quinta-feira, 5 de julho de 2012

Da ficção(?) tornada realidade(?)

    O dia é universalmente celebrado pela independência dos Estados Unidos da América, ocorrida em 1776; este ano pode ter-se escrito uma nova página da História da Humanidade.

     A possível descoberta do Bosão de Higgs (genericamente, uma partícula subatómica que confere massa às restantes partículas), também conhecida como a "partícula de Deus", revela-se um passo crucial para a compreensão do universo.
    Segundo o CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), trata-se de uma partícula nova com características de massa e comportamento semelhante ao Bosão de Higgs: partícula resultante da colisão de outras que, sem massa, se deslocam à velocidade da luz num campo supostamente vazio, conferindo à primeira uma massa visível.

    
      Mais um passo gigante para o Homem.
    E o que era ficção (ou nem tanto) assume-se como realidade. Basta para tanto ler o excerto transcrito da obra Anjos e Demónios, de Dan Brown, romance que inspirou filme homónimo.
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    "- O que significa LHC? - perguntou, esforçando-se por não parecer nervoso.
     - Large Hedron Collider - respondeu Kohler. - É um acelerador de partículas.
     Acelerador de partículas? Langdon conhecia vagamente o termo. Ouvira-o pela primeira vez durante um jantar com alguns colegas na Dunster House, em Cambridge. Um dos membros do grupo, um físico chamado Bob Brownell, aparecera no tal jantar lívido de raiva.
    - Cancelaram-no, os filhos da mãe! - desabafara.
    - Cancelaram o quê? - perguntaram eles em coro
    - O SSC!
    - O quê?
    - O Superconducting Super Collider.
    Alguém encolhera os ombros. (...)
    Quando, finalmente, acalmara um pouco, Brownell explicara que um acelerador de partículas era um grande tubo circular ao longo do qual eram aceleradas partículas subatómicas. Ímanes distribuídos por toda a circunferência do tubo eram ligados e desligados em rápida sucessão de modo a "empurrarem" as partículas até que elas atingiam velocidades tremendas. Na aceleração máxima, as partículas circulavam pelo tubo a mais de duzentos e noventa mil quilómetros por segundo.
   - Mas isso é quase a velocidade da luz! - exclamara um dos professores.
   - Pois é - dissera Brownell. Explicara então que acelerando duas partículas em direcções opostas e fazendo-as colidir, os cientistas conseguiam decompô-las nas suas partes constituintes e ter um vislumbre dos componentes fundamentais da natureza.
   - Os aceleradores de partículas - concluíra Brownell - são essenciais para o futuro da ciência. A colisão de partículas é a chave para a compreensão dos elementos com que foi construído o Universo. (...)

   -  O CERN tem então um acelerador de partículas?, pensava Langdon enquanto o elevador continuava a descer. Um tubo circular para esmagar partículas. (...)
     - O tal acelerador de partículas, fica algures neste túnel? - perguntou Langdon, em voz baixa. (...)
     - Aí o tem.
     Langdon olhou para o tubo, confuso.
     - Aquilo é o acelerador? - O artefacto não se parecia nada com o que imaginara. Com cerca de noventa centímetros de diâmetro, corria em linha recta, horizontalmente, a todo o comprimento visível do túnel, antes de desaparecer na escuridão."

in Dan Brown ([2000] 2005: 72-74) - Anjos e Demónios
cap. XV, 2ª ed., Lisboa, Bertrand Editora
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   Uma possibilidade à espera de confirmação. Cinquenta anos passaram desde a formulação da hipótese e a criação de condições para a constatação da possibilidade. É interessante o cenário, a descoberta, particularmente nos tempos em que se quer tudo tão imediato.

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