Depois da festividade do Halloween, veio o susto.
Tremeu a terra, pela madrugada, num sismo registado na região norte e centro com a magnitude 5.2 na escala de Richter. O epicentro localizado no mar, a cerca de 480 quilómetros a oeste de Peniche, não trouxe danos pessoais nem materiais, ainda que sentido entre Braga e Lisboa.
Há cerca de 250 anos (mais precisamente 253), a catástrofe era maior, com efeitos mais localizados na capital do reino e seus arredores. Vivia-se o reinado de D. José I e a oportunidade de ascensão política de Sebastião José de Carvalho e Melo (mais conhecido por Marquês de Pombal). O Terramoto de 1755 foi tragédia nacional com reflexos internacionais.
Assim o diz a Literatura, particularmente em Cândido, ou o Optimismo (1759), narrativa filosófica de Voltaire, na qual se reflete e critica o axioma «Tudo está bem no melhor dos mundos possíveis» (de Leibniz), com a irónica refutação evidenciada com as terríveis lições infligidas aos protagonistas - o precetor Pangloss e o seu discípulo Cândido.
Uma dessas lições prende-se com as vivências do terramoto, que relativizam o otimismo excessivo de Cândido, ao chegar a Lisboa no preciso dia da tragédia. A morte de Pangloss num auto de fé, por ação inquisitorial, é lição demasiado pesada para tanto "bem no melhor dos mundos", sejam estes possíveis (fictivos) sejam estes reais (factuais).
Uma dessas lições prende-se com as vivências do terramoto, que relativizam o otimismo excessivo de Cândido, ao chegar a Lisboa no preciso dia da tragédia. A morte de Pangloss num auto de fé, por ação inquisitorial, é lição demasiado pesada para tanto "bem no melhor dos mundos", sejam estes possíveis (fictivos) sejam estes reais (factuais).
Ora, em tempos de alguma preocupação (também com sinais sísmicos que não pacificam ninguém na atualidade), a história repete-se em dia que parece fatídico, ainda que em escala bem menor face ao que sabemos de outros séculos.
Sem o otimismo inicial de Cândido - sou mais pela relativização do bem (por forma a não o perder por completo, na ilusão de que não existe mal nenhum) -, vou ficar-me pelo preceito final da obra: "devemos plantar o nosso jardim".
Aproveitar alguma coisa do feriado é o desejável (já que não pode ser tudo). Não será jardim; antes um canteirozinho.
Aproveitar alguma coisa do feriado é o desejável (já que não pode ser tudo). Não será jardim; antes um canteirozinho.
Repete-se a história, sim, mas com narrativa e efeitos bem distintos, para um dia de má memória.
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