Mais um dia para mais um ano...
Foi recente a descoberta de que uma colega e uma aluna celebram comigo mais um aniversário. Dado ser a versão masculina dos três, coloco-me entre elas, aquarianas de gema como eu (estará no meio a virtude?).
O nosso símbolo é o aguadouro, ainda que, com Gémeos e Balança, sejamos um signo do Ar.
Como décimo primeiro signo astrológico do zodíaco, o número é lido, no Tarot e nas cartas dos arcanos maiores, como o domínio da Justiça. Seja esta equilibrada seja esta aplicada com discernimento, racionalidade e objectividade, será sempre exemplo a seguir, cruzado com o passado (e o balanço dos erros cometidos) mais o futuro (e a atenção a visões de perspectivas distintas).
Segundo Caio Higino, autor da Roma Antiga e da obra Astronomica, Aquário podia ser Ganimedes, um rapaz muito belo levado por Júpiter para o Olimpo, para se tornar criado dos deuses (razão pela qual carrega um pote que derrama água); Deucalião, cujo reinado foi invadido de tanta chuva que resultou num dilúvio; Cécrope, que comemorava a ancestralidade da raça e utilizava água na prática de sacrifícios aos deuses (antes do conhecimento do vinho).
Seja lá quem tiver sido, agora também há três conhecidos a partilhar o signo (espero que não sejamos criados de ninguém, embora às vezes pareça... só que não de deuses; que não metamos água, quanta a do reinado de Deucalião; que possamos celebrar com alguma coisa mais substancial do que simples líquido).
O meu bolo de aniversário
oferecido pela turma do 11º2
AQUÁRIO
Feito de sim e de não,
de brisa, vento ou furacão,
de fogo, cinza, silêncio ou paixão,
de tormentosa bonança em cenários de tensão.
Busco o novo, canso-me do comum, anseio pela ilusão
num tempo preenchido pela impressão
de uns ponteiros de relógio correndo de estação em estação,
em inevitável e desgastante aceleração.
Perdendo e ganhando na vida, fico sem conclusão,
partindo numa viagem para o mundo inteiro, sem destino ou chão:
no terror, na felicidade, na ventura, na pressão,
vejo-me força de pensamento; materialidade sem realização... Feito de sim e de não,
de brisa, vento ou furacão,
de fogo, cinza, silêncio ou paixão,
de tormentosa bonança em cenários de tensão.
Busco o novo, canso-me do comum, anseio pela ilusão
num tempo preenchido pela impressão
de uns ponteiros de relógio correndo de estação em estação,
em inevitável e desgastante aceleração.
Perdendo e ganhando na vida, fico sem conclusão,
partindo numa viagem para o mundo inteiro, sem destino ou chão:
no terror, na felicidade, na ventura, na pressão,
E no instante em que surge o desassossego, a preocupação,
Diferente?... Talvez no pensado e no realizado;
não vivo limites nem fronteiras - Não!
Se me isolo, fico na angústia, no malogro e na pesada frustração,
por mais que nisto ninguém veja qualquer sentido ou razão.
Não me quero único entre muitos; na Humanidade não sou excepção...
Do tempo não guardo passado; do presente, tenho a sensação
de que não basta para a satisfação
nem para a dispersiva vontade de limar a imperfeição;
do futuro, procuro distrair-me, não sem inquietação.
Diferente?... Talvez no pensado e no realizado;
na afirmação do físico que enleou a mente.
Na derradeira hora, na da derradeira passagem,
que o espírito se vingue dessa matéria em contínuo curso decadente,
que, afinal, viveu por ter coração e se sentir grão de areia num mar de tanta gente.
Gondomar,
em dia de aniversário
Entre o que sou ou o que se assume ser, fica o sentido das palavras (quem sabe?) à espera de alguém, de um retrato, de um aquariano que confirme ou infirme a descrição.
Por ora, direi que estou bem acompanhado na celebração.
Vítor,
ResponderEliminarObrigada. Se não me tivesses enviado não tinha visto. Gostei muito do que escreveste.
Eu ia lá não enviar à minha companheira de trabalho, de signo e de aniversário!
ResponderEliminarObrigado!
Que grande honra fazer parte de mais uma das páginas do blog... Mas diga lá, caríssimo docente, se a tartezinha de nata não foi um excelente e engraçado bolo de aniversário!!
ResponderEliminarContudo, ao longo dos diversos cânticos festivos, pude averiguar um aspecto muito importante...
... quanto maior o número de aniversários concretizados, menor o bolinho.
Logo, há necessidade de parar o tempo.
Se eu chegar aos 60 qual será o tamanho do docinho?? Uma nata? E aos 70? Uma língua de gato?? Nem quero saber o que será quando chegar aos 100!!
Prezadíssima discente,
ResponderEliminarCorroboro as averiguações, as asserções e as questões produzidas. Quanto à transitoriedade do tempo, trata-se de uma inevitabilidade da vida, à qual ninguém pode obstar.
Faça o obséquio de considerar a eventualidade da drageia lá para a centúria.
Cordiais saudações.
;)