Na procura de materiais que se cruzam com a educação literária.
Abordar Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, em excertos e na escolha de capítulos avulsos é do pior que um programa de ensino possa propor. Ainda assim, permite uma liberdade (relativa) de ação, confinada apenas por uma gestão que se impõe na articulação / planificação de outros conteúdos.
A noção da globalidade da intriga desta narrativa passional romântica pode ser conseguida através do visionamento de uma versão fílmica, entre as várias que a obra em particular já inspirou - a de 1943, de António Lopes Ribeiro, a preto e branco, ainda consegue provocar alguns (sor)risos à juventude. Depois virão os propósitos da escrita e do estilo, bem como o foco de análise no registo epistolográfico (citado e marcadamente deítico, nas condições do ato de escrita) que tão relevante se torna para a comunicação dos amantes.
Foi precisamente na busca de uma dessas versões que me cruzei com um pequeno registo de cinema mudo. Não resisti a estes cerca de dois minutos e meio! Os efeitos expressivos, no mínimo, tornam o drama camiliano numa encenação cómica:
Excerto do programa "Os Anos de Ouro do Cinema Português"
RTP2
É verdade que o dramalhão romântico se ajusta a alguma comicidade para os espíritos leitores mais contemporâneos. Pode mesmo dizer-se que esta versão cinematográfica atinge o pleno, com a representação das personagens entre o fantasmagórico e o draconiano.
Imagino o que seria a totalidade desta película.
"Adeus! Amor de Perdição. Até à eternidade!"
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