quinta-feira, 23 de junho de 2016

Um poema para a "Noite de S. João"

     Na passagem da noite para o dia, a festa anuncia-se. É "Noite de S. João".

    Festa para alguns, uma noite igual às restantes para outros, um encontro com os versos do poeta para mim.
     Caeiro assim viu a festividade hoje celebrada:

      Noite de S. João

Noite de S. João para além do muro do meu quintal.
Do lado de cá, eu sem noite de S. João.
Porque há S. João onde o festejam.
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite,
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos.
E um grito casual de quem não sabe que eu existo.


Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos

Cópia de festa junina, quadro do artista plástico Assis Costa
    Há noite de S. João para lá da minha varanda, unindo pessoas de classes muito diferenciadas. Do lado de cá, há umas sardinhas que fazem lembrar uma noite diferente, porque não como sardinhas em todas elas. Não salto a fogueira, não levo com os martelinhos nem o alho-porro, não afago o manjerico para cheirar a palma da mão. Vejo a noite iluminada, um ou outro balão afogueado no ar e o barulho das pessoas excitadas com a festa, para lá da minha varanda.

    Amanhã é dia de S. João. Feriado no distrito do Porto. Antes assim.

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