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sábado, 22 de março de 2025
Onze anos depois
domingo, 16 de março de 2025
200 anos de Camilo
sábado, 15 de março de 2025
Fim de 'A Obra ao Negro'
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Ainda Camões, pelos 500 anos
A morte precoce do monarca em 1932 (42 anos) não permitiu concluir o projeto de estudo e pesquisa dos textos de Camões, numa linha de recolha das edições diversas de Os Lusíadas e das Rimas, ao longo dos séculos. Se nos finais do século XIX haviam sido inúmeras e grandiosas as celebrações nacionais d' "O Poeta" (na continuidade de uma consagração que já vinha do século XVI), o vigésimo não o seria menos na contínua afirmação de um escritor que se tornou símbolo de pátria, de língua, de cultura, de lusofonia (assim o prefigura o feriado do 10 de junho).
(moeda comemorativa dos 500 anos de Camões, por José Aurélio)
e a sombra dos verdes castanheiros,
o manso caminhar destes ribeiros,
donde toda a tristeza se desterra;
o rouco som do mar, a estranha terra,
o esconder do sol pelos outeiros,
o recolher dos gados derradeiros,
das nuvens pelo ar a branda guerra;
enfim, tudo o que a rara natureza
com tanta variedade nos oferece,
me está (se não te vejo) magoando.
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;
sem ti, perpetuamente estou passando
nas mores alegrias, mor tristeza.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
Patrono à mesa
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
Dia Nacional da Cultura Científica
terça-feira, 26 de abril de 2022
Gestos simples para grandes causas
segunda-feira, 25 de abril de 2022
Espírito novo (apesar do cinza)
ACINZENTADA MEMÓRIA
sem a rubra cor,
apagou-se o sangue,
secou o vigor?
Da revolução,
a memória fica,
lembrando a canção...,
o povo que grita...,
a arma a dar flor...
Renovado o tempo,
nascida a manhã,
no sopro do vento,
a sã liberdade
vive-se na cidade.
Em dia cinzento,
vejo um monumento:
voam as gaivotas
só no pensamento.
No duro betão,
há ondas de mar
plantadas no chão,
subidas ao ar.
Qual fénix em cinzas,
Esperança, vinhas...
Fica. A vida alindas.
domingo, 17 de abril de 2022
Um grande ovo de Páscoa cracoviano
Encontrei uns bem artísticos em Cracóvia, no conhecido Mercado de Páscoa, realizado anualmente na praça central da Cidade Velha, Rynek Główny (praça principal de Kraków). Em cerca de dez dias, as festividades da Semana Santa concretizam-se na exposição de ovos gigantes decorados e na confeção das tradicionais "palms" artesanais de flores e plantas secas, para serem abençoadas no Domingo de Ramos - informações colhidas e vividas em memórias de viagens bem passadas. O colorido da praça é festivo. Os ovos, dispostos em vários pontos da praça, são atração visual assegurada, numa composição e num enfeite de versatilidade cromática notáveis.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
Leonardo
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Uma releitura de 'O Carteiro de Pablo Neruda'
Uma outra adaptação cinematográfica pode ser encontrada na realização de Antonio Skármeta - uma versão mais fiel à obra e ao contexto chileno representado. Curiosamente, esta versão cinéfila acontece em Portugal (entre a zona da Figueira da Foz e Mira), aquando do exílio do autor por terras lusas.
quinta-feira, 6 de maio de 2021
Não perceber patavina!
Seja por se tratar da posição mais fácil (dizer que nada se percebe) seja porque a inteligência nem sempre o permite imediatamente (daí não saber 'patavina'), o desconhecimento é zona de entendimento comum na expressão em causa. Também há quem não ligue 'patavina', tanto por não querer saber (nem ter raiva de quem saiba) como por não dar qualquer importância ao que seja.
Da 'patavina' relacionada com o 'nada', alguns etimólogos defendem tratar-se de termo ligado à cidade romana de Patavium (atualmente conhecida por Pádua). O nosso Santo António (que também dizem ser do mesmo local) terá certamente escapado a esta acusação, mas dizem que os habitantes da zona eram maus falantes do latim. Entre muitos erros e deturpações, a par de algumas marcas de regionalismo, eram eles acusados de 'patavinitas'.
Tito Lívio (59 a. C - 16 d. C), orador e historiador latino também natural de Pádua, escreveu uma obra que se caracteriza por estar incompleta - História Romana - e que alguns críticos da época acusavam de estar repleta das tais 'patavinitas', dificultando a compreensão generalizada dos textos. Ou seja, nada se percebia da história contada.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Diz que são 'ecos'
terça-feira, 17 de novembro de 2020
No reino dos perfis falsos
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
Gramido: a casa branca
Junto ao Douro, no concelho de Gondomar (Valbom), há uma casa histórica.
É a Casa Branca de Gramido, edifício solarengo do século XVIII (1789) com características de um neoclássico rural. Nela ocorreu, em 29 de junho de 1847, a assinatura da Convenção de Gramido, que assinalou o final de uma época de conflitos entre liberais e absolutistas, nomeadamente os que se sucederam às sublevações populares e burguesas conhecidas, respetivamente, como Maria da Fonte e Patuleia.
Ainda durante o século XIX, o espaço foi armazém de cereais, comercializados pelos proprietários «Cazas Brancas» para a atividade da panificação (de Valongo e Avintes, essencialmente). Os grãos de trigo trazidos rio abaixo pelos barcos rabões (de aspeto mais claro do que aqueles que transportavam carvão) eram desembarcados nesse armazém. Por extensão da designação da família proprietária e pela imagem clara dos barcos, popularmente chegou-se à denominação de "Casa Branca".
Convenção de Gramido (1847)
A projeção e imponência visuais do solar duriense, progressivamente ampliado ao longo do século XIX e restaurado quase século e meio depois, revestem-se da importância histórica de que o local é exemplo, com a afirmação da paz após a Guerra Civil da Patuleia. A Convenção, assinada entre comandantes dos exércitos espanhol e britânico (entrados em Portugal ao abrigo da Quádrupla Aliança), mais os representantes da Junta do Porto e as forças do governo mais conservador, selou a derrota dos setembristas (revoltosos) frente aos cartistas (apoiados pela rainha) numa guerra civil que vinha a assolar o país desde a década de vinte e, mais particularmente, nos anos de 1846-1847. Menos de cinco anos depois, a concórdia viria a sofrer algum revés, com a força governamental apoiada por D. Maria II a retirar aos revoltosos poderes e influências em prol de um maior conservadorismo.
A recuperação da casa, depois de uma fase de crescente degradação e de um incêndio que praticamente a abandonou a um estado de desleixo e decadência inevitáveis no século XX, ocorre no período 2005-2006, sendo a inauguração da sua requalificação datada de 31 de maio de 2008.
Marginal do Douro, em Gondomar (Foto VO)
Na marginal do Douro, a Casa Branca de Gramido vigia o curso do rio.
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Geologia literária ou literatura geológica
Quando a natureza se revela inspiradora para as narrativas.
Pela zona de Lavadores, com o olhar na direção do mar, há uma composição rochosa chamada de "Pedra Moura": um bloco granítico sobre outro afim, com fratura visível provocada pela erosão.
"Pedra Moura" e os pedregulhos de Lavadores (Foto VO)
Para quem ache ser explicação ou descrição demasiado científica, pode sempre recorrer à lenda - mais uma entre as muitas que povoam o imaginário nacional, com a típica temática da moura castigada (ou não fosse a terra lusa dominantemente cristã).
Ora, conta a lenda (maneira sempre eficaz de se apagar o narrador e os efeitos que este pudesse introduzir na narrativa) que uma bela e formosa moura (são-no sempre, apesar de punidas, demoníacas e tentadoras) recebeu um grande castigo (lá está - depois dizem que hoje é que somos preconceituosos): trazer pedras das profundezas marítimas até às proximidades do areal (coitada)! Porém, o mar (soberbo) retomava tudo o que lhe pertencia e, com as marés, fazia voltar essas pedras ao fundo marinho (mais fazendo da moura a versão feminina de Sísifo). O esforço persistente da mourisca (afinal, tem alguma virtude) fez que, um dia, de lá trouxesse um penedo, penosa e colossalmente colocado em cima de um outro (uma moura muito hercúlea, portanto). Vencido o mar, lá estão os pedregulhos, desafiando o oceano. É a Pedra Moura de leva...dores ou que lava... dores pelo castigo cumprido (ao que chega o sentido toponímico da história).
Quem quiser saber dos motivos do castigo, talvez tenha que investigar sobre os tempos do rei Ramiro e do filho, D. Ordonho, mais o rei mouro Alboazer Alboçadam que detinha as terras de Gaia. Há de lá encontrar uma moura formosa (mais vítima do que merecedora de castigo).
segunda-feira, 20 de abril de 2020
A meio dos acontecimentos
quinta-feira, 16 de abril de 2020
Voou deste mundo? Voa com quem o lê.
Já se sabia que se encontrava doente, infetado pelo Covid-19, pouco depois de ter participado, em Portugal, num evento literário. Entre informação e desinformação, deu-se conta do estado crítico, da melhoria, de como regrediu, voltou a melhorar... E, agora, a morte.
A de qualquer humano tem de ser pesarosa, particularmente a que resulta da luta contra um vírus desconhecido e ameaçador, capaz de afetar subrepticiamente o mundo. A do chileno Luis Sepúlveda (1949-2020) é-o seguramente para quem o leu, lê ou tem vindo a ler.
Escritor ecologista, que cronicou e contou histórias de quem esteve neste mundo (marginais ou não); de quem existiu enquanto houve luz; de quem alimentou sonhos ansiados em qualquer lugar da terra, do ar ou do mar. Escritor que produziu obra na apologia da vida, da dignidade humana, da justiça social, de exotismos que sublinham sentidos múltiplos de viagem, de amor e de guerra, de utopias e mistérios que se cruzam com o Ser Humano, para não dizer com o Ser Vivo. Escritor que viu na diferença o complemento necessário à união e ao projeto da vontade.
Qual "gaivota", não pode lançar-se mais em novo voo, apanhado que foi por uma maré, uma "peste negra" que assolou a Humanidade.
A morte será suplantada por qualquer leitor que recupere a sua obra e lhe dê vida.
domingo, 12 de abril de 2020
Páscoa com ovos cracovianos
Em tempo de ovuladas amêndoas e adoçados ovos, interessa deixar, de momento e à semelhança do ano passado, um outro ovo cracoviano, trazido da praça principal de Cracóvia (Rynek Główny); um "Grande Ovo do Coração", para, com afeto, colorir estes dias muito cinzentos.
sábado, 11 de abril de 2020
Nem sempre quem vence é o vencedor.
É na situação de condenada que arranca o filme, até que, por analepse, se dá conta do regresso dela à Escócia. Representante de uma linha católica que se vira algo afastada da corte isabelina, Mary assume, na Escócia, uma postura de tolerância quanto à religião, mas não deixa de enfrentar a resistência crescente de movimentos protestantes, encabeçados por John Knox e por grande parte da nobreza escocesa. Num convívio contínuo com a influência francesa, numa política de casamentos que não é muito favorável à sua imagem pública, a filha de James V da Escócia acaba por ter de abdicar do trono e de se exilar junto da prima Isabel I. Esta última vai ser, a um só tempo, não só protetora da sua maior ameaça como também juíza do destino final. Protege-a, por forma a não acicatar os apoiantes da causa católica (de que a sua predecessora e irmã, Mary Tudor, fora representante maior), evitando uma revolução; acusa-a de traição, ao final de anos de auxílio, por causa de uma pretensa carta (assinada pela rival, mas que muitos assumem ter sido artimanha de conselheiros ingleses), na qual se conspirava e se propunha o termo da vida da rainha inglesa.