Estes são os verdadeiros sentimentos de quem se sente ameaçado.
Quando actualmente se ouve um dirigente político a falar, tem que se escutar tudo muito bem (pelo que se diz, pelo que fica por dizer e pelo que, definitivamente, não foi dito). Agradados ou não, há depois que tomar posição (simpatizante ou não) pelas reais ou possíveis consequências dos discursos e dos actos.
Ora, ter hoje, em contexto de eleições presidenciais e perante uma crise generalizada no país, um dirigente político a dizer que pretende "ir de encontro às necessidades dos portugueses" (e elas começam a ser tantas!) é caso para gritar "Fujamos, porque não há esperança. O choque vem mesmo aí, seja com quem for!" (como se não o soubéssemos já).
Há uma tendência para indiferenciar as expressões "ir de encontro a" e "ir ao encontro de"; todavia, a troca de lugar nas preposições aponta decididamente para vectores de orientação significativa distinta: no primeiro caso, há choque (porque se trata de "ir contra qualquer coisa ou alguém"); no segundo, há aproximação (no sentido da companhia, da afinidade, da conjugação de esforços).
Assim, não se trata de ver na primeira expressão uma questão de elegância, de simples registo, como forma selectiva do "falar bem". Em qualquer situação, nomeadamente nas formais, chega a desdizer-se o que realmente se quer.
Em suma, como português, gostaria que viessem AO ENCONTRO Das minhas necessidades; não DE ENCONTRO A elas - pelo menos, quando quero descansar, buscando o mar ou as árvores. Neste último caso prefiro ir ao encontro destas; não de encontro a elas, porque certamente sou eu que me aleijo.
Caso para dizer, como na velhinha cantiga, "p'ra melhor está bem, está bem! P'ra pior já basta assim".
Fantástico...
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