quarta-feira, 15 de julho de 2015

"E a ideia até foi minha"...

    A frase é tão batida, nos últimos dias, que chegou a minha vez de a citar.

   A razão para o fazer não é boa (como, aliás, nenhuma pode ser quando alguém tanto precisa de se assumir como autor de soluções milagrosas, no mínimo, discutíveis), por decorrer da leitura de uma notícia relacionada com a aplicação de critérios pelos professores corretores dos exames de Português de 12º ano.
    Confrontei-me com a informação graças ao seguinte registo noticioso digital:

in http://www.noticiasaominuto.com/pais/421513/exames-de-portugues-tiveram-diferentes-criterios-de-correcao
(consultado no corrente dia, pelas 21:30)

    Depois de o ler, pensei no seguinte: se a qualidade da informação noticiada estiver na proporção da qualidade da correção escrita, tenho muito a duvidar acerca do que está escrito. Senão, vejamos:


    i) quem escreve deve saber encadear o texto de autor com discursos citados, de modo a não comprometer uma regra fundamental do português: não separar nunca por uma só vírgula o complemento do seu elemento predicador subordinante (neste caso, o adjetivo 'garantida');
      ii) um sujeito composto ("a existência de critérios diferentes para corrigir respostas idênticas e a falta de formação para aplicar os critérios de classificação do IAVE") deve dar lugar a um verbo conjugado no plural (não 'levou', mas 'levaram').

   Fico-me por aqui, para não tratar de outras questões (por exemplo, ambiguidades sintáticas, paragrafação dúbia). Os exemplos anteriormente indicados são suficientes para a responsabilidade editorial sair lesada (seja por quem escreveu seja por quem validou o que foi publicitado); a qualidade informativa acabar, no mínimo, relativizada.
   Abordar questões de correção do português num texto mal escrito é informação caída em descrédito.
    Por ora, mais não escrevo, embora sublinhe que a existência de professores interessados em desenvolver um trabalho profissionalmente responsável, oportuno e atempadamente realizado motiva a construção de equipas, parcerias que, colaborativamente, constituem os chamados "amigos / profissionais críticos" enquanto realidade mais próxima, atenta e imediatamente disponível do que a virtualidade digital, distanciada, sem cara e sempre mediada.

    Retomando a notícia, pergunto-me se os responsáveis editoriais dos mass media não deveriam encarar com mais seriedade e profissionalidade o uso da língua, rodeando-se de pessoas (mais) competentes na validação dos registos que public(it)am.

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