segunda-feira, 25 de março de 2013

Fico-me pela música!

     Há filmes que são tão áridos quanto algumas das paisagens que apresentam.

     Ao final de quase duas horas, o balanço para o filme de Martin McDonagh intitulado "Os sete psicopatas" é o de uma sucessão de imagens de sangue a inundar a vista; de típicos desertos da Grande Bacia dos EUA a amarelar ou alaranjar a tela; de uma história que, entre o despropositado e o bizarro, toca o registo da comédia só pelo que revela de absurdo.
    O estilo não anda longe de um 'made à la Tarantino', com o inconveniente de, em termos de intriga, esta não se afirmar por qualidade alguma. A comédia tem a nota do humor negro. O desafio é o de encontrar um propósito, um sentido significativo para toda a história produzida, com personagens excêntricas (psicopatas, claro, e logo sete...), um cão (Shih Tzu) e situações caracterizadas entre o inusitado e o forçado.
    Marty Faranan (Colin Farrell), um argumentista a viver um período crítico de inspiração, procura concluir o guião fílmico "Sete Psicopatas". De resto, o filme é uma espécie de meta-narrativa cinematográfica sobre o ato criativo, refletido na construção de toda a ação e das personagens. Cruzam-se ficções com a realidade vivenciada pelas personagens, sendo uma destas Billy (Sam Rockwell). Amigo de Martin, procura ajudar o companheiro na crise instalada, propondo-lhe a escrita sobre psicopatas. Ao roubar o cachorro de estimação de um gangster (Woody Harrelson) - um criminoso obcecado pelo seu Shih Tzu -, traz para sua esfera de ação uma série de personagens e comportamentos obsessivas e tresloucadas, num desvirtuamento e numa desregração que parece não ter fim.
    No final, de positivo, regista-se a música que abre e fecha a sessão. Vale a pena recordar aquela que é a melodia original, dos finais dos anos sessenta (1967), para versões mais contemporâneas como as de Rod Stewart ou Sheryl Crow: "The first cut is the deepest", música escrita por Cat Stevens para a voz soul de P. P. Arnold.
    Fica esse original:


   THE FIRST CUT IS THE DEEPEST

I would have given you all of my heart
but there's someone who's torn it apart
and she's taking almost all that I've got
but if you want, I'll try to love again
baby I'll try to love again but I know

The first cut is the deepest, baby I know
The first cut is the deepest
'cause when it comes to being lucky she's cursed
when it comes to lovin' me she's worst
but when it comes to being loved she's first
that's how I know

The first cut is the deepest, baby I know
The first cut is the deepest

I still want you by my side
just to help me dry the tears that I've cried
cause I'm sure gonna give you a try
and if you want, I'll try to love again
but baby, I'll try to love again, but I know

The first cut is the deepest, baby I know
The first cut is the deepest

'Cause when it comes to being lucky she's cursed
when it comes to lovin' me she's worst
but when it comes to being loved she's first
that's how I know

The first cut is the deepest, baby I know

The first cut is the deepest

    Fica ainda a versão hoje mais conhecida, na voz de Sheryl Crow:


    Se, pelo filme em causa, a minha opinião é a de que este não rezará história na sétima arte, regresso à primeira de todas (a música) para dar expressão a um tempo sempre feito com sentido.

Sem comentários:

Enviar um comentário