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segunda-feira, 30 de março de 2020

Contributo para a vida

       Em dia de pesar para a Linguística em Portugal.

       Maria Helena Mira Mateus é nome incontornável. Sempre o será.
      Nunca foi minha professora, senão em duas ocasiões (encontros de formação linguística, um no Porto, outro em Coimbra) que deram para concluir do entusiasmo, da delicadeza e afabilidade com que tratava de assuntos complexos da língua, do trabalho que levava a cabo no campo linguístico, numa partilha serena e acessível, sempre acompanhada de olhos sorridentes.
    Enquanto uma das autoras da publicação da Gramática da Língua Portuguesa (da editorial Caminho), tanto na versão original (1983) como nas posteriormente revistas e ampliadas (1989, 2003), é decisivamente uma figura que me tem acompanhado no caminho profissional. Sempre que consulto a obra, o nome sobressai à cabeça da capa. A "Gramática da Mira Mateus" (et al.), ou o familiar "tijolo", tem sido fonte de resolução de algumas dúvidas, algumas questões, alguns problemas no funcionamento e na descrição do Português.
      É daqueles nomes, como o de Óscar Lopes e outros, que marcam a identidade dos profissionais que os leem. Citei-a algumas vezes quando planifiquei aulas, quando investiguei, quando escrevi alguns apontamentos nesta "Carruagem". Essencialmente, li-a e voltarei, por certo, a (re)ler. Nessa medida ensinou-me e também aprendi.
  Um dos seus textos, com o qual trabalhei mais aprofundadamente, resultou da comunicação "A contribuição do estudo dos sons para a aprendizagem da língua". Foi produzida no 7º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português e nela se exploram relações da fonética e da fonologia tanto com a aprendizagem da ortografia (que, no caso do português, é essencialmente fonológica) como com a compreensão e produção oral, para não mencionar questões associadas à leitura em voz alta ou ao discurso oral adequado / apropriado às circunstâncias de produção. 
      Destacando aspetos fonético-fonológicos, não deixou de abordar efeitos pragmáticos, discursivos, de face exposta do comunicador, relevantes, como se pode ler na comunicação da investigadora, também com inserções no campo pedagógico-didático:

     "... a identificação de características rítmicas, entoacionais e acentuais do Português pode ser utilizada para mostrar aos alunos que, ao servirem-se desses meios quando falam, podem tornar o seu discurso oral persuasivo, interrogativo, agressivo ou agradável conforme o desejarem, podem chamar a atenção para certos aspectos que consideram necessários e podem interessar e convencer os seus ouvintes. É inegável que o estudo da fala em que se considera a interligação de todos os factos prosódicos é um estudo aliciante e torna a aprendizagem da língua mais colorida, ao mesmo tempo que se apresenta como um domínio cheio de interrogações e de mistérios."
in art. cit (2007: 18)

       Não a podendo mais rever presencialmente, será sempre alguém que me acompanhará no futuro. Estou certo do seu contributo para a vida e para as "cores" da língua portuguesa.

        Que descanse em paz, numa altura em que a homenagem que lhe é devida fica condicionada por tempos de agonia entre os vivos.
        

terça-feira, 2 de julho de 2019

"Isto não vai lá com Oficinas de Escrita"!!!!!!!!!

        E agora que ando a dinamizar formações sobre o tema, só me faltava ouvir esta!

    A opinião é de António Carlos Cortez, que, no programa Prós e Contras (RTP1) sobre a 'Revolução Digital na Educação', profere, por duas vezes, que as oficinas de escrita não são a solução para os problemas no ato redacional dos alunos.
        Revejam-se os momentos:

Montagem de excertos do programa 'Prós e Contras' 
(RTP1 - emissão 01.07.19)

      No meio de tanto posicionamento crítico sobre a era digital na educação - a maior parte dele a ser subscrito por mim no que à "esquizofrenia" da supremacia  tecnológica diz respeito -, o tópico da oficina de escrita tocou-me ('Quem não se sente não é filho de boa gente, dizem') e critico (reconhecendo que 'Quem critica os defeitos é porque ainda não viu as virtudes', se as houver). Discordo que 'isto não vá lá' com oficinas de escrita, se estas resultarem de projetos estruturados; de dinâmicas faseadas, progressivas e moldadas pelos pressupostos da pedagogia da escrita; de oportunidades de instrumentação sistemática da escrita (com explicitação e consciencialização de técnicas redacionais).
     Só parcialmente compreendo a ideia, no caso de o conceito de 'oficina de escrita' ser redutoramente perspetivado no âmbito da escrita lúdica e recreativa. Podendo esta última constituir uma oportunidade de indução e exposição à escrita, não é garantidamente suficiente para a aprendizagem deste domínio fundamental às disciplinas que nela se apoiam e dela fazem depender a avaliação - isto é, quase todas.
         A aprendizagem da escrita faz-se, sim e também, com oficinas de escrita, quando estas são dinamizadas na consciência da aplicação de instrumentais e de processos que a escrita requer e uma pedagogia da escrita preconiza. Planificar uma sequência de aulas que visa o ensino de mecanismos de escrita (passando pela planificação, textualização e revisão, na progressão e na retoma sucessiva das etapas); orientar o ato de escrever segundo metodologias que permitam passar de focos a nível macro (planificação, gestão de informação, conhecimentos de mundo e universos de referência, domínio lexical, coerência) para focos a nível micro (sequencialização e textualização a nível de ortografia, pontuação, sintaxe); fasear procedimentos que, uma vez revistos e consciencializados, permitam integração e articulação em desempenhos mais consistentes, não sei por que razão não pode este percurso ser designado de 'oficina de escrita' (prefiro às cozinhas, de Cassany, ou aos estaleiros, de Jolibert), quando tal significa colocar os alunos em trabalho orientado, continuado, progressivo, integrado e partilhado com os professores.
        Diria mesmo que desta forma ou trabalhando a escrita com alguns pressupostos oficinais se criam condições de ensino-aprendizagem desejáveis, porque motivacionais e capazes de implicar professores e alunos em ação / atividade conjunta, na explicitação e na consciencialização de técnicas conducentes a desempenhos mais consistentes.

        Em suma, com oficinas de escrita ou escrita com alguma oficina constroem-se oportunidades estratégicas de ensino-aprendizagem participados e implicados em percursos de maior sucesso (porque de maior condução para desempenhos crescentemente autónomos). Interessa ensinar e aprender a escrever.
  

sexta-feira, 22 de março de 2013

A um pequeno GRANDE HOMEM e ENORME PROFESSOR

     Há nomes tão grandes que não desmerecem as pessoas exemplares que os têm, por mais pequenas que nos surjam aos olhos.

     Lembro-me, enquanto estudante do ensino secundário, que era dos nomes mais citados sempre que se pretendia referenciar ou desenvolver algum trabalho sobre literatura. A História da Literatura Portuguesa era, então, título consabidamente conhecido entre os jovens que se orientavam para os cursos de Letras (como eram então conhecidos, na década de oitenta do século passado). Não quer isto dizer que os de Ciências o desconhecessem, mas havia já um sentido de identidade que os alunos dos cursos humanísticos assumiam na frequência com que ouviam falar tanto de António José Saraiva como de Óscar Lopes.
    Quando, em 1984, entrei para o curso de Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, voltei a deparar-me com o nome do Professor Doutor Óscar Lopes no momento de inscrição nos horários de Introdução aos Estudos Linguísticos. Ganhava aí a consciência da extensão maior de saber num homem: do historiador de literatura para o linguista. Copiava então um nome que já respeitava e que imaginava na grandiosidade física proporcional à imponência do saber. Verificado o horário da disciplina, mais o local, apresentei-me no anfiteatro pequeno da faculdade, então localizada na Rua do Campo Alegre, num edifício junto ao Jardim Botânico. A curiosidade era imensa: se a compatibilidade horária com outras cadeiras do plano de estudos de Português-Inglês me fez assistir e frequentar as aulas da Professora Fernanda Irene Fonseca (circunstância de que não me arrependo em absoluto), não pude deixar de me infiltrar num grupo que iria trabalhar com quem, à partida, eu gostaria de ter ficado mais tempo e mais perto.
     Recordo-me das primeiras linhas de apontamentos que tentei tirar, depois do espanto de ter visto entrar e ficar à minha frente um professor de pequena estatura, aspeto franzino, semblante aquilino e trato afável. Explicou a todos os presentes que tinha ido almoçar muito rapidamente à Alicantina e acabara por gizar, num pequeno e fino guardanapo de papel (entretanto retirado, e desdobrado, do bolso do sobretudo),  os tópicos para o tema de que ia falar: sinais e linguagem. E, para tal, nada melhor do que convocar experiências e conhecimentos de mundo.
    Tentei tirar apontamentos, sim,... tentei. Mas o assombro do que foi essa aula estava mais para apreciar o que ouvia do que para me perder na escrita. Cheguei mesmo a listar as ciências e/ou áreas de saber que foram evocadas naquela sessão de 120 minutos:  astrologia e astronomia, biologia, ciências náuticas, física, química, economia, geografia, sociologia, filosofia, medicina, música, pintura, arquitetura... Entre a angústia de pensar que era melhor registar o que ouvia (para não perder) e o prazer de escutar, de acompanhar os raciocínios e a argumentação produzidos, fiquei-me pela segunda.
    Repeti a experiência por mais cinco / seis lições, com o mesmo fascínio e, reconheço, a vontade de poder dominar só uma pequeníssima parte de todo aquele saber, conjugado com naturalidade e humildade capazes de motivar qualquer público.
     Nesta grandeza, explica-se como era possível encontrar o Professor caminhando no passeio da Avenida da Boavista, junto à parede das casas, sem qualquer nota de protagonismo e como que humildemente procurando proteção e generosamente oferecendo o espaço restante aos que com ele se cruzavam.
     Anos mais tarde, em maio de 1996, quis o destino que fizesse parte de uma comissão organizadora de homenagem a Óscar Lopes - o 1º encontro de professores de português (a língua mãe e a paixão de aprender), promovido pela Areal Editores no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos. Dava eu aulas, nessa altura, na Escola EB2,3 de S. Pedro da Cova. Assim que o Professor o soube, pediu-me que ensinasse e fizesse o melhor que pudesse por aquelas gentes de que tanto se lembrava e estimava. Assim o quis fazer, por não poder ser por menos - nessa altura, Vasco Graça Moura, que nunca tinha sido aluno direto de Óscar Lopes e todavia sempre se sentira como se o tivesse, chamou-lhe "o Professor dos Professores" (expressão de correção e rigor).
      Com Óscar Lopes ficou-me uma máxima: "O sentir liberta-se quando o pensar está bem arrumado" [in Gramática Simbólica do Português (um esboço), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1971]. Também, um princípio pedagógico-didático: "O aluno não precisa de saber exactamente para onde vai, mas o professor precisa; e, se o souber, descobrirá muito mais facilmente qual o modo mais adequado de interrogar, de estimular problemas interpretativos, e qual a melhor altura para inculcar as peças de raciocínio simbólico, e para, pouco a pouco, as articular com vantagens correlativas no domínio da precisão racional e no do apuramento da sensibilidade" (idem, pág. 8).
    Transcrevo aqui algumas das sábias palavras que ouvi há quase vinte anos e que (re)leio hoje na pertinência e no ajustamento de qualquer tempo:

      "Eu chamo a esta disciplina [falando do Português] uma superdisciplina, porque, no fundo, deveria coroar todo o ensino, ou toda a comunicação. É na língua materna que tende a confluir tudo o que se aprende, e por isso esta é, por excelência, a disciplina em que há sempre algo de novo, em que o professor, com a integridade dos seus dons, ultrapassa de longe o próprio programa. É preciso estar atento ao novo que se exprime literariamente, incluindo o mundo que se traduz em qualquer língua estrangeira (...). Por outro lado, a nossa gramática escolar tem de condizer com a mais exacta das nossas disciplinas, a matemática, que assenta não no algarismo (o algarismo decimal veio do Oriente, no século XII, com os Árabes - os Árabes! -, e só nos familiarizámos com esse sistema de numeração no século XVIII), mas nas operações mentais, que se realizam em qualquer das sete ou oito mil línguas do mundo. É indispensável que o professor de língua materna e o professor de cálculo formal (ou matemático) se compreendam um ao outro, porque, de contrário, somos nós que não nos entendemos, impotentes, perante uma grande manifestação de esquizofrenia real que já não pode vencer-se".
(Excerto da alocução do Professor Óscar Lopes,
no 1º encontro de professores de português - homenagem a Óscar Lopes,
2-3 de maio de 1996)

      Um Professor que teve a paixão de ensinar, pela paixão que teve com e pelas causas justas.
      RIP


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Dia cheio, completo, com muita elipse e palavras por dizer

    Hoje fui elíptico até dizer chega (de ser elíptico, claro está!)

    Fechou hoje um círculo de formação ligado às Conferências de Português, já aqui anunciadas.
  Manhã e tarde dedicadas a formação, para cerca de cinquenta pessoas interessadas em partilhar experiências, saberes, poesia e afetos. Foi o IV Encontro de Linguística de Gondomar, desta feita integrado num plano de formação de 35 horas que a 'Oficina da Língua da Escola Secundária de Gondomar' tem vindo a dinamizar desde outubro passado.
   O dia terminou tarde, é certo, mas com as palavras poéticas de um colega que foi bom rever, ouvir, partilhar por mais breve que tenha sido o seu momento. Iluminou, na verdade, o fim da tarde com a leitura de alguns poemas; as suas impressões; o seu poder criativo no cruzamento com episódios de uma vida despreocupada com o estilo, com a metáfora, para deles poder tirar o máximo partido, sem ter de os banalizar.
    Diz-se que não há duas sem três, mas no meu caso é melhor dizer que não houve três sem quatro.
   O meu contributo neste encontro esteve "Entre as palavras ditas e as não ditas" (na companhia de provérbios, da ironia, de pressupostos, de implícitos, de implicaturas e de construções elípticas que se reveem na oralidade e na escrita, que se pretendem no ensino e na aprendizagem da língua), no seio do que tanto teve de enriquecedor, conforme se pode constatar pelo programa.


    Da comunicação produzida, ainda farei registo mais desenvolvido neste espaço, assim se cumpra algum descanso.
    Abandonada a ESG ao final de um dia de sábado, ficou a sensação do dever comprido e cumprido. 
    No fim, o momento mais esperado...

   Entre as palavras ditas e as não ditas, espero que não tenham surgido as interditas (porque ainda há grupos nos quais nos sentimos bem e com sentido).

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ciclo de Conferências de Português

       Começa um ano de trabalho(s).

      Vi hoje publicado, no Facebook, o cartaz de divulgação com o produto de uns dias de trabalho intensos e acalorados numa equipa de colegas interessada em partilhar o que se vai fazendo por estas bandas gondomarenses. O desafio lançado pelo Centro de Formação Júlio Resende começou a dar os seus passos mais visíveis.
      Chegou a bom termo a planificação feita. O cartaz do Luís Costa ficou "au point".

















Prospecto de divulgação
Centro de Formação Júlio Resende
Gondomar

      Aqui segue o programa (é só clicar sobre ele, para o ver um pouco maior)


      (Há ali um nome que está muitas vezes repetido. Espero que seja erro tipográfico!)
      Agora que tudo está prestes a começar, é bom ver o que já foi feito.

      E para o que aí vem, só me apetece dizer: no que nós nos metemos! É o que dá quando nos metemos "na língua que (nós) somos".

domingo, 11 de julho de 2010

Ai que é já depois de amanhã!

       Não sei porquê, mas tenho a sensação de que vou fazer exame. Oxalá não reprove!

     No 1º Encontro 'A Linguística na Formação de Professores de Português' estava numa posição mais cómoda: a de espectador!
    Agora, vou ser espectador e comunicador. Espero que o seja com alguma "consciência". Impõe-se.
   Pretendo começar por dar conta de uma conversa que veio ao meu encontro no melhor dos momentos (Uma amiga dirá: nada é por acaso. E tem razão!).
    Aqui vai um pouquinho da comunicação:

    "... começo por partilhar um episódio recentemente experienciado.
    O local é uma feira do livro-outlet em Espinho. Aí captei uma conversa de dois interlocutores que se pronunciavam sobre o interesse da leitura e as vantagens desta para o melhor conhecimento da língua. Disfarçadamente procurei acompanhar o que era dito. Simulei o meu interesse por algumas páginas de livros avulsos, quando eram os ouvidos a deixarem-se levar por uma reflexão que me despertou a atenção pelo tema e pela preparação da comunicação para este encontro (que, então, se avizinhava). Mencionados alguns erros comuns na utilização da língua - como os familiares ‘bem-vindo (adjectivo, interjeição) / benvindo (nome)’, ‘traz (verbo) / trás (preposição)’, ‘comesse / come-se’, ‘adesão / aderência’), evoluiu-se para a discussão de estratégias na resolução de outros casos críticos. Um dos elementos dizia que, na escrita, tendia a substituir a palavra ‘ansioso’ por ‘perturbado’, por não conseguir «conscientemente» distinguir se na primeira devia grafar ‘s’ ou ‘c’; o outro lamentava que muitos dos nossos jovens separassem (cito) “os ‘mos’ dos verbos”, quando ele tinha aprendido uma regra fácil para evitar esse erro tantas vezes cometido: «Olhe, nada mais fácil que colocar o ‘nós’ antes do verbo, para saber que não devo separar o ‘mos’».

     Isto de contar conversas alheias não está a parecer comportamento lá muito virtuoso. Enfim!

    Tenho mais dois dias ...

sábado, 27 de março de 2010

Fim de um ciclo: a propósito do ensino da gramática

     Foi em Manteigadas, no Auditório da Escola Profissional de Setúbal, que se concluiu um périplo pelo país. Objectivo: reflectir acerca do ensino da gramática.

      A presença de mais de meia centena de profissionais em vésperas de Conselhos de Turma e do final de mais um período lectivo foi o exemplo da motivação e do empenho para mais uma manhã (das poucas que houve este ano iluminadas pelo sol) destinada à reflexão sobre um tema que se tem vindo progressivamente a revalorizar na formação e nas práticas docentes.
      As questões são muitas, as dificuldades não são menores, para um tema que está longe de ser consensual (entre o "mal necessário" e o domínio sentido como uma das especificidades de um professor de línguas).
      Vários foram os tópicos abordados:
       i) o trabalho da gramática desde o primeiro ciclo, a par de outras competências (num alargamento dos planos de análise da língua, da melhoria dos desempenhos orais e escritos, da consciencialização das variedades e da norma-padrão, além da natureza formal das realizações);
     ii) o conhecimento explícito, no seu estatuto idêntico ao das demais competências (dupla perspectivação: quer como competência autónoma quer como competência instrumental e transversal);
      iii) gramática e progressão (do conhecimento implícito ao explícito, visando uma maior consciência, estruturação e sistematização desse conhecimento como condição de aperfeiçoamento fundamentado e crítico das restantes competências);
     iv) a anualização (dispositivo de planificação que activa a progressão gramatical na sua dimensão criteriosamente multifocalizada e estratégica, voltada para um conhecimento criticamente fundamentado);
     v) a terminologia gramatical como instrumento ao serviço de um discurso pedagógico mais rigoroso, propiciador de maior segurança quando formativa e formadoramente entendido;
      vi) a oficina gramatical como um exemplo de aplicação prática.

     No final de mais um percurso, fica a expectativa de se ter contribuído para a chamada de atenção relativamente a uma área estruturante no ensino da língua (materna). Entre as práticas que autonomizam a estrutura e o funcionamento da língua (consciencializando os alunos de um conjunto de procedimentos e técnicas necessários a um melhor desempenho linguístico) e as que assumem um percurso integrado da reflexão gramatical com as demais competências de compreensão / expressão orais ou escritas, todas se orientam para o reforço do trabalho de um domínio nuclear, estruturador do pensamento e do saber, os quais relevam a existência e a cognição do próprio Homem.

sábado, 20 de março de 2010

Gramática por terras de Viriato

    Em Viseu, com cerca de uma centena de companheiros de trabalho.

     
     Num dos auditórios do Hotel Príncipe Perfeito, houve tempo para se falar sobre um dos domínios programáticos do ensino do Português: o ensino da gramática.
     Em articulação com o novo programa do ensino básico e o do secundário; explorando a questão da progressão no âmbito da estrutura e do funcionamento da língua; considerando a importância que a terminologia linguística possa ter ao nível do discurso pedagógico-didáctico; convocando a segurança que os doentes possam experimentar ao adoptar uma nomenclatura cientificamente mais estável e sustentada em estudos linguísticos; exemplificando o que possa ser um trabalho de oficina gramatical (a partir de um texto, isolando um aspecto significativo e conectando com diferentes domínios, numa perspectiva de integração de domínios), foi dinamizada uma sessão de trabalho que se caracterizou também pela interacção e intervenção dos participantes.

      Mais haveria certamente para dizer, mas o tempo é sempre escasso quando o assunto se impõe como estruturante no saber e nas aprendizagens.

sábado, 13 de março de 2010

Mais uma etapa na Gramática: Albufeira

       Hoje, foi a vez de Albufeira.

    Cerca de oitenta colegas, com muita vontade de ouvir e alguma coisa para partilhar, compuseram largamente o auditório da Escola Básica e Secundária de Albufeira.
    Depois de dinami-zada a sessão, por mais adiantada que fosse a hora, houve alguns mi-nutos para trocar impressões, questões, alguns pedidos...
    Na linha das experiências anteriores, foram abordados os seguintes tópicos:
. ensino da gamática no contexto do novo programa de Português do ensino básico, mais o do ensino secundário;
. especificidades nas orientações de 1º, 2º e 3º ciclos;
. propostas de anualização (no básico) ao nível do conhecimento explícito da língua;
. progressão nos conteúdos linguísticos;
. metodologias de trabalho no ensino da gramática (o caso da oficina gramatical);
. exemplos de trabalho / materiais com pouca terminologia (só a necessária para o professor se sntir mais seguro no que diz e no que pede).

    Um tempo que, espero, tenha sido compensador, para esquecer o dia de sol que não se pôde aproveitar. Prova de que outros valores mais altos "se alevantam".

sábado, 6 de março de 2010

Casa do Professor, em Braga, com gramática

       Depois do Porto e de Castelo Branco, o regresso ao Norte.

       À volta de oitenta professores ocuparam o auditório da Casa do Professor de Braga para mais um momento de reflexão sobre o ensino da gramática.
       Na lógica dos encontros já dinamizados, este pautou-se por algum espaço de interacção, resultante do próprio interesse dos ouvintes. As dúvidas impuseram-se, os casos propostos mereceram a resposta na linha do que ia sendo desenvolvido na comunicação.
       Esta centrou-se nos seguintes tópicos:
       . o ensino da gamática no contexto dos programas dos ensinos básico e secundário;
       . a progressão gramatical reflectida num trabalho de planificação / anualização;
       . a terminologia linguística ao serviço da formação docente e suas implicações no discurso pedagógico-didáctico;
       . exemplificação do ensino da gramática: um caso de oficina gramatical  partir de um texto concreto;
       . a gramática com sentido: entre a pertinência e a interface sintaxe-semântica.
      Esta alargou-se para outros tópicos que implicaram a explicitação de uma outra visão do funcionamento dos departamentos / grupos disciplinares, de um posicionamento docente mais autónomo e legitimamente sustentado numa formação inicial e contínua atenta às especificidades do nosso objecto de trabalho e de estudo: a língua.

      A todos os que se predispuseram a assistir a este encontro e particularmente aos muitos que se mantiveram até ao final, impõe-se o agradecimento pela atenção e pelos desafios criados na interacção, certamente motivados pelas necessidades que fazem tantos profissionais procurar este tipo de sessões.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Por terras albicastrenses, com gramática

     Nova sessão sobre o ensino da gramática, na terra natal daquele que foi um dos médicos mais reconhecidos do século XVI: Amato Lusitano (pseudónimo para o judeu João Rodrigues - um físico notável, como se diria no tempo).

      Mais um momento para dinamizar uma sessão acerca do ensino da gramática.
      E, a propósito, abordaram-se tópicos como:
      . Gramática e programas de ensino;
      . Gramática: progressão conhecimento implícito > conhecimento explícito;
      . Progressão e anualização do domínio do conhecimento explícito: casos práticos;
      . Gramática, terminologia e discurso pedagógico-didáctico;
      . Gramática e dispositivo estratégico: oficina gramatical;
      . Gramática e integração de níveis de análise.

     Cerca de cinquenta profissionais acompanharam esta iniciativa, que já vai tendo representação em vários pontos do país. Aos persistentes, interessados no tema e fiéis à oportunidade, impõe-se o agradecimento por terem ficado com menos uma manhã (a atirar para a tarde) de descanso ou até de preparação para o que será a próxima semana.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Novo encontro... nova reflexão sobre o ensino da gramática

   Na linha do já acontecido no Porto, chegou a vez de Aveiro: uma sala com cerca de 180 profissionais para ouvir falar sobre o ensino da gramática.

    Chegados ao 'Centro Cultural e de Congressos de Aveiro', tudo se conjugou para que se concretizasse mais um encontro de professores de Português (do 2º Ciclo ao Ensino Secundário). O tema: Ensinar Gramática.
    Genericamente, os mesmos pontos apresentados no Porto foram objecto de uma reflexão que durou toda a manhã deste sábado.
      Oportunidade para abordar tópicos como:

. novo programa de Português no ensino básico;
. conclusões de leitura desse programa;
. especificidades nas orientações de 1º, 2º e 3º ciclos;
. propostas de anualização ao nível do conhecimento explícito da língua;
. articulação dos programas do ensino básico-secundário;
. progressão nos conteúdos linguísticos;
. metodologias de trabalho no ensino da gramática;
. interface sintaxe-semântica;
. exemplos de trabalho / materiais com pouca terminologia;
. gramática em contexto e com sentido.

     Mais houve por certo, atendendo às solicitações, às reflexões, às partilhas que vão acontecendo no final da comunicação. Mais haverá. E o agradecimento final impõe-se, por mais um sábado dispensado ao nosso exercício profissional, em detrimento do pouco tempo que se vai tendo em termos pessoais e familiares.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Calor humano em tempo frio com chuva

   Contra ventos e marés (porque houve muita chuva e algum vento a lembrar o frio), persistem os resistentes: professores motivados, em busca de partilha e encontros profissionalmente orientados para formação na área disciplinar. Ao sábado.


   E foram muitos (cerca de 300) os que, no Porto, partilharam comigo mais um dia de trabalho e de reflexão sobre o ensino da gramática.

   Foi tempo para se falar
. do contexto do novo programa de Português no ensino básico;
. de algumas conclusões de leitura desse programa;
. de especificidades de 1º, 2º e 3º ciclos, bem como de propostas de anualização ao nível do conhecimento explícito da língua;
. do programa do ensino secundário e de como, regressivamente, a articulação básico-secundário se refez;
. do que seja a progressão em dois casos concretos de conteúdos linguísticos;
. de metodologias de trabalho, no que ao ensino da gramática diz respeito;
. de vantagens na articulação de domínios (interface sintaxe-semântica);
. de exemplos de trabalho / materiais com pouca terminologia;
. de gramática em contexto e com sentido.
    E tanto mais havia para dizer, para perguntar e esclarecer.

   Ficaram reflexões, pistas, linhas de acção, propostas de trabalho e orientações para que se aproveite uma oportunidade para constituir grupos de trabalho, parcerias e redes de comunicação que propiciem melhores condições para o muito trabalho que há a fazer. E o agradecimento a todos os que estiveram presentes (de longe e de perto), inclusive aos organizadores e aos que me dirigiram a sua palavra de apreço.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Progressão(ões) da Gramática

      Na sequência dos encontros em que participei, falando sobre o ensino da gramática.

    Mediante as solicitações recebidas, faço publicar, na íntegra, a comunicação apresentada acerca da noção de progressão(ões) no ensino da gramática.
     Estas foram as linhas de reflexão partilhadas no Porto (Fundação Cupertino de Miranda e Hotel Meliá), bem como em Lisboa (Universidade Católica Portuguesa).
      Propõe-se o seguinte alinhamento:
Capa da primeira gramática portuguesa, de Fernão de Oliveira (1536):
Grammatica da lingoagem portuguesa

   "A progressão como passagem do simples para o complexo, como orientação do familiar ou frequente para o desconhecido ou menos comum, como transição do genérico para o específico não pode desconsiderar o critério da utilidade e do que se revela necessário para determinadas opções discursivas, certos objectivos comunicativos que implicam o conhecimento e a explicitação de alguns dados da língua."

     Acrescentam-se alguns cuidados na terminologia gramatical, no discurso pedagógico, entre outros dados que articulam a gramática com as competências de leitura, de escrita e de abordagem literária.

      A bem da comunidade profissional a que pertenço.

sábado, 16 de maio de 2009

Porque não há duas sem três...

     No Auditório Cardeal de Medeiros da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, houve oportunidade para partilhar mais uma reflexão sobre o ensino da gramática.



     Bastantes professores de Português, todos na ânsia de saber algo sobre os novos programas do ensino básico, na partilha de reflexões sobre formas e modos de ensinar, de avaliar. Muitos abordam os comunicadores nos espaços ditos de intervalo: algumas angústias, algumas dúvidas, algumas dificuldades. Traçar caminhos, ultrapassar angústias, orientar para uma formação contínua responsável e séria, constatar a necessidade de pesquisar, de estudar, de saber mais.
    À lógica de experiências e comunicações já apresentadas, regista-se e recorda-se o que foi uma síntese do meu contributo, desta feita mais prolongado no tempo de comunicação. Destaque para tópicos de conversa centrados:
a) nos novos programas e na adopção de manuais escolares;
b) no Dicionário Terminológico (entendimento, funcionalidade, aplicação ao ensino);
c) em práticas de escrita e de ensino da gramática (articulação, gestão temporal, avaliação de desempenho e algumas evidências na progressão e evolução de competências dos alunos).

     Um (re)encontro sempre atento às necessidades docentes e a partilha de convicções, crenças, pistas de trabalho acerca do que o presente anuncia como futuro, não obstante alguns imponderáveis no trajecto e a consciência de que muitas questões colocadas se centram em tópicos que não podem ser tomados como novos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Conversas à volta da gramática


    Ora vamos lá conversar... para gramaticar (como o diria D. Francisco Manuel de Melo, no século XVII, na sua A Visita das Fontes)?


   Foi com este (sub)título que contribuí com uma comunicação, em jeito de "conversa", acerca da gramática (diria: questão séria e que me é cara para um registo de casualidade, de interacção feita pela ausência de objectivo estruturado, estratégico, tendendo para uma actividade comunicativa feita muitas vezes da "informalidade" e de uma finalidade que se fica pelo gratuito e pelo desconjuntado, conforme uma das definições de 'conversa').
      O convite partiu da Gabriela Barbosa, da Escola Secundária de Monserrate. Um grupo simpático de colegas, motivado por esta questão estruturante no trabalho da nossa disciplina, ouviu pacientemente as minhas palavras, contribuiu e enriqueceu o momento com as questões e as observações formuladas. Houve até a oportunidade de reencontrar alguém dos tempos da faculdade, desse período de 1984-89 que em muito contribuiu para a minha formação (" - bom tempo era esse! -", diria o narrador de "A Dama Pé-de-Cabra", na versão romântica de Herculano). Alguma nota de informalidade no trabalho desenvolvido entre colegas (é sempre bom estar junto dos que connosco partilham ideias, preocupações); a seriedade e a reflexão estratégica que se impõem a profissionais interessados.
     A todos o meu agradecimento por um bom momento de trabalho vivido em Viana.
     Para memória futura, deixo aqui o registo do que foi uma súmula da comunicação.

    Uma breve referência aos da Carruagem 23 (eles sabem bem quem são): Não há mar que lave a preocupação; / dele quero receber a força, a união. / Com tormenta, com bonança /cumpra-se a vida na temperança.

sábado, 28 de março de 2009

Novo Encontro - ASA


     Mais um momento para comunicar... comungar...
(Hotel Meliá, Vila Nova de Gaia)

    Algumas caras conhecidas, outras nem tanto; uns amigos (como é bom saber que eles por lá estão, a dar um sorriso e a encorajar), muitos colegas.
     A propósito do ensino da gramática, houve tempo e espaço para:
. discutir critérios de progressão relativamente ao ensino da gramática (como considerar, entre outros, o critério da frequência, por exemplo);

. esclarecer dúvidas relativamente à classificação de conectores / articuladores (e o mais importante - manipular frases, contextualizá-las, substituir por articuladores sinónimos, explorar a dimensão lógica e significativa - saiu relevado relativamente ao que possa ser uma simples classificação ou a procura de uma tabela ou um esquema que contemplem o conector em questão);

. reflectir sobre a relação de entendimentos distintos face ao ensino da gramática (talvez mais complementares do que distintos): o do conhecimento explícito autónomo, numa metodologia de carácter oficinal; o do conhecimento explícito ao serviço da dimensão funcional e significativa dos discursos;

. problematizar o ensino da gramática à luz de documentos / instrumentos que regulam a prática docente (programas, manuais, exames);

. considerar que a prática indutiva é mais legitimadora do ensino e da aprendizagem da gramática, focalizando os conhecimentos que o próprio aluno constrói (a partir de um percurso que implique uma planificação assente em: selecção e constituição de um corpus; observação / comparação / construção de generalizações; análise e problematização; treino; avaliação).

     Citando João de Barros, na Gramática de Língua Portuguesa (1540), "porque nossa tenção é fazer algum proveito aos meninos que por esta arte aprenderem, levando-os de leve a grave, e de pouco a mais" (actualizado na escrita).

     Tudo isto na sequência de um pequeno contributo a que já fiz referência, há cerca de um mês.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Encontro ASA (28/02/2009)

   Lê-se, na versão digital do Público (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1367116 - última consulta em 01.03.2009, pelas 22:46)


Carlos Reis
Novos programas de língua portuguesa vão adaptar-se às tecnologias

28.02.2009 - 14h44 Lusa

Miguel Madeira (arquivo)

     O coordenador da equipa responsável pela concepção dos Novos Programas de Língua Portuguesa, Carlos Reis, considerou hoje no Porto que as alterações metodológicas, didácticas, científicas, sociais e técnicas dos últimos anos motivam "reajustamentos" nos programas e, nalguns casos, "alterações substanciais".
     A revalorização dos textos literários, enquanto "repositórios de uma cultura, de uma memória cultural e de um legado estético" e as alterações na linguagem introduzidas pelas tecnologias de informação e comunicação são dois aspectos tidos em conta nos novos programas. Carlos Reis falava no "Encontro Pedagógico" organizado pelas edições ASA para discutir os "novos programas e desafios da Língua Portuguesa".
     "Há 20 anos, as tecnologias de informação e comunicação, os textos electrónicos e o trabalho em rede praticamente não existiam. Estes programas têm isso em conta, sendo certo que todas essas ferramentas e linguagens interferiram e interferem no modo como se fala e como se escreve e a escola tem de estar atenta a isso", sublinhou.
    Segundo Carlos Reis, a escola "estar atenta" não significa "reprimir, ignorar ou proibir", mas sim "saber trabalhar com isso de forma criteriosa, ou seja, julgando, avaliando e hierarquizando as coisas". Carlos Reis presidiu ao encontro organizado pela ASA que teve como objectivo contribuir para um maior esclarecimento sobre os novos programas e sobre os possíveis modelos da sua abordagem, bem como facultar informação prática relevante sobre o Dicionário Terminológico, contemplado nesses programas.
     O ano lectivo 2010/2011 é apontado como um ano de mudança no que respeita às práticas pedagógicas inerentes à Língua Portuguesa, no seguimento da concepção de Novos Programas para a disciplina. O programa do encontro incluiu apresentações e debates subordinados aos temas "Novos Programas de Língua Portuguesa (2.º e 3.º Ciclos)", "Manuais de Língua Portuguesa e os Novos Programas", "História de uma Aula e dos Percursos a que um Texto Levou", "Do Saber a Gramática ao Saber-fazer na Língua" e "Progressão(ões) no Ensino da Gramática".
     A elevada adesão ao encontro, cerca de 500 pessoas, levou, entretanto, a organização a promover duas novas sessões: no Porto, no dia 28 de Março, no Hotel Mélia, de Gaia; em Lisboa, ainda com data e local a definir.

    O meu pequeno contributo fica registado pelo título da comunicação que fechou o encontro dinamizado, na Fundação Cupertino de Miranda, pela Asa Editores: "Progressão(ões) no Ensino da Gramática". A aposta foi da Isabel Castiajo (uma amiga que se cruzou comigo na Escola Secundária de Gondomar). Da comunicação fica aqui uma síntese.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

2º Encontro de Linguística de Gondomar

     Mais uma iniciativa da Oficina da Língua e do Departamento de Línguas Românicas, da Escola Secundária de Gondomar. 
   
    A convite da Dolores Garrido, da Glória Poças e da Idalina Ferreira, preparei uma comunicação alusiva ao tema das histórias e da arte de as (re)contar: Com versões narrativas.
  No auditório da Biblioteca Municipal de Gondomar, numa sala cheia de professores e de alunos, participei numa mesa de comunicações, onde estiveram presentes mais duas amigas - a Ana Catarino e a Isaura Afonseca - para dar conta dos muitos sentidos da linguagem que nos une e sempre "À volta das histórias".
      Falou-se do Conde de D. Pedro, de Alexandre Herculano, de Fernanda Frazão, das (não) fronteiras na linguagem de Miguel Torga e de todos os escritores que fazem viver a língua aos nossos olhos e aos nossos ouvidos.

    Voltei a lembrar a minha "Dama Pé-de-Cabra", que há já cerca de catorze anos tinha ficado por uma prateleira do escritório.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

1º Encontro de Linguística de Gondomar

     Um encontro de Linguística... e uma Festa da Língua! E que festa!

     O Clube da Oficina da Língua da Escola Secundária de Gondomar, sob a iniciativa da Dolores Garrido, da Glória Poças e da Idalina Ferreira e com a colaboração do Departamento de Línguas Românicas, decidiu levar a cabo (e em boa hora) a organização do 1º Encontro de Linguística de Gondomar.
      Muitas escolas do concelho participaram na iniciativa. Um bom momento para se dar conta do que se vai fazendo por estas terras em prol da nossa língua e no convívio crescente dela com outras que já se fazem ouvir no espaço escolar.
      O convite para apresentar uma comunicação honrou-me. Fica aqui o registo do meu contributo.
      Transmitir as palavras que Mário Cláudio fez chegar ao encontro foi uma responsabilidade e um prazer acrescido: emprestar uma humilde voz ao pensamento elaborado e conceituado de um grande escritor (que também cita outros grandes como ele).


Momento da leitura do texto de Mário Cláudio, 
na companhia do Dr. Joaquim Barbosa, 
um dos oradores do encontro.



Fraternidade


   Só quem diariamente convive com a Língua Portuguesa, perscrutando-lhe os segredos, deduzindo-lhe os impulsos, e agradecendo-lhe as pequenas lucilações do génio, ou as penumbras subtis da alma, alcançará realizar de que humaníssima verdade se tece todo um património imaterial. Corpo vigoroso, mas vulnerável, o português que falamos e escrevemos declina a nossa própria condição, de seres que procuram quanto lhes couber na herança de uma eternidade. Se não bastar isto ao amor que lhe dedicarmos, e que mais se nutre do sentimento partilhado do que da repetida lição, que conte ao menos o afecto com que soubermos viver esse “juvenil ressoar de abelhas”, essa “graça súbita e felina”, ou essa “modulação de vagas sucessivas e altas”, que Eugénio de Andrade ouviu nos versos de Luís de Camões.
                                                                                        Mário Cláudio

     Por várias razões, foram dois dias marcantes na companhia de pessoas amigas, muitos conhecidos e outros que se deram a conhecer pelo que são e pelo que fazem. Fez-me lembrar velhos tempos, o gostinho de iniciativas que fazem aproximar pessoas, profissionais. Criar laços.