domingo, 30 de agosto de 2009

Amigos, amigos... nas palavras, nos actos e nos textos

      Inauguração de um novo espaço: os textos (de) amigos.


Porque foram escritos;


Porque foram dedicados,
                       endereçados,
                       partilhados;
Porque se inspiram
em momentos evocados,
                        experienciados,
                        sentidos;
Porque comungam
com os olhos que os quiserem ler,
                             neles se quiserem rever.

     Assim, quando os nervos estiverem à flor da pele, sempre haverá outras flores (bem regadas e podadas... sem ervas daninhas) para dar cor, cheiro, fruto... beleza à vida.

sábado, 8 de agosto de 2009

... Longe como o mar está no céu

       A vida faz-se de reencontros...

   São pessoas, são leituras, são sentimentos, são músicas... muitas vezes feitos com problemas de expressão.



   PROBLEMAS DE EXPRESSÃO

só para dizer que te amo
nem sempre encontro o melhor termo
nem sempre escolho o melhor modo

devia ser como no cinema
a língua inglesa fica sempre bem
e nunca atraiçoa ninguém

o teu mundo está tão perto do meu
e o que digo está tão longe
como o mar está do céu

só para dizer que te amo
não sei porquê este embaraço
que mais parece que só te estimo

e há até um momento em que digo o que não quero
e o que sinto por ti são coisas confusas
e até parece que estou a mentir
as palavras custam a sair
não digo o que estou a sentir
digo o contrário do que estou a sentir

o teu mundo está tão perto do meu
e o que digo está tão longe
como o mar está do céu

e é tão difícil
dizer amor
é bem melhor dizê-lo a cantar

por isso esta noite fiz esta canção
para resolver o meu problema de expressão
p'ra ficar mais perto
bem mais de perto
ficar mais perto

bem mais de perto

    A solução estará na música, nessa harmonia de sons que apazigua o ser? Assim o sugeriu Shakespeare quando, no discurso da loucura do seu Richard II, lembrou que aquela pode aquietar e dignificar; trazer a serenidade, o equilíbrio ("it have holp madmen to their wits").

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gaivota: que perfeito coração!

    Do voo da gaivota à narrativa de uma aventura feita emoção.

   Diz-se das gaivotas, segundo uma tradição ameríndia, que são as proprietárias da luz dos dias, um dom que guardavam numa caixa. Não fossem os corvos, que a quebraram, e não partilharíamos esse complemento de vida.


    Do texto que Alexandre O'Neill produziu, que Amália cantou e no qual o projecto 'Amália Hoje' se baseou, versou e encantou, ficam os versos do poeta, a recordação da fadista e a inovação conseguida por uma nova geração de músicos, na voz de Sónia Tavares:

        GAIVOTA 

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
morreria no meu peito
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


   Melodia que toca a sonoridade universal, num hino às palavras e à voz: passado redescoberto para um presente com futuro.