Porque nem sempre o que se diz é o imediatamente entendido.
Aquele momento em que o enfermeiro pergunta quando aconteceu a última refeição e, com a minha resposta, ele põe aquele ar de quem começa a fazer contas.
O momento do diálogo aconteceu cerca das 9 horas da manhã. Respondi que tinha bebido o último copo de água à hora e meia da manhã. O olhar e o ato de registo parados eram a razão do cálculo a processar-se: "Ora... seis, sete horas, certo? Foi quando bebeu."
Nego, mas insisto: "À hora e meia, mesmo. A partir daí não ingeri mais nada".
Veio, então, o "Ah! Ótimo. Foi à hora e meia do relógio".
Confirmei. Agora, sim, o tempo certo! Não tinha bebido água há hora e meia, mas sim à hora e meia.
Entre a expressão de duração / intervalo de tempo e a da hora precisa do relógio, a diferença é substancial. Que o digam o enfermeiro e a anestesista, mais o paciente; na oralidade, a distinção não se faz.
Valha a ortografia para marcar diferenças semânticas e sentidos pragmáticos que viabilizem uma intervenção cirúrgica. Um dia para a história (não da linguística, mas da pessoa operada).
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