segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gaivota: que perfeito coração!

    Do voo da gaivota à narrativa de uma aventura feita emoção.

   Diz-se das gaivotas, segundo uma tradição ameríndia, que são as proprietárias da luz dos dias, um dom que guardavam numa caixa. Não fossem os corvos, que a quebraram, e não partilharíamos esse complemento de vida.


    Do texto que Alexandre O'Neill produziu, que Amália cantou e no qual o projecto 'Amália Hoje' se baseou, versou e encantou, ficam os versos do poeta, a recordação da fadista e a inovação conseguida por uma nova geração de músicos, na voz de Sónia Tavares:

        GAIVOTA 

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
morreria no meu peito
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.


   Melodia que toca a sonoridade universal, num hino às palavras e à voz: passado redescoberto para um presente com futuro.

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