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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Nem com Shakespeare isto lá vai...

  O fundo escuro com o texto a branco fez-me lembrar a comédia Twelfth Night.


   Já que do dramaturgo quinhentista / seiscentista inglês se trata, evoque-se a máxima "There is no darkness but ignorance" (Ato IV, cena II), proferida pelo bobo Feste, reforçando a metáfora da ignorância como escuridão.
     Tudo a propósito de uma série documental que tem vindo a passar na RTP2, sobre a vida e obra de William Shakespeare, na perspetiva de muitos estudiosos, investigadores, atores, especialistas na obra produzida e encenada.
       Logo a abrir o programa televisivo, lê-se:

Genialidade só no autor / escritor. Quanto ao resto,... (Foto VO)

     No melhor pano, a nódoa. Gosto do programa, do tema, do autor, da obra, mas no que toca a ascender, fiquemo-nos pela ASCENSÃO (e não o que aparece grafado). Na escuridão da imagem, a ignorância ortográfica.
       Algum conhecimento etimológico faria luz ortográfica: "ascensus" do latim está para ascenso, tal como "ascensio, onis" está para ascensão. Na família de palavras, a aproximação (orto)gráfica é evidente.

     A verdade é que Shakespeare é um dos maiores da literatura. Ascendeu por certo. Evidentíssima ascensão.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Assim não brinco!

       Quando está tudo preparado para...

       ... entrar na brincadeira e ter alguma diversão, eis que falha uma das regras:

Brincadeira nos seus primeiros sete passos (montagem fotográfica I, com agradecimento à PN)

Desafio dos passos finais, mais dois colocados por mim (montagem fotográfica II)

     Falo da regra da correção escrita, tanto no "*Encontras-te" (que devia estar sem hífen) como no "*autoculante" (que, numa sequência de formação de palavras, deveria sempre considerar, como base original, o que pode "colar"; ou seja, cola(r) > colante > autocolante).
        Apetece dizer: assim não brinco!

      ... ler dez vezes o mesmo erro! Como são dois erros constantes, chega-se a vinte. Removam já o autocolante do espaço público. Que brincadeira!

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Canhão... apontado ao erro.

       Guerra declarada, para que se escreva bem.

      Casos em que a fonética não permite percecionar bem a segmentação da palavra / expressão não permitem validar o desconhecimento de como se deve processar a escrita.
        A sistemática dificuldade em distinguir ' afim' de 'a fim (de)' é questão paradigmática. Entre o que é 'afim' (semelhante ou com afinidade) e 'a fim de' (expressão / conector de finalidade, sinónimo de 'com o objetivo / propósito de') nada há de parecido (ou afim) senão a sonoridade (uma aproximação homofónica que não resulta em homografia). 
      A fim de (ou para) se escrever bem, reconheça-se a segmentação gráfica de 'a fim', bem separada, nem sempre reconhecida na fluência da realização oral da língua. Fica ainda a nota seguinte: o adjetivo 'afim' tipicamente seleciona a preposição 'a' (ser afim a / idêntico a / semelhante a), enquanto a expressão conectiva integra 'de' (a fim de / com a finalidade de / com o propósito de / com o objetivo de). 
     Outro exemplo crítico é o exemplificado no excerto de um aviso de condomínio, no qual se anuncia um novo canhão na porta de entrada e, consequentemente, se informa a entrega das chaves novas (que, coincidentemente, também são novas chaves, porque diferentes):

Um negrito mais separado do que devia; um 'a partir' tão junto que até irrita (Foto VO)

        A confusão entre 'aparte' (fazer um comentário, um aparte) e 'à parte' (colocar alguém ou algo à parte, separado) não chegava! Com o que se dá a ler, junta-se o 'a partir de' (a indicar o ponto de que se parte, o ponto inicial de um estado ou de uma situação).
        Ler o anúncio logo de manhã, fez-me colocar imediatamente uma barra oblíqua entre os termos da expressão, separando o que ninguém (nem Deus) podia ter unido:

Qual é a diferença, qual é ela? Não é só a cor, não! 

       Um canhão novo, chaves novas (não completamente igual a 'novas chaves', mas, enfim...) e um erro que importa evitar, a bem da escrita com correção.

       Não fosse eu ficar à porta, apetecia-me não ir ao escritório onde alguém escreveu o que não devia.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Descubra as diferenças

     Quando se celebra e se faz render uma vitória, tudo acontece.

     Depois do jogo Portugal - Suíça, com a vitória lusa por 6-1, defende-se que a partida irá ficará na história, na memória coletiva dos portugueses. Assim o dizem os comentaristas que falam, e falam, mais falam...
     Ora, por falar em memória, esta anda fraca no programa televisivo "Noites do Mundial" (na RTP3). No acompanhamento da entrevista ao treinador Fernando Santos, as legendas vão passando e repetindo informações, citações...
      Bastam segundos para os leitores descobrirem as diferenças:

Numa televisão segundos antes (com o agradecimento à TJ, que enviou foto)

Na minha televisão segundos depois, e fui eu a tirar a foto (Foto VO)

      Começou mal; acabou bem. Antes assim! 
    A diferença não está nos aparelhos televisivos nem na posição do entrevistado. O Fernando é o mesmo, mas não há santos que impeçam o mal de aparecer: a memória da escrita anda muito volátil, particularmente quando se esquece que o tempo passado, a duração temporal é escrita com "há" (o tempo que passou, que existiu, que deu ou dá lugar a um período com duração) e, de preferência, sem o "atrás", para não ser pleonástico.

      Vale a correção (do erro). A ela se dê a devida atenção (à correção, claro). E viva a seleção (de futebol)!

domingo, 23 de outubro de 2022

Negócios da China?

      Uma coisa é certa: não traz lucro para ninguém.

    Não me refiro ao assunto noticiado, apesar de dizer respeito à China e a um comportamento, pelos vistos, inusitado. Aludo, em concreto, a essa confusão que, por um lado, parece existir entre a 'ESpera' e a 'EXpectativa' (ou não fosse esta última palavra oriunda do francês - "expectative"), mas que nunca deve dar lugar à desordem ortográfica que grassa pela televisão; por outro lado, entre tirar e colocar 'c' nalgumas sílabas com som vocálico aberto e que o Acordo Ortográfico (1990) acabou por motivar alguma deriva (legitimando que a representação gráfica se justificasse, nalguns casos, pela realização fonética):

Da China ou não, o negócio é muito dúbio na escrita do Jornal das 8, na TVI (Foto TJ)

      Estranho a escrita de 'EXpectativa' (além de mal escrita na primeira sílaba) sem 'c', porque o digo / o leio no som [k] (tanto em francês como nas 'EXpeCtations' do inglês), tal como em 'faCto' (muito bem escrito, por sinal). Não reconheço o 'c' de 'afecta', por não o ler nem o dizer; logo, não o escrevo.

     Fica a credibilidade televisiva afetada e não sei se tenho muita expectativa quanto ao futuro da escrita do português correto (também já sem 'c').

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

É possível ser melhor... com acento

      Pode começar-se melhorando a escrita.

      É o que se me afigura dizer quando leio este pensamento:

Não há flores que escondam a imperfeição da escrita

       Logo a abrir, um acento gráfico (agudo) faz a diferença. Quem o fizer passa a ser melhor: mais correto, mais perfeito, com maior demonstração de qualidade(s).
       À semelhança de 'alguém', 'também', 'vintém', 'mantém', 'contém', 'armazém', 'parabéns', as palavras não monossilábicas agudas ou oxítonas (com sílaba final mais forte) terminadas em 'em' / 'ens' apresentam acento gráfico agudo.
       Inclusivamente, está aqui a distinção entre palavras como 'contem / contém' (com sílabas tónicas diferenciadas e correspondendo a verbos distintos: contar e conter, respetivamente).

      Ninguém, repito, ninguém deve esquecer-se do acento, sob pena de ser menos perfeito e, também, não poder ser melhor.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Pois, pois... e depois é o tempo das Dalilas!

      A iminência da guerra é deveras trágica. Outras tragédias com ela se cruzam.

    As expressões das jornalistas, mais a da intérprete de linguagem gestual, são coerentes com todo o quadro contextual e temático dos acontecimentos. E se estas lessem a legenda televisiva ainda seria bem pior:

A RTP2 e o Jornal 2 andam a ler muito a Bíblia! Deve ser para se redimirem - (Foto VO)

    É constrangedor que alguém confunda a personagem bíblica do Sansão com a designação de castigos ou formas de coação (isto é, sanção). As homofonias são uma desgraça para a ortografia. Talvez o reconhecimento da escrita de 'sancionar, sancionado, sancionário e sancionamento' contribuísse para uma aproximação mais adequada, correta à grafia devida com 'c' (junto de 'i') e 'ç' (junto de 'a').

   Nem a RTP2 escapa ao generalizado erro das legendas televisivas! Apetece dizer que o apelo a Sansões ainda vai ter continuidade com o chamamento das Dalilas.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Para lá da simpatia...

      Há que contentar com o gesto simpático!

      De resto, nada mais se pode pedir, quando se escreve mal.

   Certo é que 'pôr' tem acento gráfico (circun-flexo) na sua grafia. O mesmo não sucede com os com ele formados ou a ele fonicamente asso-ciados na sílaba final de verbo, na forma do in-finitivo -  como 'ante-por', 'compor', 'contra-por', 'descompor', 'dis-por', 'expor', 'impor', 'propor', 'repor', 'supor' e afins -, conforme já o indiquei em aponta-mento anterior.

    Se o contraste 'por' (preposição simples) / 'pôr' motiva a distinção gráfica, o mesmo não sucede com os restantes termos atrás mencionados. Sublinhe-se o facto de estar a considerar-se formas verbais no infinitivo (o que nada tem a ver com as formas conjugadas, como 'antepôs', 'compôs', 'contrapôs',...).

    Tipicamente as palavras terminadas em 'r' são agudas e não requerem acentuação gráfica - eis a razão para o infinitivo dos verbos e, por conversão, as formas nominais / nominalizadas não apresentarem acentos.

       Agradeço o gesto, portanto, mas ficaria mais grato pela ausência de acento.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Reação "poética"!

       Disseram-me para ler um poema que lhes dizia muito.

      Gosto destas partilhas genuínas, capazes de transformar o mundo e fazer de nós melhores pessoas. E quando de um poema se trata, digo que estou na minha zona de predileção.
      Ei-lo:

As palavras que sempre te direi: aprende a pontuar.

      Se ainda fosse para ouvir, até a mensagem poderia resultar (no conteúdo, sem atentar muito no vocabulário pobre da escrita). Como me pediram para ler, só me resta dizer: pontua melhor e serás grande!
    Talvez devesse dizer versos, mas apetece-me ficar pelas dez linhas do texto, que me apresentaram como poema. Escapa a última. Nas sete primeiras, uma vírgula separa sistematicamente o sujeito do predicado - o que nunca pode acontecer, enquanto regra essencial da língua; na passagem da oitava para a nona, existe um ponto e vírgula com uso estranhíssimo (melhor, incorreto) a separar o verbo - 'interfere' - do seu complemento - 'Naqueles que estão ao meu redor'.
      Nunca!
      Duas regras basilares da pontuação: não separar NUNCA o sujeito do predicado por uma só vírgula; não separar NUNCA o verbo dos seus complementos / predicativos por uma só vírgula (ou ponto e vírgula).

      Esta foi, assim, a melhor pessoa que "o poema" despertou em mim: a que denuncia os erros de pontuação, garantidamente, como exemplos a não repetir. É este o meu princípio de boa fé.

sábado, 15 de maio de 2021

As boas escolhas (que estão por acontecer)

      Serão sempre bem-vindas, quando feitas em consciência.

      Não é o que se passa quando se apresenta rodapés televisivos como o seguinte, tão comuns aos nossos olhos (na variedade polifacetada com que nos surgem):

Agende-se a vacina da língua (para quem já 'ESTEVE' e 'ESTÁ' infetado com o vírus da incorreção).
Jornal da Tarde, na RTP1. Hoje. À hora da foto. (Foto VO)

     Vai mal a utilização da língua em circuitos de comunicação responsáveis pela sua qualidade. Maltratá-la, com a frequência com que tem sido, impõe que se cumpra formação e informação - que deviam ser pressupostas -, a bem de quem a deve dominar na perfeição do "Bom Português". Contrariamente à versão que diz "À mulher de César não basta ser honesta; deve parecer honesta", este é um claro caso em que o parecer não chega. Deve primar pelo ser.
      Em consciência, deve assumir-se que alguém não só deve escolher o local de vacinação como também precisa de escolher bem a vacina urgente a tomar: a da língua e a da sua correção (tanto oral como escrita). Isto é no que dá falar com reduções, como a do verbo '(es)tar'. A um pequeno e breve passo se escreve 'teve' - ou outras variações correlatas em pessoa e número -, não a forma do verbo ter, mas a do 'tar' que alguém errada e afetadamente produz

         Por isso eu digo que se deve falar bem para se escrever melhor.

       Ora, conclua-se: quem está (ou fala de modo) afetado precisa de ser vacinado. Isto no dia da família da língua portuguesa. Era escusado!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

A propósito de choques... (no plural)

      "Chocada" por chocado, resta dizer que já somos dois em choque!

     Lido um 'briefing' noticioso do dia, chama-me a atenção o título de alguém que se diz chocado. Acabei por ficar da mesma forma, mal assimilei o conteúdo do texto:

Um 'briefing' a correr o risco de nunca mais acabar...

      Nem sei por onde começar. Vamos por ordem. 
    Primeiro, uma construção relativa que não dá lugar à devida anteposição do pronome 'se' ( > "... dentro do qual... se mantém..."); depois o conectivo aditivo "não só... mas também..." que, na sua composição correlativa, não deve dar lugar a separação por vírgula; por fim, a extensão frásica de todo o apontamento a encadear orações sucessivas, umas atrás das outras, num comboio que parece não ter fim. Bem digo aos alunos que, ao escreverem, duas / três linhas, há que parar, para dar fôlego à escrita e o leitor não sufoque. Duas, três orações e chega! Colocar ponto e recomeçar a construção de novo período com pensamento completo (princípio-meio-fim). Não só a extensão excessiva começa a comprometer a inteligibilidade informativa como também o erro se torna previsível: aquele 'onde' a retomar 'autoridades gregas' é, no mínimo, duvidoso. E, logo a seguir, está para surgir nova subordinada introduzida por um 'que', mais uma coordenada com um 'e', e sabe-se lá o que mais virá (viria).

       Pelos vistos, o choque não é só da Srª. Secretária de Estado. É também meu, por um 'briefing' que não é tão breve quanto isso. Portanto, um mau exemplo de escrita.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Novo prato, nova escrita, ou o alentejano cada vez mais lento?

       Isto de se escrever conforme a fonética tem muito que se lhe diga.

     Quando um amigo me propõe uma foto com novo menu, deparo com uma escrita curiosa de prato já conhecido:

Um prato do "Lentejo" (com o agradecimento ao MM)

         Não sei se "lentejana" é denominação topónima ou variação para uma característica que se diz ser a lentidão dos alentejanos. Sei é que se fez uma longa crase somada à que já existia: à contração 'à' (carne a uma maneira > a maneira alentejana) acresceu o 'a' de 'alentejana', colado à contração e, entretanto, separado da palavra que lhe diz respeito. Uma crase em duplicado, para não dar aférese!

     Pena é terem-se esquecido da marca gráfica da contração / crase: o acento grave. É o desconcerto da escrita dos tempos. "Hoje" acho que me fico pelo peixe!


quinta-feira, 28 de maio de 2020

Proibição crítica

    E o erro prolifera! Até nos placas de sinalização de (não) estacionamento!

    Depois da televisão, vem a proibição num sinal recentemente colocado numa zona em que se quer ver o estacionamento automóvel condicionado a certos dias e a determinadas horas:

Um mau exemplo de placa / sinal de (não) estacionamento - (Foto VO)

    Um sinal defeituoso na proibição. Quem o produziu não deve marcar bem as sílabas fortes das palavras, a ponto de intensificar uma ao lado. O certo é que a palavra (por ser de sílaba tónica grave, em [bi]) nem acento gráfico deve ter.

    Enfim, sinais que convidam ao desrespeito ou, no mínimo, à desconsideração da sua orientação (pelo defeito que apresentam).

quinta-feira, 30 de abril de 2020

A força da proibição! Do pior!

     Quando toda a gente queria saber sobre a mudança do estado de emergência para o de situação de calamidade,...

      ... eis que chegam alguma orientações para regular e proteger a população do pior. Televisivamente, passo a passo surgem as prioridades definidas, até que é dado o passo em falso:

Telejornal emitido hoje às 20 horas, na RTP1 (Foto VO)

       Deve ser a força da proibição. De tão proibidos os ajuntamentos, a sílaba mais forte até se deslocou, a julgar pelo acento gráfico colocado, e que não existe. Nem a sílaba tónica é [í] nem a representação gráfica da palavra está correta. "Proibidos" (sublinhe-se a incidência tónica) é um exemplo de palavra grave, que, por norma, não é acentuada na língua portuguesa.
       Tão constantes têm sido estes exemplos críticos que só me resta rezar:

Oração pela escrita da língua portuguesa.

   Assim anda a nossa língua, assim anda a comunicação e o serviço público no uso delas. Fica o alerta. É calamitoso e emergente o contexto, a necessitar de intervenção e formação no trabalho televisivo da escrita. 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Nada de misturas!

        Anda por aí muita gente confundida com as interjeições.

       Entre 'chamar' e 'exclamar' há algumas diferenças e, na escrita, as interjeições são bem distintas. Enquanto palavra invariável pertencente a uma classe aberta, a interjeição traduz, exterioriza emoções. O sentido ou o valor que se lhe associa está estritamente depende do contexto de enunciação e corresponde a uma atitude, a um sentimento expressos pelo falante ou enunciador.
       Quando de chamamento / invocação se trata, o caso é claro (para quem não é nabo):

A incomodidade do repolho por ter um nabo à frente

      Nada de confundir com "Oh!", que admite vários valores interpretativos (alegria, desejo, espanto, saturação, receio, dor,...), os quais, na oralidade, aparecem marcados por traços entoacionais diferenciados.

    Para complicar a frase da imagem, sempre poderia iniciar o texto com um "Oh", típico da contrariedade sentida pelo repolho face ao que um nabo lhe esteja a causar. Porém, para chamar nabo (a alguém), tem que ser com a interjeição interpelativa "Ó".

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Relações... de risco homofónico

     Algumas podem resultar em ralações.

    Tudo depende do que um diz e o outro representa. No caso da homofonia, a situação pode ser crítica:

Um diálogo de risco homofónico

      Se o diálogo fosse escrito, não haveria tanta variedade de representação. As relações têm desta coisas, ainda mais quando, na língua, elas são mantidas entre a grafia (escrita) e a fonia (som, oralidade). Bem distinta na escrita e no significado, a homofonia pode acarretar expectativas bem diferenciadas no (n)amor(o).

      Para a próxima, é melhor pedir a resposta por escrito. Tudo por causa de piadas homofónicas.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Grave acentuar algumas graves

        É comum o erro de acentuação em palavras da mesma família.

       Não deixa de ser indesejável, quando poucas regras estáveis e elementares são ignoradas.Uma das mais básicas é a de não acentuar palavras graves terminadas em 'a' /'e' / 'o' seguidas ou não de 's'. Se 'autárquica' tem acento (por ser esdrúxula), o mesmo não sucede com 'autarquia' (grave); pelas mesmas razões, 'rápido' tem acentuação gráfica, mas 'rapidamente' já não: 'último' (adjetivo) não se pode confundir com 'ultimo' (forma verbal). São múltiplos estes casos da língua, muitos deles já comentados "nesta carruagem".
     Problema sério, diria, quase a justificar terapia (sem acento, por ser grave) ou abordagem terapêutica (com acento, por ser esdrúxula).

A Porquinha Terapeuta - (com agradecimento à IAA)

        Já no que ao 'terapeuta' diz respeito, volta-se a ter palavra grave, terminada em 'a', seguida ou não de 's'. Daí não ter acento gráfico.
       São tantos os locais que nos expõem ao erro que já chegamos ao ponto de frequentemente o gravar na memória, ou mesmo de grafar o impensável.
        Nos meios de comunicação social deveríamos ter o melhor dos exemplos. Lamentavelmente, não é o caso.

         Por regra, não se acentuam as palavras graves (terminadas em 'a/e/o'), exceto casos outros que escapem à dita regra. 'Terapeuta' não é exceção, por mais excecional que seja a porquinha no tratamento de quem tem medo de viajar de avião.

domingo, 6 de outubro de 2019

É melhor manter-se fechado

      Aquele momento em que recebes uma mensagem de uma amiga.

      Ela sabe que gosto de ver fotos com erros singulares, daqueles que ninguém pensa que possam ser cometidos por alguém. E eis que eles aparecem, quando menos se espera:

A prova do erro (Foto com agradecimento à EP)

      Assim sendo, apetece-me dizer que mais vale não reabrir. Quando o fizer, que seja com anúncio correto, devidamente escrito. É uma imagem de qualidade, de rigor, de reabertura sem o segundo 'e' em reabrir, nem em nenhuma das formas conjugadas do verbo.
       Ainda há tempo de corrigir o erro e abrir em grande (apesar de ser do 'ativokids').

      De momento, não há condições (para reabrir)!
      

domingo, 11 de agosto de 2019

Direito a reclamar

        É estratégico o ato, perante publicidade (que só pode ser) enganosa.

   Quando se lê a ementa e se encontram propostas como as da direita, vindas como sugestão do chefe, apetece-me comer e beber à grande (com escrita devida do acento grave) e pedir o livro de reclamações a seguir. E já não me foco no acento gráfico (sendo já grave a con-fusão com o agudo), no nome que nunca é adjetivo ("carvão"), na abreviatura "c," como se fosse redução de 'com', na perda de nasalidade dos "ro-jões",  nem sequer na grafia incorreta da toponímia. Estou mes-mo atento às entradas e, particularmente, ao camarão.
    Ainda me dou ao trabalho de imaginar a apresentação do dito: suspenso em linha, cosido (com fio, claro está), cru. Assim seria servido, cabendo-me a obrigação de o grelhar na chapa, o fritar ou o colocar em água a ferver com sal. 
     Se aparecesse já cozido (ao lume, na cozinha, por certo), o cenário seria bem outro e, aí, sim, viria o motivo para reclamar: o anúncio é de camarão "cosido", não "cozido".
     Falsa publicidade precisa de ser denunciada. Como o cliente tem sempre razão, mediante a sugestão, a causa só podia ser ganha. Comia o "cozido" (com satisfação) e reclamava pelo que não me foi servido, conforme o escrito.
    Altura de mudar a escrita do cardápio, não?

       A homofonia é crítica, mesmo entre comensais. Chega a não ter graça nenhuma.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Doutor de ossos não é doutor de língua

      Pudera (não é ela um osso!), mas escusava de levar-se a asserção tão à letra.

      Comentar o programa televisivo 'Joker' (RTP1) está a tornar-se um hábito.
   Desta feita, é por razões ligadas ao concorrente, não tanto a quem concebe o concurso ou a coincidências vividas por quem o acompanha. À quinta questão da emissão de hoje, o participante faz a escolha que não o liberta da condição de zero euros:

A imagem da escolha polémica: programa Joker (RTP1) hoje difundido

       Eliminadas as hipóteses do absurdo, ficam as que resistem até ser bloqueada... a errada. A cara de insatisfação / preocupação do concorrente é ainda marca da incerteza, quando a resposta já se encontrava no enunciado da instrução: assistir está para assessor (tal como acessorista está para acessórios); já 'acessor' é palavra inexistente no português.
        Devia estar na cabeça do concorrente que 'acessor' é o que dá 'acesso' a alguma coisa (neste caso, ao auxílio, à assistência). Contudo, nada há de mais errado, não sendo possível, por isso, acesso a qualquer prémio, dado o desconhecimento da língua.
       Talvez fosse necessário saber latim, e concluir que 'assessor' vem da grafia latina 'assessor, -oris'; não é preciso ser doutor de língua(s), para saber escrever bem as palavras, na lógica do falante e utilizador comum (não tão comum, se pensarmos na formação exigida a um médico) de uma língua (nomeadamente, a materna). É preciso atentar apenas em casos críticos da ortografia ou na família de palavras, o que permite ver 'assessor' a par de 'assessorar', 'assessorado', 'assessoria', 'assessorial', 'assessório' (bem distinto de 'acessório', por mais que a homofonia exista neste último caso). A morfologia é assessora válida no acesso ao conhecimento ortográfico. 

       Se *'acessor' não dá acesso a nada (por não existir), ao menos o 'assessor' assiste (no sentido de auxilia).