Nada melhor a dizer para se expressar a relativização dos factos, por mais repetitivo que o enunciado possa parecer.
Hoje dei cumprimento ao que me foi solicitado na escola: preencher um inquérito internacional de ensino e aprendizagem (TALIS) 2013, no âmbito das Escolas Pisa, organizado pela OCDE e Portugal (em conjunto com mais de trinta países participantes, a fornecerem informação para análise da educação e do desenvolvimento das políticas educativas). Disseram-me, na semana passada, ter sido um dos 32 selecionados na escola para o efeito. Bastou-me ter um aluno com quinze anos e ser considerado professor com vínculo estável à escola. Saiu-me o berlinde!
À medida que leio o inquérito e o preencho, vou minimizando o interesse e o propósito. Levo a ação até ao fim, ainda que a vontade seja praticamente nula. Pergunto-me mesmo se vale a pena ser sério nas respostas. Vou em frente, mantendo-me bem intencionado.
A razão do mal-estar é recorrente, e pior ainda quando se apresenta como uma prática e um documento de natureza oficial, acompanhados por uma estrutura do Ministério da Educação e Ciência (Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência).
A razão do mal-estar é recorrente, e pior ainda quando se apresenta como uma prática e um documento de natureza oficial, acompanhados por uma estrutura do Ministério da Educação e Ciência (Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência).
Cá vão os motivos, mais precisamente quatro.
a) Numa folha de instruções para o preenchimento online, lê-se:
(caso para dizer que, afinal, não são apenas os alunos a confundir a acentuação gráfica do futuro com a das contrações: distinga-se o necessário acento agudo na primeira do acento grave só aplicado nas segundas);
b) A encabeçar uma sequência de questões, aparece a seguinte introdução:
(entre vírgula a separar o complemento direto do respetivo núcleo verbal ou a ausência de uma segunda vírgula a justificar um encaixe, o resultado prático é o mesmo: um erro básico de pontuação);
c) Uma das questões a abordar propõe o seguinte enunciado:
(não bastava o enunciado, a remeter para uma realidade que até pode tomar-se por risível - face ao que sucede no contexto educativo português -, e ainda tinha de haver uma vírgula a separar o sujeito do devido predicado... É dose!)
d) Outra das questões é introduzida pelo parágrafo dado:
(não se fosse pensar que o caso anterior era a ocorrência de uma simples gralha, insiste-se no erro crasso: separa-se o sujeito do predicado com uma só vírgula, só para contrariar uma das poucas regras certas, estáveis neste sinal de pontuação).
Numa folha de apresentação do inquérito e dos procedimentos necessários ao seu preenchimento, lê-se que é possível encontrar algum desajustamento face aos contextos de aplicação do documento. É um facto! E no que toca à utilização correta da dimensão gráfica da língua isso é mais do que evidente.
Mais um caso para testemunhar o que não vem de cima. Daí que isto tenha o valor que tem. Quando, a propósito dos dados do PISA, se disser que os alunos revelam / não revelam o indicador X ou Y, saiba-se que o problema não é só deles.
Pois é, é caso para dizer que o PISA também pisa a língua portuguesa. Para além disso, este inquérito deve ter sido feito com largo tempo e espaço (e, possivelmente, com verbas). Por isso, de facto, "Tem o valor que tem", mas, se ajudar a escrever melhor, pode ser que o valor venha a ser acrescido.
ResponderEliminarUm beijinho e continua a dar(-nos) conta destas ocorrências (im)pertinentes.
M.
Obrigado!
EliminarFá-lo-ei, por certo.
Beijinho.
VO