quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A star was born...

      Em 1845: dia para uma estrela das letras portuguesas.


Caricatura em aquarela de Eça de Queirós (Lézio Júnior)

      Começa essa época que viria a marcar-se pela agitação intelectual e teria em Eça um dos seus mais significativos espíritos revolucionários. Folhetinista, romancista, "prosador bárbaro", jornalista, advogado e diplomata, é a escrita que hoje ainda lhe dá renome, num sentido de actualidade inquestionável.
        Em A Cidade e as Serras, editado em 1901 (postumamente, e após um ensaio feito com o conto "Civilização", datado de 1892), há profecias para um tempo e um homem muito actual, prenunciado num Zé Fernandes que admira a mesa de toilette de um Jacinto:

"As escovas, sobretudo, renovavam, cada dia, o meu regalo e o meu espanto - porque as havia largas como a roda maciça dum carro sabino; estreitas e mais recurvas que o alfange de um mouro; côncavas, em forma de telha aldeã; pontiagudas, em feitio de folha de hera; rijas que nem cerdas de javali; macias que nem penugem de rola! (...) E assim (...) permanecia este Príncipe [Jacinto] passando pêlos sobre o seu pêlo durante catorze minutos".

     Caso para dizer: o requinte de um autêntico metrossexual dos finais do século XIX (a avaliar pelo período de criação), ou de um "Vencido da Vida" à la Eça. Ora essa!

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