sábado, 29 de setembro de 2012

Sujeitos e dependências

      Novo exemplo de sintaxe, para um caso de configuração do sujeito sintático.

     Q: A função sintática de modificador restritivo ou apositivo do nome.  
       Esta é uma função sintática interna ao grupo nominal. O sujeito, por sua vez, é uma função sintática interna ao grupo frásico, portanto, nuclear e soberana face ao modificador do nome. 
          1- A rapariga levantada é minha irmã. 
          2- A rapariga que está levantada é minha irmã. 
     Na primeira frase o grupo nominal "a rapariga levantada" é sujeito. "Levantada" é o modificador restritivo do nome. 
      Na segunda frase, já complexa, incluímos a oração subordinada adjetiva relativa restritiva dentro do sujeito também? É que essa oração ocupa a mesma função sintática e o antecedente do pronome relativo é "a rapariga".

      R: Permita-me um primeiro apontamento, por uma questão de coerência: modificador restritivo está para modificador não restritivo (ou apositivo ou, ainda, explicativo).
       Um segundo: o sujeito é uma função sintática nuclear ao nível da frase (não do grupo frásico, por esta designação estar mais para a descrição de um tipo de constituinte).
      O sujeito sintático da frase 2) é, de facto, 'A rapariga que está levantada', para o predicado 'é minha irmã'. Assim o indicam os testes de constituência (ou testes fundamentais para identificação dos constituintes):
        a) o da substituição do GN (por equivalente) : A jovem que está de pé é minha irmã.
     b) o da pronominalização: Ela é a minha irmã (Ela, quem? > A rapariga que está levantada)
        c) o da topicalização: Minha irmã é a rapariga que está levantada.
        d) o da frase clivada: É a rapariga que está levantada que é minha irmã.
        e) o da inserção: A rapariga que está levantada realmente é a minha irmã.
       f) o do par pergunta-resposta: Quem é a minha irmã? > A rapariga que está levantada.
        g) o da passiva (não aplicável).
         O constituinte mantém a sua integridade em qualquer um dos testes, pelo que se trata de uma unidade.    
    A natureza complexa da sua configuração não invalida o reconhecimento de, a um segundo nível de análise (interno), um sujeito dependencial representado pelo anafórico 'que'. A natureza dependencial da oração relativa (restritiva) justifica a sua integração no grupo nominal matriz.

       Esta questão sublinha, ainda, a importância de se trabalhar diferentes configurações do sujeito sintático, vulgarmente reduzido a grupos nominais básicos e/ou a realizações de ordem pronominal.

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