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segunda-feira, 7 de abril de 2025

Sem santos nem milagres na língua

    Não podia ser de outra forma, quando se repete o erro.

  Que dizer daquele algoritmo que vai comandando a nossa vida, ao clicar-se num produto / assunto / tema / apontamento, e tem um "agente inteligente" que não vê a ignorância perpetuada num convite que só pode ter uma resposta?!

Até pode ser o bom Portugal, mas, no que toca ao Português, vai muito mal (colhido do Facebook)

Além do país, adore-se também a língua, para que não seja incorretamente usada (colhido do Facebook)

Nem com Santo António isto lá vai! Não há santo que valha ao bom uso da língua (colhido do Facebook)

   Claro que não me sentaria - eis a resposta!
  Sentar-me-ia se houvesse a consciência de como fazer um convite corretamente. Não adianta  a referência a terras, a santos; a apresentação de carinhas larocas e comidinhas apetecíveis, de chorar por mais. Nada disso me convence. Está em causa o mau uso do português, que, no condicional ou no futuro, é mal falado ou escrito até por ministros.

E não é que insistem?! Mudam as caras e as iguarias, mas mantém-se o erro crasso (colhido do Facebook)

  O condicional pronominalizado tem, tipicamente, o pronome entre a base verbal e a sua terminação. "Sentar-te-ias" devia ser a forma a ler; não aquela que a inteligência artificial (AI) e um algoritmo infeliz não descobriram, ainda, para usar corretamente na fala e/ou na escrita. 

Nossa Senhora de Fátima nos acuda, nos salve da persistência declarada no erro (colhido do Facebook)

  Caso para dizer que não há ruralidade nem iguaria que resistam. 
  Futuro e condicional pronominalizados são deveras casos críticos da língua
  Nem com a AI isto vai lá!

    Triste daqueles que não veem nalguns registos da inteligência artificial, sublinhe-se, a artificialidade que só o espírito humano pode melhorar / corrigir / fazer vingar como virtuosa.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Variantes doces de provérbios

     Não consumindo açúcar, mas recriando provérbios.

     Do princípio ao fim do dia, vou colecionando pacotes de açúcar, à conta do número de cafés tomados. 
     Ultimamente, chegam às mãos (e aos olhos) provérbios que vou completando à medida da variação que o café inspira:
      
Pacotes de açúcar muito proverbiais com motivos sabendo a café (Foto VO)

      Não são os enunciados paremiológicos clássicos, é certo, mas a tradição também já não é o que era; logo, com rima ou sem rima, recriem-se os mesmos a partir do que a experiência de vida dita.

      No que toca à minha experiência, é menos açucarada; é mais cafeinada (já que não sou adepto do descafeinado).

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Lei da falta de atração

      A ocorrência de erros televisivos está a mudar (o que não significa necessariamente felicidade).

   Em termos estatísticos, pode concluir-se que a maioria dos erros lidos nas legendas ou nos rodapés televisivos está para questões de desrespeito da ortografia, de impropriedade na seleção vocabular / lexical ou de incorreção morfológica.
  Não deixa de aparecer um ou outro caso distinto, nomeadamente no que à falha sintática diz respeito, particularmente na concordância de número. Hoje deparo com um outro:

No seio dos aproveitadores, há quem aproveite muito mal na SIC Notícias (Foto VO).

     É a declarada falta de atração.
    É comum assumir-se que a presença de um 'não' ou de um 'que' faz com que os elementos clíticos colocados junto a um verbo sejam atraídos, a ponto de os antecipar na construção da frase (ex.: 'Estuda-se' vs 'Não se estuda' / 'Faz-se algo' vs 'Diz-se que se faz algo').
   Ora, quando tal não acontece (como exemplificado na foto), viola-se definitivamente a correção no uso do português (variedade continental europeia), o que significa que seria bom os comunicadores sociais ou quem trabalha nessa área consultarem uma gramática. Não faria arrepiar tanto os leitores das legendas ou dos rodapés.

     Falha a atração, deforma-se a construção, distrai-se a intenção e compromete-se a comunicação.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Patrono à mesa

     Um jantar natalício com a presença de Laranjeira.

    As mesas estavam primorosamente decoradas, à espera dos convivas. Há cinquenta anos estava um edifício em construção, ainda com a designação de "Liceu Nacional de Espinho"; hoje, num edifício requalificado entre 2008-2011, há um patrono a marcar presença na Escola Básica e Secundária Dr. Manuel Laranjeira:

Laranjeira no Natal de 2024 do AEML (composição fotográfica VO)

     Rumo aos 50 anos de um tempo e de um espaço a celebrar (mais as pessoas que os viveram), o aroma do fruto (laranja) vem compor o paladar de um licor que tem na árvore (laranjeira) origem, estendendo-se, por jogo evocativo, ao patrono (Laranjeira). Da natureza ao nome próprio, há como que uma transmutação alquímica, sugerindo a criação do elixir da vida ou da imortalidade. Laranjeira, por lembrança e evocação, ganha vida eterna ou prolongada.
     Se, na língua portuguesa, "alquimia" vem do latim alkimia, por sua vez proveniente do árabe al-kimiya (significando "a química"), não será de esquecer que, no grego antigo, khemeía significava "fusão de líquidos".

     Nada como ver no licor de laranja o adocicado sabor que Laranjeira, na vida, não deixou de acidular. 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Canhão... apontado ao erro.

       Guerra declarada, para que se escreva bem.

      Casos em que a fonética não permite percecionar bem a segmentação da palavra / expressão não permitem validar o desconhecimento de como se deve processar a escrita.
        A sistemática dificuldade em distinguir ' afim' de 'a fim (de)' é questão paradigmática. Entre o que é 'afim' (semelhante ou com afinidade) e 'a fim de' (expressão / conector de finalidade, sinónimo de 'com o objetivo / propósito de') nada há de parecido (ou afim) senão a sonoridade (uma aproximação homofónica que não resulta em homografia). 
      A fim de (ou para) se escrever bem, reconheça-se a segmentação gráfica de 'a fim', bem separada, nem sempre reconhecida na fluência da realização oral da língua. Fica ainda a nota seguinte: o adjetivo 'afim' tipicamente seleciona a preposição 'a' (ser afim a / idêntico a / semelhante a), enquanto a expressão conectiva integra 'de' (a fim de / com a finalidade de / com o propósito de / com o objetivo de). 
     Outro exemplo crítico é o exemplificado no excerto de um aviso de condomínio, no qual se anuncia um novo canhão na porta de entrada e, consequentemente, se informa a entrega das chaves novas (que, coincidentemente, também são novas chaves, porque diferentes):

Um negrito mais separado do que devia; um 'a partir' tão junto que até irrita (Foto VO)

        A confusão entre 'aparte' (fazer um comentário, um aparte) e 'à parte' (colocar alguém ou algo à parte, separado) não chegava! Com o que se dá a ler, junta-se o 'a partir de' (a indicar o ponto de que se parte, o ponto inicial de um estado ou de uma situação).
        Ler o anúncio logo de manhã, fez-me colocar imediatamente uma barra oblíqua entre os termos da expressão, separando o que ninguém (nem Deus) podia ter unido:

Qual é a diferença, qual é ela? Não é só a cor, não! 

       Um canhão novo, chaves novas (não completamente igual a 'novas chaves', mas, enfim...) e um erro que importa evitar, a bem da escrita com correção.

       Não fosse eu ficar à porta, apetecia-me não ir ao escritório onde alguém escreveu o que não devia.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Constância... já foi mais constante

       O nome da localidade anda presentemente pelas ruas da amargura.

      Cheguei a lá ir em tempos, com alunos, na senda de alguns sinais da presença camoniana, sempre em articulação com outras áreas de saber (particularmente quando o poeta não deixou de ser exemplo de homem completo nos saberes, tendo numa mão a espada e noutra a pena).
      Hoje parece não haver muita constância, estabilidade económica numa terra que apresenta sinais de fragilidade, com uma grande empresa de tupperwares em condição de insolvência. Assim o foi noticiado e (pasme-se!) legendado:

Incertezas televisivas com orientações / nivelações distintas 
(na legendagem da RTP1, captada pelo olhar atento da ARS, a quem agradeço o contributo)

       Caso para dizer que nem constância nem coerência, pelo menos no que à língua diz respeito.
   "Pairar" combinado com "sob" aponta para incompatibilidade de níveis (superior e inferior, respetivamente). Nada como 'pairar' com outra preposição, de modo a escapar à incoerência criada.

       As incertezas ou 'pairam sobre' ou 'pairam em' (uma questão de seleção a partir do verbo usado).
      

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Declarações de desamor...

    Depois do Dia dos Namorados, ...

    Não há bolo que resista!
    Sem vírgula antes de 'mas', sem as que encaixam a expressão "às vezes", a forma verbal de 'dar' sem acento e o já mencionado "às vezes" mal grafado (na acentuação) são ameaças muito significativas, a fazer certamente ter vontade de apertar o pescoço a alguém:

Um bolo azedo para desamor à língua

      (Também) não há amor que resista. O da língua já foi há muito.

      ... ficou um amor muito azedo e agressivo.

sábado, 9 de dezembro de 2023

Nova falha... já antiga.


       E não foi, por certo, por causa da chuva - que não para.
      Hoje, logo ao acordar, depois do empate e da crise do Benfica, vem a guerra de Israel-Hamas e, para não variar, a desgraça da língua escrita (prioridades!):

       Sem equilíbrio na escrita e no mundo (Foto VO)

     A inconsciência ortográfica assenta numa outra: a morfológica. Trata-se de um caso clássico de erro ortográfico proveniente da inconsciência morfológica. Não sabendo a palavra base (equilibrada), por parte de quem escreve, o acrescento do prefixo 'des' deriva numa escrita fonética mais do que problemática.

       Efetivamente, o DESEQuilíbrio é evidente... na língua e nos líderes mundiais (chega a parecer que a guerra é preferível). Santo Deus!

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Dezembro começa mal (e não vai terminar melhor)!

      Valha o facto de ser feriado (que foi já confundido com outras histórias), para não ser pior.

    Tudo por causa das negociações governamentais (ainda que em tempos demissionários) na área da saúde; ou melhor e para ser mais correto, pela comunicação que delas se faz.
      Hoje, a legenda televisiva é a seguinte:

      Não há saúde para a língua! É o desgoverno assumido. (foto VO)

     Não sei se será por o ministro ter ficado com os cabelos em pé (!!) ou se é por querer ligar todos a uma só causa, pensando que isto é questão de várias entradas para uma só tomada elétrica (isto para não falar de outras extensões, que também não são para aqui chamadas). É o que faz ESTENDER em demasia. Lá diz o povo: "Não te estiques!" A SIC, pelos vistos, espalhou-se!
      No que ao mau uso da língua diz respeito, é o desgoverno generalizado nos canais televisivos. Impõe-se uma "conjura" contra o domínio incorreto do nosso idioma. Toca a pô-los da varanda abaixo, metaforicamente falando.

      Isto de confundir 'es' com 'ex' é silábica e ortograficamente problemático. Preferia a extinção destes erros a uma extensão (tão paronímicas!) que não é salutar para ninguém.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Estamos nisto! Ortografia do melhor...

      Quando estás preparado para ser informado sobre o que se passa no mundo, ...

       ... as notícias aparecem na sua pior escrita.
    Dúvidas houvesse acerca da influência da oralidade na escrita, os erros comuns na ortografia de palavras como 'feminino', 'ministro', 'príncipe' e afins demonstram-na. Daí que, no plano da correção escrita, seja de abordar estes casos críticos, para que resultem em domínio mais consciente e correto do ato de escrever.
    A televisão começa a dar sinais de como esta competência parece já não ser apanágio do bom exemplo do serviço público e da exposição ao bom uso da língua:

Eis a razão para, sem dúvida(s), preferir o favorecimento, bem escrito (com agradecimento à AC) 

    Claro que não é necessário dominar a etimologia e reconhecer a base latina "PRIvilegium" (embora ajudasse): a leitura de vocabulário frequente permite ver bem as sílabas de "PRIvilégio" (desde logo a primeira de todas); a família de palavras assinala recorrências evidentes em "PRIvilegiar", "PRIvilegiado", "PRIvilegiadamente", "desPRIvilegiado" (pela consciência repetitiva da base); a consulta de um dicionário, hoje, está à mão de qualquer telemóvel ou computador pessoal (com palavras bem grafadas).
      Tão bom seria ver / ler palavras, em primeiro plano, para uma comunicação feliz!

     Talvez por causa do mau exemplo, prefira o favorecimento ao outro termo que, em vez de 'pre', deveria ter 'pri' na sílaba inicial.

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

A tripla faceta do plural numa só palavra

      Numa breve passagem pelo Facebook, relembrei o plural de 'ancião'.

      Numa imagem simples, lia-se:

Variação morfológica no contraste de número

      Uma palavra com três plurais possíveis - muita variação morfológica, diria. O mesmo acontece com 'alão', 'aldeão', 'ermitão', 'sultão', mesmo que, correntemente, a preferência dos falantes vá para a terminação em 'ões'.
     Algumas outras há que admitem apenas duas formas (em 'ães' e 'ões', como é o caso de 'alazão', 'deão', 'rufião', 'truão'; em 'ãos' e 'ões', como 'anão', 'castelão', 'corrimão', 'hortelão', 'verão' e 'vilão'; em 'ães' e 'ãos', como em 'refrão'), ainda que, a par da tese etimológica de formação destes plurais (recorrendo ao latim) ocorra uma outra que a consciência dos falantes assume como mais sincrónica e menos diacrónica, liberta da consciência etimológica que muitos perde(ra)m.

      Já de outros exemplos não vale a pena escrever, agora; já foram denunciados como o que não se deve ler nem ouvir

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Nada a ver com municípios!

      Em plena época de veraneio, há cuidados a considerar.

      Desde logo, cuidado com o sol, com o mar... E com a língua também!
      Quando as férias se anunciam e o descanso se impõe, alguém consegue irritar o comum dos mortais:

Praia do conCelho de Lagoa é desaconSelhada: assim deve ser! (Foto VO)

      Não há imagem paradisíaca que resista a legenda tão infeliz!
     O problema até pode estar no concelho de Lagoa (pelos vistos, nem tudo é perfeito pelo Algarve), mas, no que diz respeito à praia do Carvoeiro, só pode estar desaconSelhada. Isto de confundir homófonas (conselho / concelho, vós / voz, conserto / concerto) é questão crítica até para a formação de palavras. Conselho, aconselhar, desaconselhar é sequência de derivação recursiva, a constituir uma família de palavras que fica "unida" pela base ortográfica de um 's', que nada tem a ver com concelhos.

     Isto de integrar e desintegrar municípios e/ou 'concelhos', não sendo impossível, ainda está para se representar na língua como "(des)aconcelhado".

sexta-feira, 5 de maio de 2023

No Dia Mundial da Língua Portuguesa...

      Fizeram-me chegar a desgraça que grassa pela televisão (não tem graça, não)!

      Imagine-se a qualidade linguística da nossa comunicação televisiva, a partir dos exemplos que me fizeram ler precisamente hoje! Chega a ser constrangedor.
    Comecemos com a incapacidade de acertar no adjetivo relacionado com o ato de asserir e com a força das asserções. E porque, (orto)graficamente, de 'ss' se trata, veja-se no que a CNN não acerta:

Notícias de última hora que deveriam dar lugar ao fim de legendas infelizes.

     Isto de ser assertivo pode ter a ver com 'pontarias', mas de atos de fala. Diria que é preciso não ter mira linguística para falhar. É o que faz um órgão de comunicação social (à semelhança de outros).
      Segue-se o clássico desrespeito da morfologia: se o verbo é 'incendiar', previsivelmente as formas da conjugação mantêm a base (excetuando, naturalmente, as do singular no presente do indicativo e do conjuntivo). Portanto, onde se lê o errado 'e' da terceira sílaba veja-se o expectável 'i' da base de formação / variação da palavra:

Interferências... não dos manifestantes, mas da pessoa e número gramatical (foto AMT)

      Convenhamos: a legenda tornou a situação mais incendiária, pelo mau uso da língua. Inconsciências morfológicas, para não dizer desconhecimento ou ignorância.
      E como não há duas sem três (bom é que não se avance mais), assinale-se outra manifestação de desrespeito morfológico: ignorar a conjugação de 'vir' e sua projeção nas formas verbais de 'intervir'.

Se "*interviu", não salvou! Falhou redondamente. (Foto e agradecimento à AMT)

       Isto de querer 'ver' (viu) o que não é possível é uma forma de cegueira (da pior espécie). É questão de 'vir' (veio) e era bom que tivesse chegado na forma correta.

      Em dia que devia ser de celebração, fica o registo da aberração (múltipla).

sábado, 18 de março de 2023

Surdez, falta de audição... em canal sensacionalista

       Até podia ser alguém que não quisesse ouvir detidos.

      Só que, para tal, era necessário que estes existissem. E tal não aconteceu!
      Portanto, "não houve detidos" era o que devia ser lido; porém, o que apareceu escrito...

Um ouvir confundido com existir - sensacional! (Foto enviada pela AMT, com o devido agradecimento)

      No meio de tanto sensacionalismo, o que não é nada sensacional é haver alguém a confundir o verbo 'ouvir' com 'haver' e, na homofonia de formas verbais distintas graficamente, um canal de comunicação difundir um erro crasso: não distinguindo os verbos, não diferenciando os tempos, não exemplificando o rigor que propaga aos quatro ventos (e mal e parcamente denuncia em quatro letras, que deveriam dar lugar a cinco).

       Caso para dizer que, no canal televisivo das desgraças, uma desgraça nunca vem só!

quinta-feira, 9 de março de 2023

Avaliações (algo destrutivas)!

      Escolher bem ou mal as palavras ou expressões pode condicionar qualquer avaliação.

    Pense-se num(a) aluno(a) a quem se avalia comportamentos na base do que ele(a) aprecia fazer, quando, onde e com quem. Leia-se a lista das ações / atividades identificadas e...

Um registo avaliativo no mínimo duvidoso, a bem do respeito e cuidado a ter com os livros

       ..., no sexto cenário (a contar de cima), encontra-se o que, incompreensivelmente, possa ser feito "sempre que possível", seja em casa seja lá em que sítio for, muito menos em família: "desfolhar livros". Só numa cultura educativa de defesa da destruição do livro!
         É por isso que, quando alguém diz que desfolhou o jornal, imagino este último em cima da mesa, com as folhas soltas, rasgadas, destruídas (não havia necessidade para tal, por pior que fosse a imagem ou o texto noticioso)! Uma desgraça!

         Não distinguir "folhear" (passar de uma folha a outra, no sucessivo virar de páginas) de "desfolhar" (arrancar, tirar as folhas) é desconhecer que não se trata um livro como uma espiga de milho.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Bom exemplo (logo a abrir)

     Há que escolher bem, de facto!

     Não falo dos políticos nem da situação noticiada, nem sequer da maioria das palavras. Fico-me pela primeira:

Efeitos de uma guerra transmitidos com correção (Foto VO)

     A prova do bom exemplo. Para quem contava encontrar "despoletar" a significar desencadear, provocar, ocasionar, aí está o termo devido. Sendo que numa arma é a espoleta que aciona a combustão do propelente contido na munição, impulsionando o projétil pelo cano da arma, 'espoletar' é o que deve ser dito / escrito.
     A maior parte dos falantes prefere dizer a anulação, o travamento ('despoletar'), a significar o contrário. Nada que não aconteça com outras situações já aqui comentadas, mas esta é a prova do desconcerto dos utilizadores da língua, que veem no negativo o positivo.

     Quando tanto escrevo sobre o que está errado, hoje vou pelo oposto, em virtude do que foi bem escolhido.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A propósito de 'lerdismo'

      Assim alguém falava de (outro) alguém ou algo que não atava nem desatava.

      Foi então o momento de se questionar a origem da palavra. 
    Diga-se que não a encontro dicionarizada, mas faz parte daquela criatividade e potencialidade da língua, morfologicamente motivada até!
   O sufixo 'ismo' permite formar nomes abstratos tradutores do sentido de 'teoria', 'doutrina', 'movimento (artístico, estético, filosófico, político, entre outros)', 'tendência'. E porque não se trata propriamente de algo singular, é de considerar que há vários implicados na questão ou situação, mesmo quando de individualismo se trata (são muitos os que defendem este último e cada vez mais, a julgar pelo que se vai vendo a cada dia). A par da 'lerdeza' e da 'lerdice' (também nomes) ou do 'lerdíssimo' (grau superlativo absoluto sintético do adjetivo), tomaria o 'lerdismo' como mais um derivado sufixal nominal (revelador de uma tendência ou movimento caracterizador dos que são 'lerdos').
     Daí que, para se entender o potencial 'lerdismo' se recorra à base 'lerdo': caraterística depreciativa daquele que é pouco ativo, preguiçoso, que se movimenta lentamente, de modo pouco diligente. No que à inteligência e ao rasgo intelectual dizem respeito, não se distingue muito de quem se assume como parvo, estúpido, tonto, tolo; ou seja, nada esperto.
Entre a preguiça e o caracol, alguém que diga de sua justiça!
      Para quem recorre ou cria a palavra, parece que há alguns assim, ao ver que as coisas sucedem de forma vagarosa, pesada, lenta, numa espécie de inação declarada.
   Entre a hipótese dúbia de que 'lerdo' vem do castelhano trecentista, sinónimo de 'bobo'; do itálico 'lordo', a significar sujo ou porco; do francês quinhentista 'lourd', para referir o que é pesado e estúpido, não andará longe a fonte etimológica latina que, em 'lordus', apontava para movimentos lentos, numa variante de 'lurdus', isto é, aquele que tropeça, que vacila ao andar”, ou de 'luridus', cujo significado inicial era “sujo”.

      Em síntese, fiquemos pelo termo criado para denotar algo que não é desejável, mas que alguns partilham nessa condição do que ou de quem nada faz avançar, mudar, transformar, resolver o que se impõe. Contrariemos a tendência, pois!

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Politicamente correto, boas maneiras e sentido(s) das palavras

    Dando continuidade a apontamento anterior.

    No mesmo contexto de um encontro a propósito do Clube de Leitura, Ricardo Araújo Pereira discute o conceito de 'politicamente correto', de 'boas maneiras' e dos sentido(s) das palavras.

Novo excerto com novas lições sobre o correto, as boas maneiras e a linguagem

    Um excerto muito significativo pela problematização levantada quanto às fronteiras do que é correto / incorreto e ao entendimento dessa zona que o 'politicamente correto' possa representar.
    Como alguns exemplos remetem para o(s) sentido(s) das palavras, volta-se a um pequeno capítulo de uma teoria da linguagem, assente no(s) uso(s) do comum dos falantes.


sábado, 8 de outubro de 2022

Uma teoria da linguagem com vários tópicos

       Ricardo Araújo Pereira no seu melhor, quando sério rima com cómico.

    Um excerto de um encontro universitário com um debate que resultou nalguns momentos semelhantes a uma autêntica teoria da linguagem em vídeo, sobre o humor, a língua, a linguagem inclusiva, a questão do género gramatical e os seus excessos:

Excerto de um encontro sobre humor, língua e linguagem inclusiva

      No final, pode concluir-se que, com humor, muito se aprende sobre a língua e a linguagem, onde o politicamente correto é tudo menos aquilo que diz ser.

      A rir se corrigem os novos tempos e políticas que pouco têm de linguístico, apesar de o quererem fazer como campo de lutas para as (des)igualdades.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Não mereço

     Logo a abrir,...

     Quando me preparava para começar a ler, só a persistência fez ultrapassar a barreira:

Com muito 'você' e um acento a desmerecer o(s) leitor(es)

       Não mereço o pensamento, logo à primeira palavra com o acento errado. 
     Reformulo, portanto, o pensamento, inspirando-me no que às vezes (às) está próximo: às (às, de novo) vezes, tenho de esquecer aquilo que definitivamente não quero, para começar a entender que, neste mundo, há pessoas que fazem e são aquilo que não mereço.
      Ninguém merece.
      Prossiga-se com o acento errado e dê-se importância ao que se faz de e por bem.

     ... não é que apetece desligar?