende do contexto de enunciação e corresponde a uma atitude, a um sentimento expressos pelo falante ou enunciador.
       Quando de chamamento / invocação se trata, o caso é claro (para quem não é nabo):

A incomodidade do repolho por ter um nabo à frente

      Nada de confundir com "Oh!", que admite vários valores interpretativos (alegria, desejo, espanto, saturação, receio, dor,...), os quais, na oralidade, aparecem marcados por traços entoacionais diferenciados.

    Para complicar a frase da imagem, sempre poderia iniciar o texto com um "Oh", típico da contrariedade sentida pelo repolho face ao que um nabo lhe esteja a causar. Porém, para chamar nabo (a alguém), tem que ser com a interjeição interpelativa "Ó".

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Belezas maiores

      No regresso a casa, uma construção com um cartaz publicitário chama a atenção.

      Tanto chama a construção (cujo projeto é anunciado numa foto interessante) como o cartaz. Uma, por boas razões; o outro nem tanto.
      Assim, se lê no último:

Cartaz publicitário junto à construção de um edifício - Granja (Foto VO)

      Se a qualidade da construção for na proporção da correção linguística, diria que há defeito. A "Beleza" (que até se justifica maiusculizada quando diz respeito à qualidade suprema, na sua dimensão abstrata) fica comprometida com a adjetivação que se lhe sucede. Obviamente, 'óbvio(a)' escreve-se com acento gráfico, na convenção gráfica daquelas "falsas esdrúxulas" que marcam a nossa língua - as palavras terminadas em encontros vocálicos caracterizados por ditongos crescentes (como ´lítio', ´ébrio', 'água').

       É preciso alma, mestria e paixão na escrita, para que esta possa ter efeitos sublimes (ou, no mínimo, convincentes) em quem lê. Caso contrário, a beleza sai minúscula.

domingo, 4 de agosto de 2019

Fundamentalismos tecnológicos

    Num mundo altamente tecnológico...

  Porque a digitalização é preferível à impressão em papel; porque o "pensamento verde" e a sustentabilidade sublinham a importância na redução do consumo de papel; porque já é possível ler sem ser em suporte papel; porque já é possível escrever sem gastar papel; porque é preciso poupar papel (não o poupo eu, até agora, nesta repetição textual tão motivada), não se pense que tal representa a menorização do mesmo. Ele foi, é e será um companheiro do nosso dia-a-dia.

Publicidade inspirada no mais comum da vida
    
     Tão verdadeiro quanto comum ao ser humano. Daí a argumentação publicitária resultar em pleno.
    Por mim, para além do obviamente demonstrado, não resisto definitivamente a ler um jornal ou um livro também em papel. Não há monitor ou tablet que o substituam.

    ... há factos que resultam em argumentos universalmente validados. Necessidades da vida comum que não permitem fundamentalismos.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

O mundo em mudança

    E as carnes, também.

    Eu a pensar que o frango era carne branca... Tão enganadinho! São estas as surpreendentes aprendizagens da vida:


   Chalaça ou piada, é mais um insólito de supermercado, entre os vários já aqui comentados, e que nem ao diabo lembra. Ainda assim, reconheça-se que um frango disfarçado de melancia ou uma melancia que se faz anunciar como frango podem sempre resultar numa operação de disfarce para missões mais secretas - por exemplo, a de quem quer assumir-se vegetariano comendo frango.

    Afinal, a diferença entre a secção de charcutaria e a frutaria nem é grande! Um bom exemplo de dieta líquida este frango melanciado ou esta melancia frangainhada (e não se queixem quanto à inexistência destes adjetivos, resultantes de uma realidade nova lá para os lados de Azeitão).

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Entre a excelência e os superlativos...

    ... é difícil a concentração de tanto erro!

    Quando o discurso ou a retórica da excelência e do sucesso me são dados a ouvir ou a ler, espero sempre pela coerência dos atos ou das palavras. Nada como ir das palavras aos atos. Pena é quando tal não acontece. Gosto pouco de palavras vazias, sem sentido ou que não refletem a mensagem pretendida. É disso exemplo o anúncio seguinte:

Publicidade enganosa no que dá a ler (Foto VO)

     O superlativo não tem o acento gráfico devido (finíssimo); esplêndidos, a ser bem pronunciado, nunca daria lugar no escrito à sílaba 'ex'; a maiúscula de 'bolos' só por destaque ao produto se compreende, ainda que sem razão gramatical; a ausência de vírgula à esquerda do vocativo intercalado resulta em erro grave de pontuação ("Olha, minha amiga, são...").
    E no meio de tudo isto, uma exclamação sem o ponto gráfico do sinal é o absurdo na representação gráfica.

    Conclusão: acho que vou comer um bolo, dulcíssimo ou o mais esplêndido possível, para, meus amigos, esquecer este singularíssimo momento de despautério publicitário (só faltava, para ridículo total, a primeira palavra ter hífen).

sábado, 24 de dezembro de 2016

É Natal... sem Compal!

    Permitam a rima, que nem saiu mal.

    Vai uma pessoa tomar café, para aquecer a manhã deste dia de noite natalícia, e depara com o que não quer. 

Exemplo de publicidade indesejada (Foto VO)

      Começo a pensar que é kharma. Ainda por cima, ler que Compal é mesmo natural chega a ser tão grave quanto o erro de acentuação.
   O acento grave marca a contração da preposição 'a' com o determinante artigo 'a(s)' e o determinante demonstrativo 'aquele/a(s)', ou o pronome demonstrativo 'aquilo'. 
      Com o verbo ser não se contrai nada, senhores! Tristeza de publicitários, gráficos e empresas que divulgam o erro. Apetece dizer que É um erro beber Compal.

     É Natal! Ninguém leva a mal, mesmo que não seja Carnaval! Não É? (Lembro-me de uma professora que dizia "Ninguém escreve 'é' com acento grave", quando deparava com tamanho erro! Mal ela sabe que o 'ninguém' está a revelar-se e a propagar-se).

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Um universal que não chega a ser

    É como na vida: há quem tudo queira e nada pode.

    Agora até nas compras nada é seguro (como se alguma vez tivesse sido), a julgar pela publicidade seguinte e os quantificadores nela utilizados:

Registo colhido dos apontamentos que circulam no Facebook

        Se qualquer peça tem o valor indicado, é incoerente dizer 'exceto algumas' (para as que o não tenham). 
    Perante o quantificador universal 'qualquer' à esquerda (remetendo para a ideia de totalidade de um conjunto, como em 'toda e qualquer peça') não há exceção a considerar. Por isso, na indicação à direita, o quantificador existencial no grupo nominal 'algumas peças' assere a existência da entidade designada ('peças'), mas contradiz a universalidade anterior.

     Eu nem entrava na loja. Ou é (todas) ou não é (só algumas). Vá lá perceber-se isto! Ao menos serve para trabalhar a (in)coerência dos discursos, assente em classes de palavras. 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Oh, pá! (veja-se bem o que está antes do 'pá')

  Logo após a vitória, aparece publicidade por tudo quanto é sítio (nomeadamente o Facebook).

    São tantos os casos de registo encomiástico e apelativo que leio erradamente escritos que a cada leitura só me apetece dizer (mesmo que apenas no pensamento!) "Irra!" ou "Bolas!" (já que de bola foi o jogo).
      Basta ver o amarelinho que acrescentei a todos os 'post'.
      Aí vai o primeiro:

A Rádio Comercial e o apontamento no Facebook
(Falta de vírgula - I)

       Segue-se o segundo:

   A página da Seleção Futebol no Facebook  (in https://www.facebook.com/selecaoptfutebol/)
(Falta de vírgula - II)

     E cá vai mais um (porque dizem que "Não há duas sem três"), porque no meio do registo amarelito  cimeiro um outro amarelo tem de aparecer:

O Semanário Sol e o apontamento no Facebook 
(Falta de vírgula - III)

         Não fosse o bastante, lá vem o quarto:

A página da aiamatilde no Facebook  (in https://www.facebook.com/aiaimatilde/photos/)
(Falta de vírgula - IV)

     Custa muito colocar a vírgula do vocativo?!
   É dos poucos casos é que esta é mais do que obrigatória na escrita e, ainda, assim, tantos se esquecem dela.

   Bem digo eu: chamou, virgulou!

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Eu não digo! Chamou, virgulou.

    Estou sempre a dizer isto, na chamada de atenção para a correção escrita em termos de pontuação.

    Entre os poucos sítios em que a vírgula se impõe, o do vocativo é fundamental.
  Bem digo aos alunos: "Chamou, virgulou". Ainda assim, também pode ser "Virgulou, chamou" ou "Virgulou, chamou, virgulou" - tudo dependente do sítio onde se encontra a sequência do chamamento (no início, no final ou no meio de um enunciado).
    Desconsiderar isto pode representar a afirmação da prática de canibalismo:


     Pode também significar o uso desnaturado da língua escrita ou a razão para eu não dar atenção aos vizinhos, que me possam estar a chamar - depois de saudar -, sem eu dar por isso (é que falta a vírgula, entre 'olá' e 'vizinho', ora pois então!):

Anúncio e cumprimento na abertura do Continente em Espinho (foto VO)

    Isto para não falar no clássico erro do serviço público televisivo da RTP1, com as notícias da manhã. Muda-se a imagem do canal e do programa, mas mantém-se o lamentável erro de há anos:

Imagem de abertura do programa noticioso da manhã na RTP1
 
    Custa colocar uma vírgula, depois da saudação e antes de 'Portugal'?! O que não custará contribuir para a generalização da ignorância! 

    Já era tempo de aprender que, no escrito, a vírgula é uma das marcas do vocativo.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Assim não brinco!

    Brincadeira tão triste!

  Isto de fazer convites com o pior da língua é caso sério, particularmente quando se destina a um público que precisa de bons exemplos; não dos péssimos.
  Parece que, lá para os lados do Parque Nascente (centro comercial em Rio Tinto), o Násci (um ursinho de cara simpática) quer brincar; contudo, podia escolher melhor quem faz os registos dessa sua vontade:

Anúncio publicitário no seu pior!

   Confundir o singular (VEM) com o plural (VÊM) é grave, mais ainda quando se desconhecem os modos verbais (o imperativo do convite - VEM - com o indicativo no tempo presente - VÊM) em pessoas gramaticais bem distintas (VEM <tu> e VÊM <eles>).
    E, por fim, a pontuação anda nas ruas da amargura, particularmente nas duas primeiras linhas: a saudação não está separada da afirmação / identificação; esta última não é separada do convite senão pelo aspeto gráfico do escrito (tudo em maiúsculas no início, como se letra de imprensa se tratasse, para uma escrita mais conforme e convencional nas linhas seguintes).

    Enfim! No dia de hoje, que os ingleses designam como 'april fool's day', alguém anda louco e não é em terra britânica; é em Portugal, onde a publicidade que se faz até parece mentira! Nem a brincar!