quarta-feira, 1 de julho de 2015

Começamos mal o mês, numa quarta-feira aziaga para a língua

    Na literatura, Garrett considerava sexta-feira dia aziago...

    Na rádio / imprensa virtual, pode bem ser quarta-feira.
   Tudo porque, na TSF Online, um colega meu leu o que não devia (ou não queria... e bem), tendo-me conduzido de imediato o registo devidamente identificado até na hora de visualização (em http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=4654449, às 11h58m):


     O comentário que possa fazer não é novo, mas é de relembrar o que já foi aqui uma vez escrito o seguinte: a conjugação do futuro e do condicional, na língua portuguesa, resulta de um claro caso histórico-linguístico de composição, quando no período final do império romano se recorria a uma perifrástica constituída pela forma verbal de um infinitivo mais as terminações, respetivamente, do presente e do imperfeito do verbo latino habere. Uma marca que hoje persiste dessa antiga composição é precisamente a colocação de pronomes em mesóclise (isto é, no meio da forma verbal, entre a forma infinitiva do verbo e a sua terminação). Dir-se-á ou escrever-se-á (ei-lo em ação), portanto, com o pronome no meio da forma verbal, enquanto caso antigo de sintaxe transformado em morfologia - 'falar' no futuro é o resultado de falar + (h)ei, (h)ás, (h)á, (h)emos, (h)eis, (h)ão; no condicional, falar + (hav)ia, (hav)ias,(hav)ia, (hav)íamos, (hav)íeis, (hav)iam. Assim se explica, também, a comum terminação do futuro na terceira pessoa do plural (em 'ão'); a acentuação aguda do 'á', 'ás' frequente e erradamente confundida com casos de contração.

   Reproduzo a imagem do registo feito na minha página de Facebook, pois, como antevia e avisava o meu colega, a situação pode acabar por posteriormente ser objeto de correção. Antes assim!

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