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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Um compacto... à semelhança da vida poética

      Depois de um registo mais amplo, um compacto para uma atividade de escuta ativa.

    Tal como a vida do poeta (tanta poesia para tão curta vida), fica aqui um compacto do essencial da biobibliografia daquele que, na Geração de Orpheu, foi visto como o mestre dos mestres:

(montagem a partir da RTP-Ensina)

       De Cesário Verde se fez lembrança e motivo para avaliar oralidade (compreensão oral e léxico).

      Chegado o fim de semana, apetece-me dizer "Não quero nada. Deixa-me dormir!"

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

75 anos depois

      Para futura memória e para que não se repita a história.

     Na sequência do visionamento do documentário "Depois de Auschwitz", na RTP1, há memórias que se recuperam de um passado, o estudado e o vivenciado.
      Saber o que se sucedeu há 75 anos, pelos livros e registos audiovisuais, é descobrir uma forma de recuperar a liberdade e a visão da dignidade humana que muitos, anos antes, ficara comprometida, ao serem cometidas atrocidades impensáveis. Os testemunhos do tempo vão sendo revelados, partilhados (e, ainda assim, há quem assuma que o holocausto não existiu) e o espanto revoltado não cessa!
   Visitar Auschwitz e Birkenau, depois de já ter passado pelo campo de concentração de Sachsenaushen, é definitivamente uma outra visão dos sinais dos factos. O último impressiona; o primeiro perturba; o do meio (sem qualquer virtude) faz abominar, odiar quem tenha pensado em tal espaço com propósitos tão execráveis.

Entrada do campo de concentração de Auschwitz ("O trabalho liberta") I - Foto VO

 Entrada do campo de concentração de Auschwitz ("O trabalho liberta") II - Foto VO

 Uma janela para os muros, os postes e as redes eletrificados - Foto VO

  O muro dos fuzilamentos - Foto VO

  Os fornos de um crematório - Foto VO

  As camas de cimento e tábuas rompidas para os sobreviventes - Foto VO

       De Auschwitz, ficou-me a memória de entrada no campo, quando um grupo de judeus cobertos com o seu 'talit' branco, com a estrela azul de David, mais o 'kipá' branco na cabeça, solidéu tradicional, orava em círculo. O respeito deles e nosso por eles impunha-se. Não foi o único povo a sofrer as atrocidades nazis, mas, na sua diáspora, tem o segundo quartel do século XX  como um dos seus períodos mais negros e a Humanidade como espectadora de uma perseguição desmesurada, de um genocídio atroz. 
       Uma nota informativa, para os turistas / visitantes, dá conta de que os primeiros prisioneiros foram polacos; seguiram-se os prisioneiros de guerra soviéticos, os ciganos e inúmeros deportados de outras nacionalidades. A partir de 1942, este tornou-se no local de morte maciça nesse plano nazi de exterminar o povo judeu que se encontrava na Europa. A taxa de mortalidade era tão elevada que a única forma de identificar os corpos era através de um número do campo tatuado no corpo (antebraço, braço, perna ou peito), mesmo quando muitos homens, mulheres e crianças eram praticamente dizimados à chegada, tanto em Auschwitz como nas câmaras de gás de Birkenau. Mortos nas câmaras ou em qualquer ponto do campo, feitos cheiro nauseabundo ou pó nos crematórios, marcados de dor e humilhação insanáveis no corpo e na alma.
      Hoje, o fim chegava - há 75 anos - com o exército vermelho a libertar os prisioneiros que não haviam sido deslocados pelos alemães para o interior da Polónia. Um massacre e um morticínio que deixaram marcas aos que conseguiram sobreviver e assistiram à eliminação de inúmeros. 
     Tudo começou menos de uma década antes (seis anos apenas), com discursos de intolerância, de supremacia de raças, de desprezo por quem interessava tirar do caminho para poder usufruir daquilo que deixavam e que alguém tinha instruções de recuperar (desde os dentes de ouro a tudo o que pudesse ser aproveitado).

     Uma história que não pode ser apagada, pela intolerância que foi, pelo excesso de poder que revelou, pela desumanidade que alguns humanos foram capazes de criar e outros de aceitar ou silenciar. Demasiado pesado para não ser divulgado.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Gi-George-Georgina

    Afinal, (também) Maria Judite de Carvalho.

    Na sequência da abordagem do conto "George", nada como apresentar a autora da narrativa, a partir de um pequeno documentário sobre a vida e obra daquela que, na escrita literária, se (re)viu mulher em diferentes idades e se compôs na solidão.

Documentário da RTPN (2011)

    Um visionamento que prossegue o tratamento de um pequeno texto informativo (para deteção de linhas temáticas, marcas de construção narrativa e registos de inspiração biográfica) e incide sobre uma pré-tarefa a dar continuidade / complemento à recolha de dados relativos ao trabalho anterior.
     Dos muitos dados contemplados, sublinham-se os seguintes:
"As Três Idades do Homem e Três Graças", 
de Hans Baldung Grien, 1539 (Museu do Prado)
a) consciência em movimento (interior da alma) de personagens, dimensionada no âmbito do psicológico;
b) vertente realista de retrato de uma sociedade frustrada, oprimida, isolada, marginal;
c) consciência da velhice e dos idosos (que todos seremos) no ciclo da vida;
d) técnica do monólogo interior (na expressão de uma consciência partilhada do pensamento);
e) exigência da colaboração do leitor (corresponsável na construção de imagens narrativas, por exemplo, a do espelho, no caso de 'George');
f) vivência no estrangeiro (França, Bélgica), tal como George (em Amesterdão);
g) crença mais no talento de pintora (tal como George) do que no de escritora.

      Vamos, então, a "George" (que já foi Gi e será Georgina), narrativa epónima marcada por essa consciencialização do encontro do 'eu' consigo mesmo, pela representação do que foi e do que será, numa espécie de despersonalização, distanciamento, descentração para se poder ver na memória, ao espelho ou n(um)a bola de cristal.

     Uma narrativa tão reflexiva e deambulante quanto o que Bernardo Soares fez com Pessoa (ou o último no primeiro). Porque a consciência da vida é feita de procura, numa viagem que nos faz estar atentos ao que há à volta de todos nós e que nos leva a revermos o percurso já feito e/ou a prevermos o que estará para além de nós a cada instante.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

"Enterrar os mortos e cuidar dos vivos"

      Citando as palavras do Marquês do Pombal, cumprem-se os tempos.

   O sentido pragmático associado à produção do enunciado setecentista justificava-se pela emergência de medidas a tomar / aplicar, para dar resposta a uma hecatombe que a História faz lembrar e o feriado evoca.
   Passados mais de 250 anos, o Terramoto de 1755 parece um filme trágico, de que alguns documentários mostram evidências relativas ao que ninguém, por certo, gostaria de reviver:

Montagem de dois documentários televisivos (Canal 'Odisseia' e 'História') 
alusivos à efeméride histórica do Terramoto de 1755 (Lisboa)

     A sequência do terramoto-maremoto-incêndio foi demasiado dantesca para uma capital europeia e orgulhosa de sinais de protagonismo vivenciado desde os tempos dos Descobrimentos até à magnanimidade áurea de D. João V e do seu sucessor D. José I. O colapso deu-se e só não foi maior pela presença estadista - ainda que autocrática, despótica - de Sebastião José de Carvalho e Melo, que fez reconstruir a baixa lisboeta à luz do espírito racionalista do tempo. Da ira de Deus à catástrofe natural foi um longo caminho para uma argumentação que hodiernamente tem nesta última o motivo credível e a todo o tempo repetível.
      Em pleno século XXI, a lembrança dos mortos é mais afetiva e próxima de cada um do que da necessidade e do pragmatismo que se impunham ao bem (sanitário) de todos em meados do século XVIII. Cuidar dos vivos mantém-se um imperativo que, atualmente, outras tragédias fazem (re)viver - mais parecendo que, por vezes, se quer enterrar os vivos.

       Um dia para lembrar pelo que foi e pelo que é - até porque há tsunamis na vida que estão bem mais para cá e para lá de Lisboa ou dos tempos (já) vividos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Da ficção(?) tornada realidade(?)

    O dia é universalmente celebrado pela independência dos Estados Unidos da América, ocorrida em 1776; este ano pode ter-se escrito uma nova página da História da Humanidade.

     A possível descoberta do Bosão de Higgs (genericamente, uma partícula subatómica que confere massa às restantes partículas), também conhecida como a "partícula de Deus", revela-se um passo crucial para a compreensão do universo.
    Segundo o CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), trata-se de uma partícula nova com características de massa e comportamento semelhante ao Bosão de Higgs: partícula resultante da colisão de outras que, sem massa, se deslocam à velocidade da luz num campo supostamente vazio, conferindo à primeira uma massa visível.

    
      Mais um passo gigante para o Homem.
    E o que era ficção (ou nem tanto) assume-se como realidade. Basta para tanto ler o excerto transcrito da obra Anjos e Demónios, de Dan Brown, romance que inspirou filme homónimo.
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    "- O que significa LHC? - perguntou, esforçando-se por não parecer nervoso.
     - Large Hedron Collider - respondeu Kohler. - É um acelerador de partículas.
     Acelerador de partículas? Langdon conhecia vagamente o termo. Ouvira-o pela primeira vez durante um jantar com alguns colegas na Dunster House, em Cambridge. Um dos membros do grupo, um físico chamado Bob Brownell, aparecera no tal jantar lívido de raiva.
    - Cancelaram-no, os filhos da mãe! - desabafara.
    - Cancelaram o quê? - perguntaram eles em coro
    - O SSC!
    - O quê?
    - O Superconducting Super Collider.
    Alguém encolhera os ombros. (...)
    Quando, finalmente, acalmara um pouco, Brownell explicara que um acelerador de partículas era um grande tubo circular ao longo do qual eram aceleradas partículas subatómicas. Ímanes distribuídos por toda a circunferência do tubo eram ligados e desligados em rápida sucessão de modo a "empurrarem" as partículas até que elas atingiam velocidades tremendas. Na aceleração máxima, as partículas circulavam pelo tubo a mais de duzentos e noventa mil quilómetros por segundo.
   - Mas isso é quase a velocidade da luz! - exclamara um dos professores.
   - Pois é - dissera Brownell. Explicara então que acelerando duas partículas em direcções opostas e fazendo-as colidir, os cientistas conseguiam decompô-las nas suas partes constituintes e ter um vislumbre dos componentes fundamentais da natureza.
   - Os aceleradores de partículas - concluíra Brownell - são essenciais para o futuro da ciência. A colisão de partículas é a chave para a compreensão dos elementos com que foi construído o Universo. (...)

   -  O CERN tem então um acelerador de partículas?, pensava Langdon enquanto o elevador continuava a descer. Um tubo circular para esmagar partículas. (...)
     - O tal acelerador de partículas, fica algures neste túnel? - perguntou Langdon, em voz baixa. (...)
     - Aí o tem.
     Langdon olhou para o tubo, confuso.
     - Aquilo é o acelerador? - O artefacto não se parecia nada com o que imaginara. Com cerca de noventa centímetros de diâmetro, corria em linha recta, horizontalmente, a todo o comprimento visível do túnel, antes de desaparecer na escuridão."

in Dan Brown ([2000] 2005: 72-74) - Anjos e Demónios
cap. XV, 2ª ed., Lisboa, Bertrand Editora
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   Uma possibilidade à espera de confirmação. Cinquenta anos passaram desde a formulação da hipótese e a criação de condições para a constatação da possibilidade. É interessante o cenário, a descoberta, particularmente nos tempos em que se quer tudo tão imediato.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sentido de oportunidade e actualidade!

     Começou hoje um novo ciclo de apresentação de trabalhos baseados no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.

     Orientados para a apresentação do capítulo I, a partir de um guião de trabalho explicitado há cerca de uma semana, um grupo de alunos abriu a sessão de hoje com um pequeno excerto retirado do seguinte registo (ao sexto minuto) :


        Foi dito: assim tudo começou.
      Deu-se início à apresentação e à funcionalidade do conceito predicável ("Vos estis sal terrae") para toda a obra em questão. Nele se apoiaram Cristo, Mateus, Santo António, Vieira; ouviram-no os apóstolos, os pregadores, os peixes (oriundos do mar e metáfora dos homens) e, de novo, os peixes (símbolo de um mar tão reconhecido e inspirador para o escritor e, novamente, metáfora de homens - desta feita colonos).
      Qual o arauto desta causa nos tempos que correm? E que ouvintes?

   Pensei eu: que sentido de oportunidade e de actualidade! Palavras sábias, para que se preservasse, e se preserve, a terra da corrupção. Falta saber se são os pregadores que falham ou se é a terra que não se deixa salgar. Um debate a travar em futura aula, com os olhos certamente voltados para o presente e na esperança de um futuro melhor.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pessoa(s) para conhecer e (re)ler

     Balanço de escrita: um livro publicado. Não fora o título Mensagem a nota de um prenúncio, de um enigma por desvendar, fica toda uma vida plena de entidades e identidades, entre um tempo de infância por viver e a eternidade que sobrevive em qualquer leitor - um círculo de possíveis.

    74 anos nos separam dessa data que marca a morte física de um escritor que anunciou um "Supra-Camões", corroborou a utopia vieirina de um Quinto Império, reviu o mito sebastianista na construção do Encoberto.

O Encoberto em Pessoa, in "Mensagem", de Luís Vidal Lopes

    No exercício de construção fictícia, multiplica-se numa unidade que ecoa em diversas sensibilidades (a diversidade na unidade) - invenção para a produção de toda uma obra eivada de modernidade e de um modernismo ora feito de vanguarda ora tomado de pensamento clássico.

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Ricardo Reis

    Se de pessoa calada / afasta a tua morada, / De quem muito escreveu / e se deu a conhecer / não há como a ler / para qualquer (dos) Pessoa(s) entender.