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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Uma lição de contemporaneidade, intemporalidade e universalidade
domingo, 17 de abril de 2022
Um grande ovo de Páscoa cracoviano
Encontrei uns bem artísticos em Cracóvia, no conhecido Mercado de Páscoa, realizado anualmente na praça central da Cidade Velha, Rynek Główny (praça principal de Kraków). Em cerca de dez dias, as festividades da Semana Santa concretizam-se na exposição de ovos gigantes decorados e na confeção das tradicionais "palms" artesanais de flores e plantas secas, para serem abençoadas no Domingo de Ramos - informações colhidas e vividas em memórias de viagens bem passadas. O colorido da praça é festivo. Os ovos, dispostos em vários pontos da praça, são atração visual assegurada, numa composição e num enfeite de versatilidade cromática notáveis.
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Uma ponte de cores
No enlameado estaleiro da avenida, via-se uma ponte de cores.
Ao final de uma tarde, ainda com sol, mas a chuva anunciada e os trovões a rasgar o céu, surgiu um arco-íris para chamar a atenção e fazer esquecer o cinza das nuvens que se impuseram:
No mar caíam os relâmpagos; nos ouvidos entrava o som retardado das descargas elétricas. E neste espetáculo natural, parecia que estavam a chegar sinais dos deuses para uns tempos que não estão fáceis.
Íris, que nas suas tarefas de mensageira deixava um rastro arqueado e colorido no firmamento, foi uma espécie de arauto divino, segundo a mitologia grega. Bom seria que nos deixasse novas tão multicolores quanto o brilho do pote de moedas de ouro maciço, da mitologia irlandesa, a representar os sonhos que todos temos.
Prestes a terminar o verão, os sinais outoniços vieram mais cedo.
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Geologia literária ou literatura geológica
Quando a natureza se revela inspiradora para as narrativas.
Pela zona de Lavadores, com o olhar na direção do mar, há uma composição rochosa chamada de "Pedra Moura": um bloco granítico sobre outro afim, com fratura visível provocada pela erosão.
"Pedra Moura" e os pedregulhos de Lavadores (Foto VO)
Para quem ache ser explicação ou descrição demasiado científica, pode sempre recorrer à lenda - mais uma entre as muitas que povoam o imaginário nacional, com a típica temática da moura castigada (ou não fosse a terra lusa dominantemente cristã).
Ora, conta a lenda (maneira sempre eficaz de se apagar o narrador e os efeitos que este pudesse introduzir na narrativa) que uma bela e formosa moura (são-no sempre, apesar de punidas, demoníacas e tentadoras) recebeu um grande castigo (lá está - depois dizem que hoje é que somos preconceituosos): trazer pedras das profundezas marítimas até às proximidades do areal (coitada)! Porém, o mar (soberbo) retomava tudo o que lhe pertencia e, com as marés, fazia voltar essas pedras ao fundo marinho (mais fazendo da moura a versão feminina de Sísifo). O esforço persistente da mourisca (afinal, tem alguma virtude) fez que, um dia, de lá trouxesse um penedo, penosa e colossalmente colocado em cima de um outro (uma moura muito hercúlea, portanto). Vencido o mar, lá estão os pedregulhos, desafiando o oceano. É a Pedra Moura de leva...dores ou que lava... dores pelo castigo cumprido (ao que chega o sentido toponímico da história).
Quem quiser saber dos motivos do castigo, talvez tenha que investigar sobre os tempos do rei Ramiro e do filho, D. Ordonho, mais o rei mouro Alboazer Alboçadam que detinha as terras de Gaia. Há de lá encontrar uma moura formosa (mais vítima do que merecedora de castigo).
domingo, 3 de novembro de 2019
Será que a Amélie vem aí?
sábado, 24 de novembro de 2018
Diarinhando... bom título!
De tudo isto se compõe a obra hoje dada a público, páginas configurando nove semanas de um diário que Lúcia (também Isaura e/ou Maria Clara Miguel) escrevinhou - não se trata de escrever mal nem de produzir algo sem valor (bem pelo contrário); talvez fingir um registo solto, natural, com um fim diverso (mais do que determinado), entre o entretenimento criativo, a oportunidade aproveitada, a vontade sem compromisso e a necessidade de revisitar tempos, gostos, pessoas, memórias que em todos nós vivem - umas comungadas, outras só de alguns, muitas só do 'eu' plasmado num discurso por natureza calendarizado, datado à cabeça (o Homem é tempo; dá-lhe a mão e larga-o, conforme a força, a vontade e a capacidade de o acompanhar).
quarta-feira, 14 de novembro de 2018
Convergindo, divergindo
sábado, 3 de novembro de 2018
Tristão e Isolda - da lenda ao filme
Segundo as palavras de uma personagem do filme, o amor de Tristão não destruiu um reino (contrariamente ao assumido no momento da denúncia amorosa), não diminuiu ninguém. É expressão de elevação, de idealização; de amor mais forte do que a vida ou do que a morte.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Nascer para morrer
Da arte, na ânsia e na expectativa de atingir o nível do criação e do criador, diz-se cultor ou semeador, numa espécie de parábola para o que acha ser o seu papel na vida e no que o mundo pode deixar germinar:
Qual Sísifo (e)levando a "pedra" ao cume do altar artístico, Laranjeira revelou-se um permanente insatisfeito, um idealista sempre à espera de atingir os mistérios da luz da criação (que alimenta a alma e a liberta da vida breve).
domingo, 25 de janeiro de 2015
De novo, com os olhos e ouvidos nas origens.
Em tempo de novo protagonismo, de um pioneirismo que se quer exemplar para a Europa - continente que muito lhe deve o nome -, gera-se uma causa de dimensão nacional com sentidos e efeitos muito para além da fronteira grega; revê-se o próprio continente, aquele que da Grécia recebeu toda uma civilização (a qual esteve na origem de tudo), segundo rezam a História e os mitos.
Hoje, em tempos de crescentes individualismos, fala-se na necessidade de um espírito gregário, de uma natureza associativa (pretendida e nem sempre alcançada) para ultrapassar problemas e crises comuns, numa inspiração apoiada no modelo das ágoras e das ligas que instituíam a união de esforços. Os tempos são efetivamente outros, à espera mais de Radamantos do que de grupos que não pugnam pela felicidade comum.
Talvez aqui a Grécia ainda tenha uma palavra a dizer. Eu gostava que fosse SYRIZA, pelo que esta coligação possa representar de exemplo para uma saída humanizada e feliz para a austeridade; para a afirmação de uma nacionalidade mais interessada no seu povo do que nas prioridades especulativas de grupos mais focados nas próprias bolsas (e nos respetivos bolsos), em detrimento do bem social comum.
Num país que tanto deu à Europa (cultural e linguisticamente), talvez ainda esteja a ser preparada (mais) uma lição. Que assim seja, a bem dos homens que nela moram e para que os mesmos, ou outros ainda, saibam que há uma forma diferente de fazer as coisas (sem ter de se cair em igualitarismos duvidosos nem em controlos ameaçadores, perversos e desumanos).
domingo, 23 de março de 2014
Regressou: Odysseus
quinta-feira, 6 de março de 2014
É de Luso (e nada tem a ver com água)
No que toca à composição de palavras, a base autónoma 'luso' ganha entretanto uma configuração fónica distinta no som vocálico final, como se de uma vogal de ligação se tratasse. Ainda assim, a existência autónoma da palavra é o que justifica a grafia proposta pelo Acordo Ortográfico (AO) para os compostos com hífen. Daí ler-se neste último o seguinte (Base XV - artigo 1º):
terça-feira, 4 de março de 2014
Odisseia de Homero, na RTP2

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Castelos de areia...
De novo, no melhor pano cai a nódoa!
(Com Photoshop ou Paint, ainda se vai a tempo de eliminar os excessos).
sábado, 15 de fevereiro de 2014
No dia seguinte...
Verso e poesia.
sábado, 2 de novembro de 2013
Sena e Afrodite Anadiómena, mais outras experiências.
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Porque estamos a viver num inferno
Escrevendo o nome do autor, pareço estar entre a primeira sílaba e a caminho para o nome de DANte Alighlieri, o poeta que melhor descreveu o retrato de um inferno tão aterrador quanto faminto de paraíso. Assim progride A Divina Comédia, com pouco de cómico, mas anunciando um final feliz; ou, segundo alguns autores, com muito de língua vernácula e dirigida à população geral (por contraste com a formalidade a representar a alta literatura, o cânone clássico exemplificado nas tragédias).
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Dos mitos do fim do mundo
Disse-lhes que sim... e que devíamos agendar uma festa de despedida para o dia anterior. Riram-se.
O facto é que insistiram, na busca de algum apaziguamento. Queriam perceber a razão por que toda a gente fala nisso. E foi o fim do mundo para mim: perdi o meu intervalo.
Fi-las lembrar o que elas tinham ouvido aquando da passagem do milénio; fi-las saber que já muito antes tinha sucedido o mesmo com todos os milénios; muito rapidamente dei-lhes a saber algumas vidências e profecias que, no tempo em que foram formuladas, não tiveram o resultado anunciado (felizmente, para alguns casos; infelizmente, para outros).
O ano 2012 teve já tratamento fílmico, numa abordagem do que a civilização maia previa como ano crítico para um povo, num jogo numerológico em que o dia 21 de dezembro se apresenta como fatal.
Sabe-se também que muitos dos conhecimentos, das crenças, das divindades, dos costumes associados condicionam a visão do mundo e nessa relativização tudo deve ser equacionado - nomeadamente a mudança de ciclos. A alteração de qualquer ritmo no que fosse o aparecimento da luz solar seria visto como um sinal divino e ameaçador, particularmente para uma entidade suprema para a vida desta civilização mesoamericana (Kulkulcán era a versão maia do deus Quetzalcóatl asteca). Um eclipse solar teria, por certo, um significado muito para além daquele que atualmente pode ser cientificamente descrito. E este seria apenas um incidente no meio de tantos outros a contemplar.
domingo, 29 de abril de 2012
"De que sofre esta cidade?"
Num anfiteatro (qual encosta de degraus não de terra nem de pedra, mas de cadeiras - quase poltronas - voltadas para um palco), frente a um palco dominado pela essencialidade minimalista de um cenário e por um grupo de ótimos atores (a que não faltou um coro, enquanto personagem múltipla, cujo canto ritmado servia de comentário à ação dramatizada), assisti a Édipo, de Sófocles. Com encenação de Kuniaki Ida, o elenco contava com as participações de António Capelo (Édipo), João Paulo Costa (Tirésias, Jocasta e Servo), João Cardoso (Creonte e Mensageiro), além de Pedro Lamares (Corifeu) e um coletivo de jovens artistas.
Nas primeiras décadas do século XXI reencontrei-me com alguns sinais do último quartel do século V a.C. Foi o caso da representação assente em três atores masculinos (o protagonista, o deuteragonista e o tritagonista); da figura do Corifeu liderando o coro; do tom e do conteúdo trágicos do texto; da conciliação dos opostos (um homem que se sente livre, mas que só o é enquanto percorre um caminho fatalmente determinado; a modernidade de adereços conjugada com a clássica máscara em Jocasta mais a sugestão de trajes e o calçado de sola espessa dos sacerdotes que prestavam culto a Dionísio; o conhecimento e a consciência portadores da desonra fatal, das maldições que fazem sucumbir o Homem). Junta-se-lhes o sentido didático e emocional da peça (com confrontos explicitamente demonstrados e publicamente partilhados, suscitando, perlocutoriamente, o terror e a piedade), a força do destino que aprisiona o Homem àquilo de que o próprio possa tentar fugir ou contrariar - tudo ingredientes típicos para um género marcado como a maior expressão literária da antiguidade, conforme o evidenciavam as práticas teatrais dionisíacas (as mais conhecidas), com representações diárias de três tragédias, fechadas com a apresentação de uma comédia.
Sófocles foi grande figura nestes eventos tão religiosos quanto cívicos. Édipo foi um dos seus textos, do ciclo tebano (acerca da fundação da casa real de Tebas, por Cadmo), retratando a tragédia de caracteres, composta pela pretensa individualidade espelhada na vida social da pólis.
Desde o início da obra, a questão da atualidade impõe-se, pelo diálogo mantido entre o Corifeu e Édipo. É a crise, o drama da cidade revelados:
O percurso cénico do despojamento de Édipo - da túnica do poder ao pé descalço de uma figura voluntariamente cega e desamparada - é o caminho de um decifrador de enigmas que tudo quer saber e se agarra à vontade de não fugir à verdade; o do conhecimento ou da consciência que se revela ignorância, na interpretação errada de sinais e na fuga que não dá lugar ao afastamento ou à distância do indesejável - antes à proximidade e à concretização trágica das profecias dos oráculos.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Novas abordagens para velhos mitos
Este é o balanço do visionamento de 2012, sempre com a noção de que se trata de um "dejá vu".
Para quem já viu 'The Day After', 'The Day After Tomorrow', 'The Independence Day' e outros do género, '2012' pouco traz de novo. É o regresso do mito do fim do mundo, ficcionalmente tomado por alguma esperança na humanidade (pena que esta seja vista sempre após um período de crise e de catástrofe).
Registo, contudo, algumas notas: