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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Nem com Shakespeare isto lá vai...

  O fundo escuro com o texto a branco fez-me lembrar a comédia Twelfth Night.


   Já que do dramaturgo quinhentista / seiscentista inglês se trata, evoque-se a máxima "There is no darkness but ignorance" (Ato IV, cena II), proferida pelo bobo Feste, reforçando a metáfora da ignorância como escuridão.
     Tudo a propósito de uma série documental que tem vindo a passar na RTP2, sobre a vida e obra de William Shakespeare, na perspetiva de muitos estudiosos, investigadores, atores, especialistas na obra produzida e encenada.
       Logo a abrir o programa televisivo, lê-se:

Genialidade só no autor / escritor. Quanto ao resto,... (Foto VO)

     No melhor pano, a nódoa. Gosto do programa, do tema, do autor, da obra, mas no que toca a ascender, fiquemo-nos pela ASCENSÃO (e não o que aparece grafado). Na escuridão da imagem, a ignorância ortográfica.
       Algum conhecimento etimológico faria luz ortográfica: "ascensus" do latim está para ascenso, tal como "ascensio, onis" está para ascensão. Na família de palavras, a aproximação (orto)gráfica é evidente.

     A verdade é que Shakespeare é um dos maiores da literatura. Ascendeu por certo. Evidentíssima ascensão.

domingo, 8 de junho de 2025

Eruditismos... (credo!)

    ..., já que não se trata de erudição!

    Perdoe-me o leitor por iniciar este apontamento (quase escrevia 'post') com um termo que, não estando dicionarizado, é o que me apetece escrever de momento, para reagir negativamente a algo que uma amiga me endereçou e para me referir à pretensa erudição de alguém que se encontrava a apresentar um livro, junto de um público tão sorridente, seleto e entusiasmado.
     O orador lembrou(-se) de tanta coisa interessante! Contudo, esqueceu-se de distinguir duas palavras bem diferentes na língua: folhear e desfolhar.

Como diria o abade Remédios, "não havia necessidade" 
(vídeo partilhado pela AC, com o devido agradecimento)

     Diz o senhor apresentador que "desfolhava" (por duas vezes, uma delas ainda que involuntária) o livro. E, assim, só por milagre não destruiu o livro! Isto de tirar ou arrancar as folhas dos livros, das revistas ou dos jornais não está com nada, muito menos quando, pelos vistos, se cruzam tantas comparações de qualidade (no âmbito da arquitetura, história, música, culinária). Já a imagem de marca da apresentação não tem salvação possível.
     Foi, portanto, um momento em ato de incultura linguística / lexical, no mínimo.

Siga-se a dica esclarecedora, com imagem, para se aprender melhor.

    Fico na expectativa de que a Livraria Lello não tenha uma baixa significativa no seu acervo bibliográfico, caso haja mais apresentações destas, com livros desfolhados. Protejam-nos! São um bem precioso, pelo saber que transmitem. Ninguém os deve desfolhar. 

   Folheemos os livros. Não há palimpsestos que resistam, nem intertextos ou intratextos, se persistirmos em os desfolhar.

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Sem santos nem milagres na língua

    Não podia ser de outra forma, quando se repete o erro.

  Que dizer daquele algoritmo que vai comandando a nossa vida, ao clicar-se num produto / assunto / tema / apontamento, e tem um "agente inteligente" que não vê a ignorância perpetuada num convite que só pode ter uma resposta?!

Até pode ser o bom Portugal, mas, no que toca ao Português, vai muito mal (colhido do Facebook)

Além do país, adore-se também a língua, para que não seja incorretamente usada (colhido do Facebook)

Nem com Santo António isto lá vai! Não há santo que valha ao bom uso da língua (colhido do Facebook)

   Claro que não me sentaria - eis a resposta!
  Sentar-me-ia se houvesse a consciência de como fazer um convite corretamente. Não adianta  a referência a terras, a santos; a apresentação de carinhas larocas e comidinhas apetecíveis, de chorar por mais. Nada disso me convence. Está em causa o mau uso do português, que, no condicional ou no futuro, é mal falado ou escrito até por ministros.

E não é que insistem?! Mudam as caras e as iguarias, mas mantém-se o erro crasso (colhido do Facebook)

  O condicional pronominalizado tem, tipicamente, o pronome entre a base verbal e a sua terminação. "Sentar-te-ias" devia ser a forma a ler; não aquela que a inteligência artificial (AI) e um algoritmo infeliz não descobriram, ainda, para usar corretamente na fala e/ou na escrita. 

Nossa Senhora de Fátima nos acuda, nos salve da persistência declarada no erro (colhido do Facebook)

  Caso para dizer que não há ruralidade nem iguaria que resistam. 
  Futuro e condicional pronominalizados são deveras casos críticos da língua
  Nem com a AI isto vai lá!

    Triste daqueles que não veem nalguns registos da inteligência artificial, sublinhe-se, a artificialidade que só o espírito humano pode melhorar / corrigir / fazer vingar como virtuosa.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Assim não brinco!

       Quando está tudo preparado para...

       ... entrar na brincadeira e ter alguma diversão, eis que falha uma das regras:

Brincadeira nos seus primeiros sete passos (montagem fotográfica I, com agradecimento à PN)

Desafio dos passos finais, mais dois colocados por mim (montagem fotográfica II)

     Falo da regra da correção escrita, tanto no "*Encontras-te" (que devia estar sem hífen) como no "*autoculante" (que, numa sequência de formação de palavras, deveria sempre considerar, como base original, o que pode "colar"; ou seja, cola(r) > colante > autocolante).
        Apetece dizer: assim não brinco!

      ... ler dez vezes o mesmo erro! Como são dois erros constantes, chega-se a vinte. Removam já o autocolante do espaço público. Que brincadeira!

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Conselho de futuro

      A abrir o mês, fica a previsão e o conselho de futuro.

      Não se pode dizer que não faça sentido entre o inicialmente constatado (anunciado?) e o conselho respondido:

Interações que só o tempo (verbal) denuncia e a pragmática admite (retirado do Facebook)

      A ironia da coerência interativa é evidente: quem constatou queria passado e fez deste futuro; quem respondeu pôs-se na posição de quem, humoristicamente, ainda vai a tempo de remendar o que já não tinha remédio.

    Isto de confundir, na escrita, pretérito (com terminação em 'ram') com futuro (em 'rão') só merece uma boa gargalhada (apesar de haver quem chore) e um aviso sério: estude!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Lei da falta de atração

      A ocorrência de erros televisivos está a mudar (o que não significa necessariamente felicidade).

   Em termos estatísticos, pode concluir-se que a maioria dos erros lidos nas legendas ou nos rodapés televisivos está para questões de desrespeito da ortografia, de impropriedade na seleção vocabular / lexical ou de incorreção morfológica.
  Não deixa de aparecer um ou outro caso distinto, nomeadamente no que à falha sintática diz respeito, particularmente na concordância de número. Hoje deparo com um outro:

No seio dos aproveitadores, há quem aproveite muito mal na SIC Notícias (Foto VO).

     É a declarada falta de atração.
    É comum assumir-se que a presença de um 'não' ou de um 'que' faz com que os elementos clíticos colocados junto a um verbo sejam atraídos, a ponto de os antecipar na construção da frase (ex.: 'Estuda-se' vs 'Não se estuda' / 'Faz-se algo' vs 'Diz-se que se faz algo').
   Ora, quando tal não acontece (como exemplificado na foto), viola-se definitivamente a correção no uso do português (variedade continental europeia), o que significa que seria bom os comunicadores sociais ou quem trabalha nessa área consultarem uma gramática. Não faria arrepiar tanto os leitores das legendas ou dos rodapés.

     Falha a atração, deforma-se a construção, distrai-se a intenção e compromete-se a comunicação.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Canhão... apontado ao erro.

       Guerra declarada, para que se escreva bem.

      Casos em que a fonética não permite percecionar bem a segmentação da palavra / expressão não permitem validar o desconhecimento de como se deve processar a escrita.
        A sistemática dificuldade em distinguir ' afim' de 'a fim (de)' é questão paradigmática. Entre o que é 'afim' (semelhante ou com afinidade) e 'a fim de' (expressão / conector de finalidade, sinónimo de 'com o objetivo / propósito de') nada há de parecido (ou afim) senão a sonoridade (uma aproximação homofónica que não resulta em homografia). 
      A fim de (ou para) se escrever bem, reconheça-se a segmentação gráfica de 'a fim', bem separada, nem sempre reconhecida na fluência da realização oral da língua. Fica ainda a nota seguinte: o adjetivo 'afim' tipicamente seleciona a preposição 'a' (ser afim a / idêntico a / semelhante a), enquanto a expressão conectiva integra 'de' (a fim de / com a finalidade de / com o propósito de / com o objetivo de). 
     Outro exemplo crítico é o exemplificado no excerto de um aviso de condomínio, no qual se anuncia um novo canhão na porta de entrada e, consequentemente, se informa a entrega das chaves novas (que, coincidentemente, também são novas chaves, porque diferentes):

Um negrito mais separado do que devia; um 'a partir' tão junto que até irrita (Foto VO)

        A confusão entre 'aparte' (fazer um comentário, um aparte) e 'à parte' (colocar alguém ou algo à parte, separado) não chegava! Com o que se dá a ler, junta-se o 'a partir de' (a indicar o ponto de que se parte, o ponto inicial de um estado ou de uma situação).
        Ler o anúncio logo de manhã, fez-me colocar imediatamente uma barra oblíqua entre os termos da expressão, separando o que ninguém (nem Deus) podia ter unido:

Qual é a diferença, qual é ela? Não é só a cor, não! 

       Um canhão novo, chaves novas (não completamente igual a 'novas chaves', mas, enfim...) e um erro que importa evitar, a bem da escrita com correção.

       Não fosse eu ficar à porta, apetecia-me não ir ao escritório onde alguém escreveu o que não devia.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Constância... já foi mais constante

       O nome da localidade anda presentemente pelas ruas da amargura.

      Cheguei a lá ir em tempos, com alunos, na senda de alguns sinais da presença camoniana, sempre em articulação com outras áreas de saber (particularmente quando o poeta não deixou de ser exemplo de homem completo nos saberes, tendo numa mão a espada e noutra a pena).
      Hoje parece não haver muita constância, estabilidade económica numa terra que apresenta sinais de fragilidade, com uma grande empresa de tupperwares em condição de insolvência. Assim o foi noticiado e (pasme-se!) legendado:

Incertezas televisivas com orientações / nivelações distintas 
(na legendagem da RTP1, captada pelo olhar atento da ARS, a quem agradeço o contributo)

       Caso para dizer que nem constância nem coerência, pelo menos no que à língua diz respeito.
   "Pairar" combinado com "sob" aponta para incompatibilidade de níveis (superior e inferior, respetivamente). Nada como 'pairar' com outra preposição, de modo a escapar à incoerência criada.

       As incertezas ou 'pairam sobre' ou 'pairam em' (uma questão de seleção a partir do verbo usado).
      

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Falhas no (arranque do) discurso

     No Pontal, a correção não esteve na ponta da língua.

   A falha do microfone no início do discurso foi questão de somenos importância, resolvida em sete minutos. Bem pior foi o anúncio da medida do suplemento das pensões, pelo modo como foi feito. Na variação existente, o presidente do PSD e atual primeiro ministro afirma o seguinte: "Quem tiver uma pensão entre estes 1018.52 euros e 1527 euros e 78 cêntimos será-lhe [CREDO!!!!] paga uma verba, a título de suplemento extraordinário, no valor de cem euros."
    Acrescenta a jornalista que dito assim agradará aos beneficiários.
   É bem possível, perante a miséria de algumas reformas existentes no país. Não agradará, por certo, a quem percebe alguma coisa da nossa língua materna e ouve um "será-lhe" que faz arrepiar o cérebro.

Foto de um momento crítico na língua 
(não no lido, mas no ouvido e atestado hoje televisivamente no "Jornal" da SIC Notícias)

    Há quem diga que alguém "puxou a manta e os pés ficaram de fora", a propósito dos efeitos da medida proclamada. Acrescentaria que alguém precisa de um suplemento bem maior na língua, para que o futuro do verbo, na conjugação pronominal utilizada, resulte no devido "SER-LHE-Á". A conjugação do futuro e do condicional, para não regressar ao estádio linguístico do galaico-português, tem particularidades que atualmente são ensinadas aos alunos (para se evitar um erro morfológico típico), as quais não devem entrar de férias, muito menos por quem deve estar instruído no bom uso da língua oficial; muito menos num período de grande visibilidade (e audição) naquela que se diz ser a "rentrée" política.

     Não foi só no arranque e nem tudo é culpa do microfone. É a meio e no modo como se fala. E todos aplaudem, sorridentes, o que se anuncia, bem como o modo impróprio desse anúncio. Salvos sejamos deste politiquês que nos dão a ouvir!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Declarações de desamor...

    Depois do Dia dos Namorados, ...

    Não há bolo que resista!
    Sem vírgula antes de 'mas', sem as que encaixam a expressão "às vezes", a forma verbal de 'dar' sem acento e o já mencionado "às vezes" mal grafado (na acentuação) são ameaças muito significativas, a fazer certamente ter vontade de apertar o pescoço a alguém:

Um bolo azedo para desamor à língua

      (Também) não há amor que resista. O da língua já foi há muito.

      ... ficou um amor muito azedo e agressivo.

sábado, 9 de dezembro de 2023

Nova falha... já antiga.


       E não foi, por certo, por causa da chuva - que não para.
      Hoje, logo ao acordar, depois do empate e da crise do Benfica, vem a guerra de Israel-Hamas e, para não variar, a desgraça da língua escrita (prioridades!):

       Sem equilíbrio na escrita e no mundo (Foto VO)

     A inconsciência ortográfica assenta numa outra: a morfológica. Trata-se de um caso clássico de erro ortográfico proveniente da inconsciência morfológica. Não sabendo a palavra base (equilibrada), por parte de quem escreve, o acrescento do prefixo 'des' deriva numa escrita fonética mais do que problemática.

       Efetivamente, o DESEQuilíbrio é evidente... na língua e nos líderes mundiais (chega a parecer que a guerra é preferível). Santo Deus!

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Dezembro começa mal (e não vai terminar melhor)!

      Valha o facto de ser feriado (que foi já confundido com outras histórias), para não ser pior.

    Tudo por causa das negociações governamentais (ainda que em tempos demissionários) na área da saúde; ou melhor e para ser mais correto, pela comunicação que delas se faz.
      Hoje, a legenda televisiva é a seguinte:

      Não há saúde para a língua! É o desgoverno assumido. (foto VO)

     Não sei se será por o ministro ter ficado com os cabelos em pé (!!) ou se é por querer ligar todos a uma só causa, pensando que isto é questão de várias entradas para uma só tomada elétrica (isto para não falar de outras extensões, que também não são para aqui chamadas). É o que faz ESTENDER em demasia. Lá diz o povo: "Não te estiques!" A SIC, pelos vistos, espalhou-se!
      No que ao mau uso da língua diz respeito, é o desgoverno generalizado nos canais televisivos. Impõe-se uma "conjura" contra o domínio incorreto do nosso idioma. Toca a pô-los da varanda abaixo, metaforicamente falando.

      Isto de confundir 'es' com 'ex' é silábica e ortograficamente problemático. Preferia a extinção destes erros a uma extensão (tão paronímicas!) que não é salutar para ninguém.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Estamos nisto! Ortografia do melhor...

      Quando estás preparado para ser informado sobre o que se passa no mundo, ...

       ... as notícias aparecem na sua pior escrita.
    Dúvidas houvesse acerca da influência da oralidade na escrita, os erros comuns na ortografia de palavras como 'feminino', 'ministro', 'príncipe' e afins demonstram-na. Daí que, no plano da correção escrita, seja de abordar estes casos críticos, para que resultem em domínio mais consciente e correto do ato de escrever.
    A televisão começa a dar sinais de como esta competência parece já não ser apanágio do bom exemplo do serviço público e da exposição ao bom uso da língua:

Eis a razão para, sem dúvida(s), preferir o favorecimento, bem escrito (com agradecimento à AC) 

    Claro que não é necessário dominar a etimologia e reconhecer a base latina "PRIvilegium" (embora ajudasse): a leitura de vocabulário frequente permite ver bem as sílabas de "PRIvilégio" (desde logo a primeira de todas); a família de palavras assinala recorrências evidentes em "PRIvilegiar", "PRIvilegiado", "PRIvilegiadamente", "desPRIvilegiado" (pela consciência repetitiva da base); a consulta de um dicionário, hoje, está à mão de qualquer telemóvel ou computador pessoal (com palavras bem grafadas).
      Tão bom seria ver / ler palavras, em primeiro plano, para uma comunicação feliz!

     Talvez por causa do mau exemplo, prefira o favorecimento ao outro termo que, em vez de 'pre', deveria ter 'pri' na sílaba inicial.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

A propósito de escândalos (no plural)

     Não bastava um, tinha de aparecer outro.

    É o que dá não distinguir verbos principais de verbos auxiliares. No caso de 'haver', é a diferença, respetivamente, entre a forma exclusiva do singular e a que admite o contraste de número com plural.
     Por isso, quando o verbo é principal, como em...

Escândalo atrás de escândalo (com agradecimento à CF)

     ..., não há plural. Há um, há dois, há mil. No caso, havia (dois telemóveis que sejam).
     Entre o escândalo noticiado e a forma verbal escandalosa, não há telemóveis que escapem. Numa semana em que, numa só reunião de trabalho, os discursos oficiais permitiram ler e ouvir "*Alguns de vós não esteve presente" (credo!) e "*Ainda que não tenhemos dados..." (salvo seja!), já espero tudo, no mal em que a língua anda.

      Atrocidades à visão e à audição, para o comum dos mortais.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Conjugações pronominais (e outras coisas mais)... no seu pior.

        Pasmo com alguns documentos oficiais (pois quanto aos que não o são...)

     De erros e pontapés na gramática estão os media cheios, bem como alguns falantes da língua, mesmo o intitulado 'Bom Português', que, por vezes, deixa muito a desejar.
       Com documentos oficiais, a questão torna-se bem mais grave, assumo. Assim o penso sempre que me cruzo com pérolas (asneiras) deste tipo:

Da língua mal dirigida na educação, ainda por cima quando vem da Direção-Geral!

    E tenho eu que ler isto, quando ensinava que, na conjugação / construção pronominal, os verbos terminados em 's' perdiam esta consoante em contexto de sequência de pronome pessoal átono:

       Encontramos + nos > ENCONTRAMO-NOS
       Fizemos + o (trabalho) > FIZEMO-LO
       Deténs + o (juízo necessário) > DETÉM-LO
       Lavais + vos > LAVAI-VOS
       Convidamos + vos > CONVIDAMO-VOS

     E quando dizia que uma vírgula não separa o complemento do seu verbo, no predicado. Se ainda fosse com duas (uma depois de " a participar e a divulgar" mais aquela colocada antes de "o desafio"), tudo estaria bem, com o encaixe da sequência "..., junto de todos... Escola Não Agrupada,..." entre vírgulas (uma antes e outra depois, para haver encaixe e não ter uma vírgula a separar o núcleo verbal dos seus complementos). 
     E, como não há duas sem três, que dizer daquele apontamento final "Toda a informação e regulamento disponível"!!! A informação (disponível) e o regulamento (disponível) não estarão para uma coordenação nominal com concordância no plural ("Toda a informação e regulamento disponíveis...")?!

     Vai mal a língua ou o conhecimento dela (que tende para o desconhecimento). Como irá a educação que dela e nela se dá?!

domingo, 8 de outubro de 2023

Escuridão... que não deixa ver!

       Diz-se torta, apesar de parecer estar "direitinha".

      Num jogo das palavras, algo se apresenta como escuro; porém, ou talvez por isso, não se dá a ver, não pela escuridão, mas por uma outra razão: a visão "viu-se" comprometida na grafia e na sua correção.

Uma torta "viu-se" negra (com agradecimento à HV, pela imagem)

       De volta à grafia com 'ss' e sua confusão com '-se'. Também não é com doçuras que se resolve o problema.
      Bastava colocar o texto na negativa ("não SE viu") ou fazê-lo anteceder de 'que' (QUE não SE viu") para se verificar que o pronome '-se' não aglutina ortograficamente à base do verbo.

      Convenhamos que há tortas que se tornam indigestas. Mais do que queimadas, tostadas ou escuras, cheiram a esturro quando a escrita a propósito delas, esta sim, se revela mais do que "torta".

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Fatalidades: do filme ao erro

       No pouco tempo de que disponho, deixei-me levar por um filme...

      Já não me lembro do título nem do canal televisivo que o difundiu - por certo um dos TVCine. Era um daqueles que apelam à simpatia por um casal que tudo faz para salvar a filha de uma doença fatídica e que, à última hora, vê um milagre acontecer. Antes assim, para o final feliz do enredo e dos espectadores que se reveem nos sinais de esperança.
        Felicidade, contudo, não existe quando se lê, nas legendas, o seguinte:

Legenda fatídica em filme de esperança (quanto à língua...!)

       É fatídica a confusão da grafia '-se' e da sequência 'V[ogal]sse'. Caso para dizer que não há crença que resista já ao pretérito imperfeito do conjuntivo, escrito com esta última sequência e não com a primeira (hifenizada). A construção "se não cresse" (à semelhança de outras: "se não acreditasse, se não fizesse, se não tivesse, se não fosse...") não tem qualquer hífen a separar a forma verbal de base da sua terminação com a amálgama do modo-tempo-pessoa-número.

    A felicidade (ficcional) da personagem não tem associação possível ao mal-estar (factual) do espectador que vê a língua tão erradamente tratada na sua grafia.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Um tesourinho (com multiplicação de letras)

       Assim, mo foi apresentado: um tesourinho para a carruagem.

     Há leitores(as) atentos(as) e que vão partilhando, à semelhança do que aqui faço, os seus encontros com o mau exemplo da escrita televisiva.
       Este tem o seu requinte:

Um descanso nada repousante (com agradecimento à IP, pela partilha)

     Entre a escrita correta do duplo 's' na terminação verbal do imperfeito do conjuntivo e o erro do duplo 's' na palavra base, resta pensar que foi a preocupação na sílaba final que se estendeu, por antecipação, à penúltima. Nem 'cans(aç)o nem descanso admitem a grafia que a legenda televisiva dá a ler. A simples estratégia da família de palavras assim o dita (descansar, descanso, descansado, descansasse).

     Por mais que o cansaço seja sentido e experienciado, não é pela multiplicação de 's' que o descanso se torna a recuperação desejada. Na escrita da palavra não o é, garantidamente.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Nada a ver com municípios!

      Em plena época de veraneio, há cuidados a considerar.

      Desde logo, cuidado com o sol, com o mar... E com a língua também!
      Quando as férias se anunciam e o descanso se impõe, alguém consegue irritar o comum dos mortais:

Praia do conCelho de Lagoa é desaconSelhada: assim deve ser! (Foto VO)

      Não há imagem paradisíaca que resista a legenda tão infeliz!
     O problema até pode estar no concelho de Lagoa (pelos vistos, nem tudo é perfeito pelo Algarve), mas, no que diz respeito à praia do Carvoeiro, só pode estar desaconSelhada. Isto de confundir homófonas (conselho / concelho, vós / voz, conserto / concerto) é questão crítica até para a formação de palavras. Conselho, aconselhar, desaconselhar é sequência de derivação recursiva, a constituir uma família de palavras que fica "unida" pela base ortográfica de um 's', que nada tem a ver com concelhos.

     Isto de integrar e desintegrar municípios e/ou 'concelhos', não sendo impossível, ainda está para se representar na língua como "(des)aconcelhado".

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Sempre em ação... não param!

      Caso para dizer que não para (forma estranha do verbo, por certo).

    A estranheza vem do hábito anterior ao Acordo Ortográfico, quando se acentuava a palavra, para a distinguir da conjunção ou da preposição (não acentuada). E se hoje ainda sinto a necessidade do acento nessa forma verbal, o mesmo já não digo de outras:

Ministro(s) à parte, o que diz(em) não se escreve, conforme o lido - (Foto VO)

      Numa língua que se diz fónica e predominantemente de acentuação grave, não se utiliza normalmente o acento gráfico nas palavras com tal tendência. Portanto, ´param' é a forma correta de escrita, já que a sílaba destacada / sublinhada é a mais forte (daí a classificação da palavra como paroxítona ou grave, quanto à sílaba tónica).

      Aos protestos na educação, para negociações sem fim à vista, um outro acresce: o da língua, sem a correção dos media (e não só!) na escrita.