quinta-feira, 1 de junho de 2023

Vá lá! Do mal o menos!

    Acertaram nalguma coisa.

    Nem as fotos da documentação exposta na escola ou as da entrada do edifício deram para identificar corretamente o patrono:

Patrono, desculpa-os, que nem sempre sabem o que escrevem (foto VO)

    Manuel Laranjeira com sobrenome reconfigurado. A falta de alguma coisa, por certo! Não é digno do patrono. Há que o reconhecer melhor.

   Vá lá! Escreveram bem o meu nome (sem 'c' e com acento no 'i'), sem me terem perguntado como o fazer.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

No Dia Mundial da Língua Portuguesa...

      Fizeram-me chegar a desgraça que grassa pela televisão (não tem graça, não)!

      Imagine-se a qualidade linguística da nossa comunicação televisiva, a partir dos exemplos que me fizeram ler precisamente hoje! Chega a ser constrangedor.
    Comecemos com a incapacidade de acertar no adjetivo relacionado com o ato de asserir e com a força das asserções. E porque, (orto)graficamente, de 'ss' se trata, veja-se no que a CNN não acerta:

Notícias de última hora que deveriam dar lugar ao fim de legendas infelizes.

     Isto de ser assertivo pode ter a ver com 'pontarias', mas de atos de fala. Diria que é preciso não ter mira linguística para falhar. É o que faz um órgão de comunicação social (à semelhança de outros).
      Segue-se o clássico desrespeito da morfologia: se o verbo é 'incendiar', previsivelmente as formas da conjugação mantêm a base (excetuando, naturalmente, as do singular no presente do indicativo e do conjuntivo). Portanto, onde se lê o errado 'e' da terceira sílaba veja-se o expectável 'i' da base de formação / variação da palavra:

Interferências... não dos manifestantes, mas da pessoa e número gramatical (foto AMT)

      Convenhamos: a legenda tornou a situação mais incendiária, pelo mau uso da língua. Inconsciências morfológicas, para não dizer desconhecimento ou ignorância.
      E como não há duas sem três (bom é que não se avance mais), assinale-se outra manifestação de desrespeito morfológico: ignorar a conjugação de 'vir' e sua projeção nas formas verbais de 'intervir'.

Se "*interviu", não salvou! Falhou redondamente. (Foto e agradecimento à AMT)

       Isto de querer 'ver' (viu) o que não é possível é uma forma de cegueira (da pior espécie). É questão de 'vir' (veio) e era bom que tivesse chegado na forma correta.

      Em dia que devia ser de celebração, fica o registo da aberração (múltipla).

terça-feira, 28 de março de 2023

Uma dramatização de 'Uma História do João Ratão'

     Depois da apresentação do livro, projetou-se a representação, hoje levada a cabo.

     Leu-se, releu-se e tornou-se mais presente (isto é, representou-se). Assim foi, com a presença das autoras Maria Clara Miguel e Maria Dolores Garrido:

Uma dramatização de uma obra que foi apresentada há dois meses na EB de Guetim.

       Em pouco tempo se fez muito, numa das iniciativas que animaram a Semana da Leitura numa das escolas do AEML.
    Educadoras, professoras e alunos(as) motivados e animados recriaram um texto que, da tradição, ganhou temáticas novas pela escrita das autoras (um ato I com explicação para o João Ratão ser glutão; um ato II conforme a tradição; um ato III que reforça a lição); se concretizou em ato de representação, dando continuidade à expressão artística e dramática, em sede de inovação.

     Nas palavras de uma das autoras, "foi uma manhã muito bonita". E a alegria de todos aconteceu. Isto é escola.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Ilha, terra / céu, luz e mar...

      Depois do cansaço do dia, só o café trouxe a energia que já não tinha.

     No desconcerto do momento, olhando as ondas e o cinzentão do final de tarde, peguei numa caneta e rabisquei o canto de uma folha impressa, já usada, mas ainda com espaços para rascunhar ideias, soltas, vagas, à espera de um sentido que não tenho de ser eu a dar.

Palavras, imagens e sons com alguma poesia (texto e filme VO)

LIBERDADE E CLARIDADE

Há quem se perca e se prenda na ilha.

Cada porto é chegada a nova terra.
Cada ilha se faz terra para novo mar.
O céu está além, para as estrelas.
Nem sempre se dão a ver; estão lá.
Dissipada a névoa, fugidas as nuvens,
limpo o céu, aquelas brilham, ainda.

Presença de luz invisível no vazio
da escuridão instalada, cá na terra,
sem sol nem claridade. Só dor.

Há que fugir da ilha. Banhar no mar.

     Sem bagagem, lancei-me na viagem. Não sei onde vou dar ou parar.

     Tempo de caminhar rumo à luz.

segunda-feira, 20 de março de 2023

Sem açúcar

        Assim bebo o café (e também o chá).

       Hoje, porém, não se trata de outra coisa senão lembrar o café, ainda que a propósito de um pacote de açúcar (não é a primeira vez que recorro a eles para produzir um comentário - entre os positivos e os negativos, há doçuras para vários graus):
 
Um pacote de açúcar a lembrar café e alguém mais (Foto VO)

      À semelhança de muitos outros dias, trago comigo a pequena e doce dose, para não consumir. Simplesmente, ao ler a publicidade nele contida, relembro uma pessoa que hoje parte desta vida. É difícil encontrar alguém que, nestes tempos e na passagem do próprio tempo, seja tão consensual quanto a virtudes, a ponto de o considerarem simples, afável, atento, encantador, sorridente, alegre, humilde, bem sucedido e com forte preocupação social. Difícil juntar todos estes ingredientes num só ser humano.
      Comendador da Ordem Infante D. Henrique (2006) e da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial (1995), Rui Nabeiro ficou conhecido como o Senhor Delta Café. Hoje é notícia pelo seu falecimento. Felizmente foi um dos que, em vida, viu reconhecido o importante papel que teve para muitos. Teve prémios, teve agruras e, inteligentemente, conviveu com ambos.
    Apoiando-me na mensagem publicitada, apetecia-me mudá-la: "E se o café desafiasse a mortalidade?" As boas pessoas não deveriam nunca deixar este mundo (até para contrariar aquelas outras que, ficando, só fazem e vivem em guerra com tudo e todos).
       
       Que esteja em paz pelo bem que fez e soube ser.

domingo, 19 de março de 2023

Foge! ou Fogo! (interjetivos)

      Engraçado ver que, mal começo, vem uma chuva de exemplos.
   
   É o que acontece sempre que, por aqui, menciono um erro ou outro nos nossos canais televisivos. Dos mais repetitivos na tipologia de erro aos mais originais, lá me vão facultando fotos do que "corre" nalgumas legendas.
      Desta feita, chegou-me às mãos / aos olhos o seguinte:

Sem pânico na machadada perpetrada na língua - assim vão as notícias (com agradecimento à AD)

     No âmbito comum da ortografia, este é um erro que pode instalar-se pela natureza de alguma irregularidade morfológica do verbo, nomeadamente no contraste 'o/u' de algumas formas (foge, foges, fujo, fugimos, por exemplo). A fonética, contudo, ainda permite distinguir o que alguma convencionalidade gráfica pode fazer perigar (mais no contraste 'j/g' do que nos casos vocálicos em concreto).
     Ver este erro em contextos de aprendizagem da língua ou de utilizadores menos esclarecidos poderá (ainda) ser compreensível e uma boa oportunidade para mostrar regularidades no reconhecimento do léxico (como é o caso da família de palavras evidenciada em 'fugir > fujo > fugimos > fuga > fugido > ...'). Nos meios de comunicação social, é impensável ler o que nos é dado a ver.

      Apetece-me exclamar: "Foge!"

sábado, 18 de março de 2023

Surdez, falta de audição... em canal sensacionalista

       Até podia ser alguém que não quisesse ouvir detidos.

      Só que, para tal, era necessário que estes existissem. E tal não aconteceu!
      Portanto, "não houve detidos" era o que devia ser lido; porém, o que apareceu escrito...

Um ouvir confundido com existir - sensacional! (Foto enviada pela AMT, com o devido agradecimento)

      No meio de tanto sensacionalismo, o que não é nada sensacional é haver alguém a confundir o verbo 'ouvir' com 'haver' e, na homofonia de formas verbais distintas graficamente, um canal de comunicação difundir um erro crasso: não distinguindo os verbos, não diferenciando os tempos, não exemplificando o rigor que propaga aos quatro ventos (e mal e parcamente denuncia em quatro letras, que deveriam dar lugar a cinco).

       Caso para dizer que, no canal televisivo das desgraças, uma desgraça nunca vem só!