domingo, 28 de maio de 2006

Um gato que conseguiu voar... e eu estive lá

      A convite de uma colega, de uma formanda, de uma amiga, fiz a minha primeira apresentação de um livro em parceria com um outro amigo. Na FNAC do NorteShopping, entre familiares da autora, amigos, colegas e alguns desconhecidos (outros nem tanto), foi tempo de partilhar um livro que apreciei na mensagem e no labor de escrita.

     Diz-se que quem muito alto sobe muito baixo desce. E para quem se chama Jeremias, que dizer? É bíblico o infortúnio. São míticas as quedas,... as de Ícaro então...
      Valha-nos o facto de os gatos terem sete vidas.

     Reza assim o início da história:

     Era uma vez um gato, que vivia numa quinta lá muito longe, no interior de Portugal, e que tinha um sonho que, apesar de o podermos considerar excessivo, aéreo, tresloucado, inimaginável, soberbo, conseguiu pôr em prática.
      O Jeremias - assim se chamava o nosso herói - queria poder voar como as pombas ou as rolas que todos os dias observava, atarefadas, pela janela do minúsculo quarto que normalmente habitava.
      "Ai, se eu pudesse ser pássaro, viajaria por todo o lado, conheceria todo o Mundo e poderia escolher entre paisagens quentes de Verão ou terras frias de Inverno! Não haveria barreiras à minha vontade de ir até ao fim do Universo!" - assim suspirava continuamente o nosso amigo, sentindo-se envelhecer, preso àquele espaço tão rural quanto fechado às maravilhas do Planeta.
       E como é que ele sabia que o Mundo não começava e acabava naquele pedaço de terra perdido no meio da Serra? - perguntam vocês, e com razão, pois trata-se apenas de um gato, que só sabe caçar ratos, andar atrás das gatas, espetar as suas afiadas unhas nos tapetes, cortinas ou sofás, e dormir na maior parte do tempo da sua humilde vida. Pois bem, é que o nosso Jeremias costumava, nos longos dias de chuva, que impediam as pombas de sair das suas gaiolas, pôr-se no alpendre da casa a conversar com elas. E o que elas lhe contavam sobre o que observavam nos seus intermináveis passeios pelos ares ou, por sua vez, sobre as conversas que tinham com outras aves com que se cruzavam, era verdadeiramente fascinante, tão incrível que o nosso gato se punha logo a imaginar que era uma delas e que conseguia levantar voo em direcção à linha do Horizonte."

      Desta minha experiência, deixo aqui o texto proferido e dedicado à Patrícia Silveira, a quem fico para sempre reconhecido pela aposta, pela oportunidade e pela honra que me foram concedidas.