segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Novas abordagens para velhos mitos

      Um filme que se vê...
   
      Este é o balanço do visionamento de 2012, sempre com a noção de que se trata de um "dejá vu".

  Trailer do filme de Roland Emmerich (2009)

     Para quem já viu 'The Day After', 'The Day After Tomorrow', 'The Independence Day' e outros do género, '2012' pouco traz de novo. É o regresso do mito do fim do mundo, ficcionalmente tomado por alguma esperança na humanidade (pena que esta seja vista sempre após um período de crise e de catástrofe).
     Registo, contudo, algumas notas:
. o ressurgir de um mito fértil na ficção dos tempos, desta feita sob a égide da leitura, da profecia, das premonições que a civilização Maia deixou à Humanidade;
. a retoma de motivos bíblicos (desta feita com a Arca de Noé, símbolo da preservação das espécies, e os tempos recuperados do dilúvio, no Velho Testamento), como sinal do renascer dos tempos ou marca romântica do eterno retorno;
. a recuperação do tópico de África como o continente-berço da humanidade (num renascimento da Humanidade e numa releitura 'up-to-date' do que seja o 'Cabo da Boa Esperança');
. a numeralogia a fazer das suas (21-12-2012), num jogo entre "Saltimbanco" (I), símbolo da origem das coisas e de um valor solar, e "Papisa" (II), símbolo do crescimento e do indefinido que se repete a partir da unidade; sem esquecer "A Imperatriz" (III), símbolo do sentido de comando e de acção numa iluminação benéfica ao espírito pela possibilidade de ensinamento (a força mental à disposição do ser), nem "O Papa" (V), poder espiritual e força de acção sobre o plano material (graças ao qual o poder material, físico se redime, salva, redefine);
. a glorificação dos tempos de esperança, de que este século de Obama parece ser sintoma, tanto na ufania do Nobel da Paz deste ano como na messianização ou no toque de esperança em que o primeiro presidente negro dos EUA tem vindo a ser envolvido... ou se tem vindo a envolver (basta ver quem são os bons da fita).

      Sem a espectacularidade ou a novidade dos antecessores no género, com algum registo de cómico nas situações visionadas no seio da catástrofe, este é mais um filme para encher algumas salas de cinema.

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