quinta-feira, 26 de julho de 2012

Tudo uma questão de... trevos

    Nas arrumações do escritório, cruzei-me com uns trevos!

  Podia tê-los colocado ao lixo, mas serviram para um arranjo "artístico" - quanto mais não seja, pela reutilização feita, houve já razão para não ter dado o fim inicialmente destinado.
   Da inspiração prosseguiu-se para a criação - não sei de que tipo (poética? versificatória? livre? lúdica?).
   Do "Trifolium" pouco há a dizer, quando, comummente, respeita o nome que tem. Um trevo é planta de três folhas e, na banalidade que representa, não traz novidade. Só a certeza do que o tempo dá: o que foi tornou-se diferente, sem futuro.
   São três folhas encontradas no meio de outras tantas que compunham uma agenda com algumas notas esparsas, não no tempo das situações nem no da escrita. As agendas têm destes mistérios: a destempo, tornam-se meras folhas, funcionais apenas por servirem para registar o que a memória possa trair, no esquecimento das horas ou até dos dias que nelas não figuram.
   Tivessem estes trevos quatro folhas e a "sorte" seria outra. Talvez já não estivessem comigo, na ânsia de cumprir a realização dos desejos a que são votados. Estariam na mão de três outras pessoas, numa cadeia ou numa rede que partilhasse as energias necessárias à concretização de sonhos - quanto mais não fosse à da comunhão entre elas.
   Tivessem estes trevos quatro folhas e possivelmente eles tenderiam algo mais para uma sorte (não fosse a falta de 'v' e daria um belo anagrama de 'trevos'!), o que daria à produção escrita uma outra qualidade.

  Talvez, um dia, a sorte se cruze comigo e a criação seja digna de "artista".

2 comentários:

  1. Bom dia, Sr. Poeta que arrumou o escritório!

    Mas que trevos tão murchitos tu encontraste!
    Pois, não fosse o V (que em numeração romana é cinco, precisamente o número de letras da palavra sorte) e teríamos anagrama de SORTE. E que fosse boa!

    Espero que a nostalgia já te tenha passado e que, finalmente, tenhas comprado as tais tintas, que poderão dar outras cores aos teus dias!

    E assim, pintando e "biciclando", podes ir conquistando o verão!
    bjinhos e continuação de boas férias!
    Za

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    1. Olá.
      Mais arrumador que poeta.
      Os trevos e a vida andam murchos e com o que lhes é comum: simples, banais e desinteressantes. Nem a nostalgia nem a infelicidade passam;a sorte foi-se.
      Resta iludir-me nos dias. Já não arrumo o escritório. Pinto-o, mais o hall, para não dar espaço ao pensamento. Não interessa a cor.
      Quanto ao verão, passa, tal como o outono, o inverno e a primavera, sem conquistas... caem, simplesmente,como areia em ampulheta.
      Continuação de boas férias também para ti.
      Bj

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