Pode lá ser?! No absurdo, a morte transforma-se na maior comédia.
A vivência dolorosa de quem vê partir os seus nunca é desejada, por mais preparado que se esteja para tal. Outros dizem que falar dela, da morte, é bom sinal e que até a afasta do nosso circuito (quanto mais não seja por sermos nós a falar dela) - como diz o provérbio "Morte anunciada, vida acrescentada". Certo, certo é o facto de que "A morte não escolhe idades" ou o de que "A certeza da vida é a morte" (a dita inexorabilidade da morte, tão à Ricardo Reis).
Televisiva ou criticamente, há um tratamento do tema no mínimo inusitado. Basta ler as mais recentes legendas ou notas de rodapé associadas a dois canais da nossa praça:
Correio da Manhã TV - em versão de filme de terror?
Se em dois mortos morrem oitocentas pessoas,
quantas mortes serão necessárias para dizimar a população nacional?
(Verdadeiro problema matemático!)
(Verdadeiro problema matemático!)
Chega-se ao absurdo, de tão ridículo, ou ao riso, por tamanha tradução do uso humorístico ou indevido da língua. Mais na segunda imagem, diga-se; na primeira, há sempre a manipulação do que foi difundido, numa brincadeira de quem corta a legenda emitida ("Dois mortos em fuga de gás") e quer fazer passar o registo do ridículo face ao noticiado (que, não raras vezes, se põe a jeito para tal).
Não sendo filme de terror (com a fuga dos mortos), por um lado, nem proporcionalidade ou raciocínio matemáticos (duas mortes para oitocentas pessoas vai ser a crise para armadores e serviços fúnebres), por outro, há registos jornalísticos que são ou podem revelar-se um autêntico susto (de morte) - ou, então, uma comédia sem fim.
Caso para dizer que, em ambos os casos, é de 'morrer a rir' (salvo seja!).
Caso para dizer que, em ambos os casos, é de 'morrer a rir' (salvo seja!).
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