sábado, 16 de janeiro de 2021

O poder da polissemia e da argumentação

       Nunca a polissemia foi tão argumentativa na mensagem institucional.

       Em tempos com números tão assustadores (nos infetados e nas mortes), há palavras que marcam a sua polissemia, na conjugação com a força impactante da imagem:

A disjunção (ou) não pode ser escolha - tem de ser apelo à vida.

     Proveniente do latim (patiens, -entis), o termo 'paciente' admite realização tanto nominal como adjetival. Seja para significar o que se conforma ou resigna, o que tem paciência, o que tranquila e serenamente aguarda, o que persiste, seja para designar o que padece ou se submete a tratamento médico, bom seria que não significasse aquele que vai sofrer a (pena de) morte.
       Há na publicação institucional uma disjunção ('ou') que não pode dar lugar a escolha ou hipótese. Argumentativamente só pode resultar no convencimento, na persuasão, no apelo à vida.

      Por ora,  a realidade é dura. Fica a esperança de que os tempos venham a ser outros, mais tranquilos, mais serenos, sem a doença nem a morte. A impaciência e o receio andam por aí, mas o valor da vida tem de prevalecer. Fique(m) em casa.

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