sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Rubricas de (avaliação para) aprendizagem : domínio da oralidade (produção oral formal)

       Fica a sugestão de um trabalho para a avaliação da oralidade (produção oral).

     Vem este apontamento a propósito da preparação de uma atividade de oralidade (produção oral formal), na disciplina de Português (nível secundário), planificada segundo a matriz de uma rubrica de aprendizagem. Contempla esta última: (i) indicação da tarefa; (ii) condições de operacionalização; (iii) critérios de sucesso a considerar; (iv) associação dos critérios a descritores e níveis de desempenho; (v) práticas de auto e heteroavaliação. 
      Perante o propósito de levar uma turma de 12º ano a produzir um discurso autónomo, completo, planificado e estruturado para um público (ainda que familiar), orienta-se a tarefa para um projeto de trabalho assente em pensamentos do semi-heterónimo pessoano e, na base do Livro do Desassossego, na formulação de um posicionamento concordante ou discordante sobre um pensamento / uma frase de Bernardo Soares. Em vez de se indicar mais um livro, para além das obras já propostas no programa, propõe-se que cada aluno se posicione face a um pensamento selecionado, relacionando-o com a vida, a leitura, a arte, os conhecimentos do mundo, entre outros. 
     Ainda que no cruzamento de vários domínios (nomeadamente, a leitura e educação literária e, eventualmente, a escrita), sai destacado o da oralidade, cujo processo de recolha de informação estará centrado na própria produção oral (a ser observada por professores e alunos).

     Planificação de uma rubrica de avaliação para aprendizagem na oralidade

     Explicitada a tarefa (pela sua instrução), os passos e as condições da sua operacionalização, encaminha-se a turma para a definição dos critérios específicos da atividade, enquadrados pelos que dizem respeito às Aprendizagens Essenciais do Perfil à Saída da Escolaridade Obrigatória (PASEO).

Critérios e níveis de desempenho associados ao domínio da oralidade (formal), 
a partir das Aprendizagens Essenciais do PASEO

       Dado estarem já considerados níveis globais de desempenho (N1 a N4), segundo decisão do agrupamento escolar, aplicam-se estes últimos aos critérios específicos associados à tarefa, configurados em descritores que permitem ora preparar desempenhos mediante o explicitado (no âmbito das expectativas) ora proceder à avaliação do processo segundo esses mesmos (no âmbito da consecução), sem fechar um cenário de negociação / reformulação de algum aspeto, à medida que a atividade decorre.

Critérios específicos para a rubrica construída 
(com descritores e níveis de desempenho)

     Planificada e estabilizada a rubrica (instrução, procedimentos no processo, critérios e níveis de desempenho), podem os alunos orientar-se progressivamente na concretização das etapas que conduzirão à produção / expressão oral frente à turma.
      Na consciência e na transparência da avaliação a fazer, podem os discentes, a todo o momento, ser confrontados com o caminho feito e o planificado, mais os critérios considerados. Com ou sem ajustamento destes últimos, a mensagem de que a produção oral será avaliada em função deles é sempre a oportunidade de exemplificar o que deve ou não fazer-se nesse momento. Será também a ocasião para a negociação de alguma reformulação e, mesmo, a preparação do que virá a ser a auto e heteroavaliação, funda(menta)da nos critérios / descritores / níveis de desempenho definidos.
      A rubrica aqui desenhada tende, naturalmente, para uma conceção de avaliação pedagógica orientada para a aprendizagem, pelo que ela tem de explicitação da tarefa e do que esta implica, em termos de conhecimentos, procedimentos e atitudes / valores previstos ou planificados. A etapa final, na súmula do processo levado a cabo e do produto apresentado, constituirá um momento de registo mais focado em indicadores precisos, dados decorrentes dos critérios, a que não escapa também a consideração de atitudes e valores - desde logo os que decorrem do cumprimento ou não da tarefa (com os passos intermédios e/ou finais); da atenção e da persistência no tratamento informativo; da adequação ou não do discurso; da disponibilidade e da colaboração para com o auditório; da autonomia maior ou menor face ao processo produzido e/ou face a outros suportes; do respeito pelo tempo destinado ao trabalho e/ou pelo auditório para o qual se discursa. A integração é natural na avaliação pedagógica, em suma.

       E sublinho o sentido da palavra 'avaliação'. Quanto à classificação final, o assunto é já outro - mais focado no produto, nos indicadores colhidos no momento da execução / produção oral, numa quantificação, nota que não deverá deixar de contemplar as diferentes etapas associadas à tarefa.

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