Numa embarcação da ria de Aveiro, há um pensamento de vida, muito vicentino.
No delta do Vouga, veem-se alguns moliceiros com as proas e as rés ilustradas com legendas e painéis muito sugestivos, alguns dos quais dignos de fazer corar os transeuntes.
Fico-me por um exemplo politicamente correto, a fazer lembrar o Auto da barca do inferno (1517) e o quadro (intemporal) do frade com a sua Florença (nome simbólico para uma terra que, no período quinhentista, tinha tanto de desenvolvimento como de ousadia):
Fico-me por um exemplo politicamente correto, a fazer lembrar o Auto da barca do inferno (1517) e o quadro (intemporal) do frade com a sua Florença (nome simbólico para uma terra que, no período quinhentista, tinha tanto de desenvolvimento como de ousadia):
Na decoração colorida e humorística desta ré (popa), retrata-se um episódio de vida, de um quotidiano pintado de (falsa) moralidade, traduzida numa frase interrogativa com muita orientação retórica e um pressuposto sem questão: o de que ambos pecaram.
Embarcações de trabalho, sem esquecer o(s) sentido(s) da vida - ou, como também diria Eugénio de Andrade, "É urgente um barco no mar" (o tópico da passagem).
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