Nasceu hoje quem, com 31 anos apenas, desaparecia do real quotidiano que captou com a impressão que deixou.
De Cesário Verde diz-se que foi poeta realista, naturalista, parnasiano, impressionista, de um romantismo que se redefine e se deixa marcar por tendências finisseculares. Tudo isto terá sido, não se tendo filiado a nenhuma escola literária. Entre a iniciativa, a observação, a criação individual e os moldes estéticos que concorriam no último quartel do século XIX, ganharam a poesia (no conteúdo e na forma) e os poetas que, no século seguinte, acabariam por reconhecer a mestria e a herança do "pintor de palavras" ou do "escritor do real pintado com impressões".
Declamação de "Num bairro moderno", de Cesário Verde.
Cidade, campo, reflexão social, sensações, percepções impressivas, deambulação, evasão e transfiguração são termos que concorrem para a leitura de uma poesia marcada pela extensão do verso, pela narratividade e pelo descritivismo, num sentido ecfrástico da representação real e da reconstrução / refiguração verbal.
Seja por efeito do sol, da poeira, das emanações seja pela associação a histórias e tempos evocados, os versos de Cesário resistem à doença, à asfixia, à peste; ao retrato humano degradante que se impõe na cidade e se revê no campo, por mais salutar que este último ainda possa apresentar-se aos que o procuram.
Deambular, evadir, transfigurar... de momento, só se for com a chuva que pinga na alma.
Maravilha!!
ResponderEliminarMuito obrigada pela excelente partilha. :)
Saudações.
Muito obrigado pela mensagem.
EliminarCumprimentos.
Três séculos só a tornaram mais bonita e impressiva. à Poesia de Cesário Verde. Não lhe fugiu a ternura com que descreve os simples nem a doçura irónica, de quem ama mas sabe que tem defeito objecto do amor. Que, do colorido das impressões é sempre o que me ressalta.
ResponderEliminarObrigada por este Bairo Moderno dito assim, como quem deambula por rua conhecida.
Muito obrigado pela mensagem e pela apreciação feita.
EliminarCumprimentos.