É mesmo da obra de Homero, aquilo de que aqui se trata.
Caterina Murino, representando a personagem Penélope (rainha de Ítaca)
De novo o bom exemplo da RTP2, ao exibir uma série realizada por Stéphane Giusti e que merece a atenção do espectador, por várias razões: da obra aos atores que a dão a conhecer.
Domingo passado foi emitido o primeiro episódio de "Odysseus", história que remonta ao século VIII a. C. e que tem no título o próprio protagonista (Odisseu ou Ulisses, como era conhecido na mitologia romana) de uma das grandes epopeias na cultura da humanidade. A obra atribuída ao escritor grego Homero é abordada nesta série, numa coprodução da RTP com uma produtora de origem francesa e uma outra italiana. Gravada na íntegra em Portugal (Serra da Arrábida), a adaptação do texto homérico conta com a participação de mais de sessenta atores nacionais (entre os quais Diogo Dória, Luís Gaspar, Nuno Lopes, entre outros).
A cena inicial do príncipe Telémaco na praia de Ítaca à espera da comida que escasseia, da promessa que não se cumpre, daquele que não chega - há cerca de dez anos - é o ponto de partida para a representação de uma intriga escrita originalmente sob a forma de poema e que dá conta do regresso de um herói (lê-se na proposição que é a história do “herói de mil estratagemas que tanto vagueou, depois de ter destruído a cidadela sagrada de Troia, que viu cidades e conheceu costumes de muitos homens e que no mar padeceu mil tormentos, quanto lutava pela vida e pelo regresso dos seus companheiros”).
Fotograma a partir da exibição televisiva da série, na RTP2
A situação de Penélope e Telémaco em Ítaca é crítica, na presunção da morte de Ulisses, sendo aqueles obrigados a lidar com um grupo de pretendentes insidiosos - os Mnesteres ou Proci -, em contínua competição pela mão de Penélope. Resta a esta última retardar os ímpetos dos que a rodeiam com sede de poder, sob o estratagema de tecer a mortalha de Laertes (pai de Ulisses) - que formula o desejo de se juntar ao filho, assim que souber da sua morte.
Por mais certo que seja o princípio de que não se deve ajuizar as obras pelos filmes ou séries que nelas se baseiam, não deixa esta série televisiva de constituir uma boa aproximação a uma referência cultural de que alguns ainda falam / ouvem falar a propósito de outros textos.
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