Entre muitas generalizações críticas ("já não há tracinhos"... ao que chega um hífen) e algumas questões dúbias, nada como introduzir faseadamente algumas práticas.
Q: Agora já não há tracinho no 'hei-de'? Mas porquê?
R: Segundo o acordo, nem no antigo 'hei-de' nem nas restantes formas que 'haver de' o apresentavam ('hás-de', há-de', 'hão-de').
Na verdade, considerando a construção de 'haver de + Verbo [infinitivo]' (uma das mais produtivas para dar expressão ao futuro intencional, aquele que dá conta do firme propósito de concretizar / realizar uma situação), a forma infinitiva não apresentava o hífen, o mesmo sucedendo com a forma conjugada na primeira e na segunda pessoas do plural ('havemos de + V'; 'haveis de + V', respectivamente).
Neste sentido, não me repugna o segundo ponto da base XVII:
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«BASE XVII: DO HÍFEN NA ÊNCLISE, NA TMESE E COM O VERBO HAVER
1 | Emprega-se o hífen na ênclise (ex.: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe) e na tmese (ex.: amá-lo-ei, enviar-lhe-emos). |
2 | Não se emprega o hífen nas ligações da preposição 'de' às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.» |
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Não se depreende daqui, como já ouvi também dizer, que o futuro "já não tem tracinho". Basta pensar no contexto da tmese (elemento gramatical intercalado ou encaixado numa forma verbal) para se verificar a falsidade da conclusão:
. comprarei o livro > comprá-lo-ei;
. venderemos o livro ao cliente> vender-lho-emos.
O caso do 'haver de + V' é, na verdade, um exemplo que me oferece sinais de consenso, por mais estranho que graficamente ele possa parecer a quem muito se habituou a hifenizá-lo.
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