sábado, 14 de novembro de 2009

Um livro... muitos (re)encontros

       Uma tarde feita de histórias, de memórias e de (re)encontros...

       Assim foi, na Biblioteca Pública de Gondomar, a apresentação do livro da Maria Clara Miguel: Isaurinha ou Zazá, para os amigos.
    Uma sala cheia para ouvir a apresentação da Dulce Raquel, entre a musicalidade de um texto a rimar e a singeleza de uma canção a dar vontade de cantar - ingredientes para um clima de afectos que a Dolores Garrido muito bem soube ler nas histórias que configuram "viagens-pontes para uma solidariedade universal" (contracapa).
      Eis o que se pode ler nas Histórias para Lermos Juntos: convite à leitura dos sinais de um mundo de ficção, possível e real, porque feito da existência de todos os que se cruzaram com uma autora que é 'Maria', que gostaria de ter o nome 'Clara' e que vê em Torga um poeta de eleição... ainda por cima com o nome Miguel (de uma sonoridade feliz, tal como tantos outros nomes terminados com a letra '-l').

     Muitos foram os que se reviram nas palavras da autora; tantas as situações e as pessoas revis(i)ta(da)s pelas experiências que a vida deu e (nos) juntou... e lá esteve sempre a Isaura a captá-las, transformando-as, como Maria Clara Miguel, num mundo de encantar, com muita cor - tipo aquarela.


AQUARELA
Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis rectas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva norte e sul
Vou com ela viajando o Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco à vela branco navegando é tanto céu e mar num beijo azul.

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
E se a gente quiser... Ele vai pousar.

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia em fim
Descolorirá....
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo ... (que descolorirá)
E com cinco ou seis retas é facil fazer um castelo ... (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá).

      Com tardes destas, dá para ignorar algumas das agruras, das noites desta vida. E, assim, a Isaura nos convence de que os sorrisos são o sol; um sinal do sonho, do mundo das crianças que, por vezes, esquecemos (ou alguém procura fazer esquecer) que ainda existe em nós. Por isso, um grande obrigado para ela e para todos os que a ajudaram a criar.

5 comentários:

  1. Vítor, que bom registares momentos de ontem, sábado (com amigos, colegas de profissão, alunos... livros, boas palavras, desenhos, flores, música, um cesto e uma caixa - onde cabem contos - de chocolates...), em que a Isaura deu à luz o seu primeiro livro!
    Terá sido por isto que o sábado ficou mais claro do que se anunciava?!
    A Isaura diz muitas vezes que nada acontece por acaso! E ela costuma ter razão. Para além de coração, é claro.
    Abraço
    Dolores

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  2. Foi seguramente um sábado melhor, por termos estado juntos no meio de todos aqueles que apreciam o valor dos afectos.
    Por acaso ou não, a nossa Isaura tem o dom de nos fazer ver que "melhor é possível", mesmo que a vida nos marque com adversidades. Esperemos que, como tu também o escreves (e tão bem!), este seja o primeiro de outros momentos em que a nossa amiga, ontem rebaptizada "Maria Clara Miguel", dê largas a "dois nomes para um rio que, sereno e luminoso, começa a correr..." (lindo!). Continuaremos, assim, a ter motivos para o "Grupo dos 11" se rever, sempre aberto a muitos outros 11 que se queiram juntar. Por falar nisto, um dos 11 também escreveu sobre o momento: http://terrear.blogspot.com/2009/11/ler-historias-juntos.html
    É o espírito e a prova de que estamos a precisar muito de momentos destes, para compensar o que não está bem e fazer acreditar que vale a pena remar contra a maré. Por ora, basta-nos a nossa "ria", que, na noite, deixa reflectir muitos pontos de luz que nela correm.
    Bom domingo e um beijo dos vizinhos de cima.
    VO

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  3. Oh, Vítor!

    Tu desculpa-me só agora poder agradecer-te. Estive com a Net, hoje de manhã, meia esquisita: de repente, ficava sem rede (deve ter sido do temporal) e, de tarde, não estive em casa.

    Como diria o outro: "Mas, o que é isto?!" e outro ainda diria: "Não havia necessidade!" -assim, com uma certa pronúncia...

    Realmente, vejo-me forçada a citar o Manuel Maria, dizendo-te "Não sei que diga!"
    Vocês mimam-me de mais!

    Foi, sem dúvida, um Sábado especial para mim, quer pelo livrinho, quer pelo facto de tantos nos termos juntado só para falar de coisas bonitas: de afectos, de crianças, de sonhos... (e de TLEBS também). E a mim pareceu-me que estavam todos serenos e bem dispostos. E esses estados de espírito, nos tempos que correm, são fundamentais!

    Sou uma mulher com muita sorte, porque tenho muitos e bons amigos. Mas, isso, aqui entre nós que ninguém nos lê,isso já eu sabia há muito tempo!

    Um beijinho e um grande abraço
    Isaura. Agora, também Maria Clara Miguel

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  4. Onze
    A simbologia do número onze, como acontece com qualquer símbolo, varia de cultura para cultura, apresentando, por isso, conotações positivas e negativas.

    “De uma forma geral, este número é o da iniciativa individual, mas exercendo-se sem relações com a harmonia cósmica, por conseguinte, um carácter antes de mais desfavorável. Este seu aspecto é confirmado pelo processo da adição teosófica que, ao fazer a soma dos dois números que o compõem, dá como resultado 2, isto é, o número nefasto da luta e da oposição. Onze seria, então, o símbolo da luta interior, da dissonância, da rebelião, do desvario... da transgressão da lei... do pecado humano... da revolta dos anjos (ALLN, 321-322).
    O número onze, que parece mesmo uma chave da Divina Comédia, extrai também o seu simbolismo da conjunção dos números 5 e 6, que são o microcosmos e o macrocosmos, ou o Céu e a Terra. O onze é o número pelo qual se constitui na sua totalidade (tch'eng) a via do Céu e a via da Terra. É o número do Tao” (caminho, via). In Jean Chevalier / Alain Gheerbrant, Dicionário dos Símbolos.

    Se “a Isaura diz muitas vezes que nada acontece por acaso” e “costuma ter razão”, então estará explicada a “coincidência” de o “Grupo dos 11” ser dos “onze”. Revejo-me em muita da sua simbologia e a Isaura, que, agora, também é Miguel por homenagem ao poeta do Orfeu Rebelde, também não se excluirá.
    Na esteira deste bonito e generoso parto proporcionado pela Isaura / Maria Clara Miguel, proponho que se retomem as tertúlias do Grupo dos 11, no dia 11 de cada mês ou, se for considerado mais favorável, na primeira sexta-feira a seguir ao dia 11.
    11 de dezembro é numa sexta-feira. À consideração dos restantes elementos do Grupo dos 11.
    Manuel Maria

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  5. Bem... estou a gostar desta numerologia, particularmente pela proposta final. Vamos nessa.
    Obrigado e um forte abraço.
    VO

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