Devem ser reflexos ainda da formação vivida - era bom poder ver "sobre" muita coisa.
Hoje uma colega dizia-me, ao entrar numa sala que bem conhece e com uma turma que também lhe é mais do que familiar, "Olha que lindos que eles agora estão!"
Concluí de imediato que antes não deviam ter estado assim. E percebi-o bem, porque momentos há comigo em que também não estão "lindos". Não é que sejam feios (porque não o são), mas às vezes precisam de um controlo que tira qualquer professor do sério: conversam paralelamente, depositam energias no que não interessa, riem-se por tudo e por nada, comentam o que não foi pedido, pedem para se repetir o que nem há um minuto foi indicado, dizem ao contrário aquilo que ainda está registado e visível no quadro...
Concluí de imediato que antes não deviam ter estado assim. E percebi-o bem, porque momentos há comigo em que também não estão "lindos". Não é que sejam feios (porque não o são), mas às vezes precisam de um controlo que tira qualquer professor do sério: conversam paralelamente, depositam energias no que não interessa, riem-se por tudo e por nada, comentam o que não foi pedido, pedem para se repetir o que nem há um minuto foi indicado, dizem ao contrário aquilo que ainda está registado e visível no quadro...
Hoje, contudo, o tema da conversa era a designação dos meses e de como já tinha havido só dez meses, num outro calendário, tudo começando em março. Descobriram que dezembro vinha de dez; novembro, de nove; outubro, de oito; setembro, de sete... Depois quiseram saber de janeiro (e lá veio Jano), mais dos restantes meses (uns com nomes de deuses; outros de imperadores).
E vieram os dias da semana, e perguntaram de onde vinha o sábado e o domingo, e depois não percebiam como é que eu sabia aquilo tudo ("Oh! Não vês que o professor já leu a Bíblia toda!"... É preciso ser crente! E não reparar que já me está a chamar velho!)...
Ainda que não tivesse sido matéria planificada para a sessão de hoje, a conversa foi cultural o suficiente para ser interrompida quando todos estavam em escuta sossegada.
À despedida, a colega pedia-me a solução para o sossego e eu respondia "Também eu a queria!" (pensando naquelas outras aulas tão desassossegadas). Olhando para trás, nem sempre foram eles a perguntar ou a pedir informação; nem sempre tudo dizia diretamente respeito à vida comum de qualquer humano; nem sempre pude dar tempo e/ou espaço a uma dimensão que a língua também tem (a da sua história e cultura). Chegará isto para justificar a diferença?
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