Foi em Manteigadas, no Auditório da Escola Profissional de Setúbal, que se concluiu um périplo pelo país. Objectivo: reflectir acerca do ensino da gramática.
A presença de mais de meia centena de profissionais em vésperas de Conselhos de Turma e do final de mais um período lectivo foi o exemplo da motivação e do empenho para mais uma manhã (das poucas que houve este ano iluminadas pelo sol) destinada à reflexão sobre um tema que se tem vindo progressivamente a revalorizar na formação e nas práticas docentes.
As questões são muitas, as dificuldades não são menores, para um tema que está longe de ser consensual (entre o "mal necessário" e o domínio sentido como uma das especificidades de um professor de línguas).
Vários foram os tópicos abordados:
i) o trabalho da gramática desde o primeiro ciclo, a par de outras competências (num alargamento dos planos de análise da língua, da melhoria dos desempenhos orais e escritos, da consciencialização das variedades e da norma-padrão, além da natureza formal das realizações);
ii) o conhecimento explícito, no seu estatuto idêntico ao das demais competências (dupla perspectivação: quer como competência autónoma quer como competência instrumental e transversal);
iii) gramática e progressão (do conhecimento implícito ao explícito, visando uma maior consciência, estruturação e sistematização desse conhecimento como condição de aperfeiçoamento fundamentado e crítico das restantes competências);
iv) a anualização (dispositivo de planificação que activa a progressão gramatical na sua dimensão criteriosamente multifocalizada e estratégica, voltada para um conhecimento criticamente fundamentado);
v) a terminologia gramatical como instrumento ao serviço de um discurso pedagógico mais rigoroso, propiciador de maior segurança quando formativa e formadoramente entendido;
vi) a oficina gramatical como um exemplo de aplicação prática.
No final de mais um percurso, fica a expectativa de se ter contribuído para a chamada de atenção relativamente a uma área estruturante no ensino da língua (materna). Entre as práticas que autonomizam a estrutura e o funcionamento da língua (consciencializando os alunos de um conjunto de procedimentos e técnicas necessários a um melhor desempenho linguístico) e as que assumem um percurso integrado da reflexão gramatical com as demais competências de compreensão / expressão orais ou escritas, todas se orientam para o reforço do trabalho de um domínio nuclear, estruturador do pensamento e do saber, os quais relevam a existência e a cognição do próprio Homem.
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